Maus-tratos a mulheres na rua podem sair baratos no Marrocos
Quando não ficam impunes, os agressores recebem penas ínfimas: no Tânger, um homem de 27 anos foi condenado a um ano de prisão por chutar sua esposa na rua
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2016 às 08h21.
Tânger (Marrocos) - O surgimento de vários vídeos nas redes sociais de homens batendo e chutando mulheres na rua e em plena luz do dia e perante a indiferença dos transeuntes, chamou a atenção para um problema endêmico no Marrocos : o maus-tratos machista que quase sempre ficam impunes.
Quando não ficam impunes, os agressores recebem penas ínfimas: no Tânger, um homem de 27 anos acaba de ser condenado a um ano de prisão por chutar sua esposa na rua, segundo relatou à Agência Efe a advogada de defesa da mulher, Mayida Bakali.
Aos 22 anos e separada do marido, ela já tinha recebido várias surras por pedir a pensão alimentícia da filha do casal, mas nunca tinha denunciado o ex-marido, até que foi convencida pela "Fondation Alkarama".
A representação da Alkarama no Tânger comemorou essa pequena vitória, mas ressaltou que se trata de um caso raro.
"A situação econômica é precária, a pressão familiar é grande e a repercussão que o fato pode ter faz com que nós, como associação, estejamos acostumados a ver as vítimas retirarem as queixas e os fatos ficarem sem punição", informou a organização.
A advogada da mulher já recorreu à sentença por considerá-la não proporcional à gravidade do crime, mas reconheceu a diligência mostrada nesta ocasião pelos tribunais para julgar e condenar o agressor.
Talvez tenha sido por conta da repercussão criada pela divulgação nas redes sociais do vídeo da agressão gravado com um celular.
Nele a mulher caída no chão, grita enquanto o homem a chuta e algumas testemunhas tentam timidamente contê-lo, embora a maioria passe e desvie o olhar.
O vídeo é parecido com outros que circulam na internet, sempre com o mesmo roteiro: um homem que xinga e bate, uma mulher que cai e tenta se proteger e os pedestres que passam indiferentes ao lado.
Pode ser inclusive pior, como o caso do vídeo gravado em um mercado ( http://bit.ly/21NsOL3 ) no qual os espectadores riem enquanto um comerciante bate e chuta uma mulher, que cai no chão entre os caixotes de fruta.
O efeito multiplicador das redes sociais pôs de novo em evidência a impunidade com que um homem pode agredir uma mulher na frente de todo o mundo, mas sobre os maus-tratos dentro de casa quase não se fala.
Em um recente relatório da Human Rights Watch são expostos sangrentos depoimentos de várias vítimas de agressões de maridos e que encontram muito pouca compreensão da polícia quando decidem denunciar o ocorrido.
Frequentemente, a polícia recomenda a elas "voltar para casa", ou as envia à Promotoria; o fiscal, por sua vez, as dirige de volta à polícia, e a vítima fica em um vai e vem no qual fica claro que ninguém quer resolver a questão.
Um dos poucos estudos oficiais sobre a violência de gênero no Marrocos, realizado em 2009 pela Alta Comissão de Planejamento (organismo estatístico), revelou que 55% das entrevistadas tinham sofrido violência doméstica, seja física, psicológica ou econômica, e a elas se acrescenta outros 13% que sofreu violência familiar.
Tânger (Marrocos) - O surgimento de vários vídeos nas redes sociais de homens batendo e chutando mulheres na rua e em plena luz do dia e perante a indiferença dos transeuntes, chamou a atenção para um problema endêmico no Marrocos : o maus-tratos machista que quase sempre ficam impunes.
Quando não ficam impunes, os agressores recebem penas ínfimas: no Tânger, um homem de 27 anos acaba de ser condenado a um ano de prisão por chutar sua esposa na rua, segundo relatou à Agência Efe a advogada de defesa da mulher, Mayida Bakali.
Aos 22 anos e separada do marido, ela já tinha recebido várias surras por pedir a pensão alimentícia da filha do casal, mas nunca tinha denunciado o ex-marido, até que foi convencida pela "Fondation Alkarama".
A representação da Alkarama no Tânger comemorou essa pequena vitória, mas ressaltou que se trata de um caso raro.
"A situação econômica é precária, a pressão familiar é grande e a repercussão que o fato pode ter faz com que nós, como associação, estejamos acostumados a ver as vítimas retirarem as queixas e os fatos ficarem sem punição", informou a organização.
A advogada da mulher já recorreu à sentença por considerá-la não proporcional à gravidade do crime, mas reconheceu a diligência mostrada nesta ocasião pelos tribunais para julgar e condenar o agressor.
Talvez tenha sido por conta da repercussão criada pela divulgação nas redes sociais do vídeo da agressão gravado com um celular.
Nele a mulher caída no chão, grita enquanto o homem a chuta e algumas testemunhas tentam timidamente contê-lo, embora a maioria passe e desvie o olhar.
O vídeo é parecido com outros que circulam na internet, sempre com o mesmo roteiro: um homem que xinga e bate, uma mulher que cai e tenta se proteger e os pedestres que passam indiferentes ao lado.
Pode ser inclusive pior, como o caso do vídeo gravado em um mercado ( http://bit.ly/21NsOL3 ) no qual os espectadores riem enquanto um comerciante bate e chuta uma mulher, que cai no chão entre os caixotes de fruta.
O efeito multiplicador das redes sociais pôs de novo em evidência a impunidade com que um homem pode agredir uma mulher na frente de todo o mundo, mas sobre os maus-tratos dentro de casa quase não se fala.
Em um recente relatório da Human Rights Watch são expostos sangrentos depoimentos de várias vítimas de agressões de maridos e que encontram muito pouca compreensão da polícia quando decidem denunciar o ocorrido.
Frequentemente, a polícia recomenda a elas "voltar para casa", ou as envia à Promotoria; o fiscal, por sua vez, as dirige de volta à polícia, e a vítima fica em um vai e vem no qual fica claro que ninguém quer resolver a questão.
Um dos poucos estudos oficiais sobre a violência de gênero no Marrocos, realizado em 2009 pela Alta Comissão de Planejamento (organismo estatístico), revelou que 55% das entrevistadas tinham sofrido violência doméstica, seja física, psicológica ou econômica, e a elas se acrescenta outros 13% que sofreu violência familiar.