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Massacre reabre debate sobre doação de sangue por gays

A comunidade não pôde se solidarizar com as vítimas do atentado, que matou 50 e feriu outras 53


	Ataque: a comunidade não pôde se solidarizar com as vítimas do atentado, que matou 50 e feriu outras 53
 (Reprodução)

Ataque: a comunidade não pôde se solidarizar com as vítimas do atentado, que matou 50 e feriu outras 53 (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2016 às 17h30.

Washington - O massacre ocorrido em uma boate gay de Orlando neste fim de semana reabriu o debate nos Estados Unidos sobre homossexuais serem proibidos de doar sangue, norma que impera desde 1983 e que no ano passado se limitou apenas a quem tivesse mantido relações sexuais no último ano.

Após ser noticiado que 53 pessoas que ficaram feridas no tiroteio, além dos 50 mortos (incluindo o agressor), as autoridades de saúde pediram à população que comparecesse aos bancos de doação de sangue.

No entanto, a comunidade que havia sido atacada não podia se solidarizar com as vítimas em igualdade de condições.

Até dezembro do ano passado, a Administração de Alimentos e Remédios dos Estados Unidos (FDA, em inglês), manteve na íntegra a proibição de homossexuais doarem sangue por medo da transmissão do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), no entanto decidiram impor limitações.

Esta proibição entrou em vigor no início da década de 80, devido ao grande número de mortes registradas pela aids e que afetava principalmente homens homossexuais.

Os serviços de saúde americanos detectaram que o vírus se propagava através das doações, já que na época não existiam métodos que pudessem analisar a existência do HIV no sangue extraído, uma justificativa que agora, com os avanços tecnológicos, não se explica.

No entanto, mais de 30 anos depois, as autoridades federais do país consideram que os homens que mantiveram relações sexuais com outro homem no último ano, e as mulheres que tiverem se relacionado sexualmente com um homem que tenha feito sexo com outro, não podem doar.

Após o ocorrido em Orlando, vários veículos de imprensa americanos perguntaram à FDA a respeito da vigência desta norma, sobre a qual fontes da agência responderam que foi avaliada a derrogação completa, mas as conclusões dos estudos médicos contrariaram essa possibilidade.

Segundo a FDA, a suspensão da proibição de doar sangue como existe na atualidade, pode quadruplicar a quantidade de casos de transmissão do HIV através de transfusões de sangue, que a dezembro de 2015 ascendia a 1,47 milhões.

Deste modo, a agência adotou a política de adiamento de 12 meses depois da última relação sexual, similar às de Austrália e Reino Unido, enquanto outros cerca de 50 países contam com algum tipo de restrição.

Com o ocorrido, os defensores de direitos dos homossexuais no Congresso planejam pedir à Casa Branca que ponha fim total à norma, ao considerar que representa um ato claramente discriminatório.

O congressista democrata Mike Quigley, vice-presidente do Caucus de Igualdade para a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) da câmera baixa, anunciou que redigirá uma carta ao diretor da FDA, Robert Califf, com o pedido para derrubar a norma, que considera "antiquada e discriminatória".

Junto a ele, assinarão o pedido as senadoras democratas Elizabeth Warren e Tammy Baldwin, assim como a representante pela Califórnia Barbara Lee. A eles se somaram as organizações defensoras dos direitos dos homossexuais, que ressaltaram a sensação de impotência ao querer ajudar e se deparar com uma proibição do século passado.

O Congresso, de maioria republicana, enfrentará sem dúvidas esta e muitas outras cobranças dos cidadãos e da comunidade homossexual após o massacre em Orlando, que também voltou a colocar em debate o controle de armas após o tiroteio mais mortífero da história dos Estados Unidos.

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