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Marina Silva e Gianetti discutem nova economia em Fórum

“A humanidade está em uma encrenca, num caminho temerário de uso dos recursos naturais e tratamento do meio ambiente”, disse a ex-ministra do Meio Ambiente

A ex-ministra, que é autora do prefácio de Muito Além da Economia Verde, citou o livro de Abramovay como uma referência sobre as questões da nova economia (Renato Araújo/Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2012 às 15h36.

Rio de Janeiro - “Precisamos de uma aeróbica do bem”, sugeriu Marina Silva , ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente. “A humanidade está em uma encrenca, num caminho temerário de uso dos recursos naturais e tratamento do meio ambiente”, alertou o economista e sociólogo Eduardo Gianetti da Fonseca. “Não é só para ser sustentável, mas para ser seres humanos”, indicou o economista e professor britânico, Tim Jackson.

A pauta para esta discussão, que trouxe reflexões filosóficas e práticas, foi A Transição para uma Nova Economia, com o objetivo de discutir novos paradigmas para a vida econômica e, principalmente, o comportamento humano.

O debate, que fez parte da programação do Fórum de Empreendedorismo Social, realizado no espaço Humanidade 2012, no Forte de Copacabana, teve mediação de Ricardo Abramovay, professor de economia na USP que lança, pelo Planeta Sustentável, o livro Muito Além da Economia Verde.

Giannetti explicou o que nos levou à encrenca involuntária de exaurir os recursos naturais do planeta e provocar aumento na temperatura global, que ameaça a sobrevivência da espécie humana: “O que move o consumo é o desejo de ocupar o lugar de honra na mente dos demais. Em nosso mundo moderno, isso levou a uma corrida armamentista do consumo de escala planetária, que não redunda em bem-estar humano e encontra um limite biológico da natureza”, afirmou.

Para ele, a mudança de comportamento necessária para diminuir o consumo passará por incentivos fiscais e um sistema de preços que absorva os impactos ao meio ambiente. Giannetti também defende uma métrica para medir o progresso pela satisfação humana e não pelo acúmulo de riquezas. “Imagine uma comunidade com fácil acesso à água potável que polua suas fontes, engarrafe a água e a distribua para o resto do país. O PIB dessa comunidade sobe”, exemplificou. Neste caso, a pergunta importante é: Crescimento para que?


A partir de sua experiência como ministra no combate ao desmatamento, principalmente, da Amazônia, Marina Silva sugere que governo, empresas e sociedade devam agir juntos. “Estamos vivendo uma crise civilizatória. E a resposta tem que ser dada por todos, ao mesmo tempo e agora. Temos que lidar com o princípio da realidade, que é que os recursos naturais são finitos e que não dá pra continuar acelerando o crescimento sem desacelerar a destruição”, afirmou. Para ela, o aumento da produtividade agrícola, no lugar da expansão territorial, é uma solução essencial.

A ex-ministra, que é autora do prefácio de Muito Além da Economia Verde, citou o livro de Abramovay como uma referência sobre as questões da nova economia – a obra foi distribuída para os convidados do debate. E concluiu: “Não devemos ser otimista nem pessimista, mas persistentes. É a persistência que maneja as coisas dentro de nós. Temos que fazer a aeróbica do bem, para dar revestimento aos músculos do bem”.

O economista Tim Jackson defendeu que a mudança de comportamento dos consumidores não será um processo radical, já que uma vida sem exageros está contida nos valores humanos. “A transição não é uma questão de mudança de valores. Eles já existem e estão no coração das pessoas. Claro que também somos egoístas, isso não devemos negar. Mas a tensão entre essas duas coisas é balanceada pelo ambiente. Devemos entender essa complexidade do coração. Portanto, não é preciso persuadir as pessoas por meio de regulações. Na verdade, trata-se de nos permitir que sejamos humanos”.

Também participaram do debate:

- Brooke Barton, que falou sobre seu trabalho de articulação com empresas dos Estados Unidos, para que reportem seus consumos, gastos e impactos em relação à água, e
- Milton Cáceres, diretor da Escola de Educação e Cultura Indígena, do Equador, que explicou como as culturas indígenas lidam com os deveres humanos e a ética do cuidado.

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Rio de Janeiro - “Precisamos de uma aeróbica do bem”, sugeriu Marina Silva , ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente. “A humanidade está em uma encrenca, num caminho temerário de uso dos recursos naturais e tratamento do meio ambiente”, alertou o economista e sociólogo Eduardo Gianetti da Fonseca. “Não é só para ser sustentável, mas para ser seres humanos”, indicou o economista e professor britânico, Tim Jackson.

A pauta para esta discussão, que trouxe reflexões filosóficas e práticas, foi A Transição para uma Nova Economia, com o objetivo de discutir novos paradigmas para a vida econômica e, principalmente, o comportamento humano.

O debate, que fez parte da programação do Fórum de Empreendedorismo Social, realizado no espaço Humanidade 2012, no Forte de Copacabana, teve mediação de Ricardo Abramovay, professor de economia na USP que lança, pelo Planeta Sustentável, o livro Muito Além da Economia Verde.

Giannetti explicou o que nos levou à encrenca involuntária de exaurir os recursos naturais do planeta e provocar aumento na temperatura global, que ameaça a sobrevivência da espécie humana: “O que move o consumo é o desejo de ocupar o lugar de honra na mente dos demais. Em nosso mundo moderno, isso levou a uma corrida armamentista do consumo de escala planetária, que não redunda em bem-estar humano e encontra um limite biológico da natureza”, afirmou.

Para ele, a mudança de comportamento necessária para diminuir o consumo passará por incentivos fiscais e um sistema de preços que absorva os impactos ao meio ambiente. Giannetti também defende uma métrica para medir o progresso pela satisfação humana e não pelo acúmulo de riquezas. “Imagine uma comunidade com fácil acesso à água potável que polua suas fontes, engarrafe a água e a distribua para o resto do país. O PIB dessa comunidade sobe”, exemplificou. Neste caso, a pergunta importante é: Crescimento para que?


A partir de sua experiência como ministra no combate ao desmatamento, principalmente, da Amazônia, Marina Silva sugere que governo, empresas e sociedade devam agir juntos. “Estamos vivendo uma crise civilizatória. E a resposta tem que ser dada por todos, ao mesmo tempo e agora. Temos que lidar com o princípio da realidade, que é que os recursos naturais são finitos e que não dá pra continuar acelerando o crescimento sem desacelerar a destruição”, afirmou. Para ela, o aumento da produtividade agrícola, no lugar da expansão territorial, é uma solução essencial.

A ex-ministra, que é autora do prefácio de Muito Além da Economia Verde, citou o livro de Abramovay como uma referência sobre as questões da nova economia – a obra foi distribuída para os convidados do debate. E concluiu: “Não devemos ser otimista nem pessimista, mas persistentes. É a persistência que maneja as coisas dentro de nós. Temos que fazer a aeróbica do bem, para dar revestimento aos músculos do bem”.

O economista Tim Jackson defendeu que a mudança de comportamento dos consumidores não será um processo radical, já que uma vida sem exageros está contida nos valores humanos. “A transição não é uma questão de mudança de valores. Eles já existem e estão no coração das pessoas. Claro que também somos egoístas, isso não devemos negar. Mas a tensão entre essas duas coisas é balanceada pelo ambiente. Devemos entender essa complexidade do coração. Portanto, não é preciso persuadir as pessoas por meio de regulações. Na verdade, trata-se de nos permitir que sejamos humanos”.

Também participaram do debate:

- Brooke Barton, que falou sobre seu trabalho de articulação com empresas dos Estados Unidos, para que reportem seus consumos, gastos e impactos em relação à água, e
- Milton Cáceres, diretor da Escola de Educação e Cultura Indígena, do Equador, que explicou como as culturas indígenas lidam com os deveres humanos e a ética do cuidado.

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