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Marina Silva chama documento da Rio+20 de pífio

Entre as críticas, está o fato de que o texto “faz sumir” o compromisso dos desenvolvidos de financiar ações sustentáveis nas nações em desenvolvimento

Marina: “A Carta da Terra é um fundamento que precisa ser levado em conta por quem tem o poder de decidir.'' (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

Marina: “A Carta da Terra é um fundamento que precisa ser levado em conta por quem tem o poder de decidir.'' (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

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Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2012 às 16h22.

Rio de Janeiro - Durante o evento Carta da Terra na Rio+20, que aconteceu nesta terça-feira (19) no Rio de Janeiro, a ex-senadora e ministra do Meio Ambiente Marina Silva deixou claro sua insatisfação com o documento oficial da Conferência da ONU, apresentado nesta madrugada pelo governo brasileiro. “Ele é pífio. Erra quem diz que falta ambição neste documento. Na verdade, há excesso de ambição dos governos por poder e dinheiro. Sobra omissão e falta compromisso no texto”, afirmou, em meio aos aplausos da plateia.

Entre as críticas de Marina ao novo documento, está o fato de que o texto “faz sumir” o compromisso dos desenvolvidos de financiar ações sustentáveis nas nações em desenvolvimento e, ainda, “divaga” sobre a implantação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs). “Do jeito que foi feito, provavelmente essas metas serão detalhadas apenas em 2030 ou 2050”, opinou Marina.

De acordo com a ex-ministra, a postura dos governantes está indo completamente contra ao que a sociedade deseja. “Nos últimos 20 anos, a consciência das pessoas aumentou significativamente em todos os setores. Assistimos hoje, no nosso país, a uma mobilização pelo desenvolvimento sustentável que antes só era gerada pelo carnaval ou futebol. Em resposta, o processo de negociação ignora a opinião pública internacional e exila a ciência do debate? Não faz o menor sentido”, indagou .

Para Marina, a resposta para resolver a crise civilizatória do mundo é uma só: chamar a atenção dos governantes para a riqueza do texto da Carta da Terra e exigir que levem em conta o documento na hora de definir o modelo de desenvolvimento sustentável que querem para o planeta. “A Carta da Terra é um fundamento que precisa ser levado em conta por quem tem o poder de decidir. Ela é a referência para o processo de transformação que precisamos. Não podemos mudar de forma abrupta, afinal temos uma civilização inteira montada em cima de uma fonte fóssil de geração de energia, mas também não podemos ser sequestrados pela inércia”, disse.


Presente no evento, Ricardo Young, diretor do Instituto Democracia e Sustentabilidade e conselheiro do Planeta Sustentável, concordou com Marina: “A Carta da Terra é o único repertório ético que pode nos orientar para a transição para um modo de vida sustentável. Seu texto integra o homem à comunidade da vida, não como predador, mas como grande responsável por ela”, afirmou Young, que completou: “Se os chefes de Estado tivessem aceitado a Carta da Terra como parte da declaração oficial da Rio92, há vinte anos, provavelmente não assistiríamos hoje a mais uma rodada de angústia e desesperança no Rio de Janeiro”.

Marina encerrou sua participação no evento Carta da Terra na Rio+20 pedindo o esforço de todos para que os governantes sejam pressionados a considerar o documento em suas tomadas de decisão durante a Conferência da ONU. “Nas últimas duas décadas, a Carta da Terra alcançou seu destino, ela chegou ao coração de muitas pessoas, promovendo mudanças locais. Agora, ela tem novo endereço: o RioCentro. Esse documento precisa chegar às mãos dos governantes e, sobretudo, da presidente Dilma, anfitriã da Conferência”, disse Marina. Ela finalizou: “Estamos aqui reunidos no Rio de Janeiro para colocar um + no 20. Precisamos de mais compromisso. Mais respeito à vida e ao futuro do planeta”.

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