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Marina quer ser a primeira negra a presidir o país

A candidata verde evitou fazer críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem agradeceu por deixá-la fazer parte do governo

Evangélica, Marina fez questão de ressaltar a defesa do princípio do Estado laico (.)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Brasília – A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, disse hoje (10), em discurso na convenção do partido, que quer ser a primeira mulher negra e de origem pobre eleita presidente do Brasil.

Em um discurso emocionado, Marina lembrou a própria trajetória e defendeu a necessidade de investimento estratégico em educação como forma de distribuir renda no Brasil. Analfabeta até os 17 anos, Marina lembrou que chegou a Rio Branco, capital do Acre, sem saber ler nem escrever.

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"Ainda há erros a serem corrigidos. Eu sei o que é ver pela metade, eu sei o que é ouvir pela matade. Me lembro do que senti ao chegar a Rio Branco com 16 anos e ficar cerca de 15 minutos olhando para o lado para perguntar onde é que eu pegava um ônibus para a Estação Experimental. Havia uma placa lá, mas, para quem é analfabeto, placa e nada é a mesma coisa", disse Marina, em tom emocionado.

"Hoje eu estou aqui, graças a Deus, aos que me ajudaram e à educação", afirmou a candidata. Ela ressaltou que o Brasil ainda tem 18% de jovens analfabetos e que, além disso, 40% das crianças que entram no ensino fundamental não conseguem chegar à 8ª série.

A candidata do PV emocionou-se em vários momentos do discurso. Ao se referir ao pai, de 82 anos, presente à plateia, Marina agradeceu o apoio dele quando a deixou sair de casa, aos 16 anos, para estudar.

Ela contou ter pedido ao pai que a deixasse ir para a cidade porque queria estudar e sonhava ser freira. Segundo Marina, o pai, que trabalhava nos seringais acrianos, respondeu: "Você quer ir agora ou na semana que vem, quando a gente vender a borracha para você levar o dinheiro?" De acordo com Marina, se o pai não tivesse essa visão, ela não teria chegado onde chegou.

Evangélica, Marina fez questão de ressaltar, em seu discurso, a defesa do princípio do Estado laico. "Esse país laico é para que passamos respeitar todos os que têm crença diferente da nossa e os que não têm crença", disse.

A candidata verde evitou fazer críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem agradeceu por deixá-la fazer parte do governo. Ao falar das conquistas do Brasil no último ano, enfatizou que hoje o país não deve esquecer os avanços, mas também não precisa fazer apologia deles, pois tem de avançar mais.

Marina elogiou a política de redução da pobreza do atual governo: "Temos 25 milhões de pessoas que deixaram a linha da pobreza. Não preciso negar: esse é um feito do sindicalista. Não foi preciso fazer o bolo crescer primeiro para depois distribuí-lo. O Lula mostrou que o bolo foi distribuído e que continuamos crescendo."

Quanto aos problemas enfrentados pelos moradores das grande cidades devido às enchentes, Marina classificou de falta de compromisso ético dos governantes. "Não é um problema natural, ligado ao meio ambiente. Isso é falta de estratégia, de visão, de comportamento ético dos dirigentes."

No discurso, a candidata do PV criticou o projeto de revisão do Código Florestal, em discussão na Câmara dos Deputados e sob a relatoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB–SP). "As pessoas estão discutindo como flexibilizar o Código Florestal para perdoar 40 milhões de áreas degradadas ilegalmente", afirmou.

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