Manter aumento da temperatura abaixo de 2ºC é possível
Relatório do Pnuma aponta que ainda dá para manter o aumento da temperatura do planeta abaixo dos 2ºC neste século, a partir de ações de combate ao desmatamento
Da Redação
Publicado em 21 de novembro de 2012 às 14h37.
São Paulo - Ainda há esperança. Essa é, basicamente, a mensagem do novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), divulgado nesta quarta-feira (21), dias antes do início da COP18 das Mudanças Climáticas, que reunirá no Qatar representantes dos 193 países-membros da ONU para discutir medidas e acordos legalmente vinculantes que resultem na diminuição das emissões globais de CO2 equivalente (CO2e).
Intitulado The Emissions Gap Report 2012, o documento - que contou com a participação de 55 cientistas de mais de 20 países e, ainda, teve o apoio da Fundação Europeia para o Clima - aponta que, quando o assunto é a emissão global de CO2e, a situação do planeta está bem crítica, mas ainda é possível manter o aumento da temperatura do planeta abaixo dos 2ºC - limite máximo considerado seguro pelos cientistas para conservar a vida na Terra, da maneira como a conhecemos hoje.
De acordo com o relatório, as emissões de CO2e já estão 14% acima do nível que deveriam estar em 2020 e, se o ritmo atual for mantido, nos próximos oito anos poderemos chegar à marca de 58 gigatoneladas (Gt) de emissões - sendo que o ideal apontado pela ONU seria reduzir a liberação de CO2e para, no mínimo, 44 Gt até a próxima década.
Então, como não ultrapassar os 2ºC? A solução apontada pelo Pnuma é a ação imediata dos governos de todos os países, que devem cumprir os compromissos que já existem, no que diz respeito à redução de emissões, e ainda ir além deles. O relatório estima que há grandes possibilidades de diminuir a liberação de CO2e em cerca de 17 Gt até 2020, a partir do corte significativo de emissões em setores como construção, transporte e energia.
Passando a tesoura nas emissões
Investir na eficiência energética da indústria, por exemplo, pode render cortes de 1,5 a 4,6 Gt de CO2e até a próxima década. Já o setor de construção civil pode diminuir as emissões de 1,4 a 2,9 Gt, a partir de medidas como a instituição de novos padrões obrigatórios na hora de construir prédios e residências.
Para a área de transporte, o Pnuma prevê a possibilidade de redução de emissões entre 1,7 e 2,5 Gt de CO2e, até 2020, desde que sejam adotadas ações como: melhoria das normas de combustíveis para veículos; planejamento urbano que facilite o uso de transportes alternativos, como ônibus e bicicleta; maior eficiência no uso do transporte ferroviário e fluvial e programas de sucateamento de veículos antigos.
Cuidar das florestas também pode ajudar
Ainda segundo o relatório, apesar de pouco valorizado a nível mundial, o combate ao desmatamento é outra opção, de baixo custo, para reduzir as emissões de CO2e. As medidas citadas pelo Pnuma para proteger as florestas vão desde a criação de áreas protegidas, como parques nacionais, até a adoção de instrumentos econômicos que incentivem a conservação das matas, como tributos, subsídios e pagamentos por serviços ecossistêmicos.
No capítulo dedicado ao combate ao desmatamento, inclusive, o Brasil aparece como exemplo a ser seguido. De acordo com a publicação da ONU, políticas de preservação adotadas pelo nosso país, aliadas à queda nos preços das commodities agrícolas, fizeram com que diminuíssemos em três quartos o desmatamento desde 2004, evitando a emissão de 2,8 Gt de CO2e entre 2006 e 2011.
"Os meios técnicos e as ferramentas necessárias para permitir que o mundo mantenha a temperatura global abaixo de 2°C estão disponíveis para os governos e sociedades. Essa é a mensagem principal do relatório, que, no entanto, sinaliza que o tempo está se esgotando", diz Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).
Ela completa: "Os governos reunidos em Doha para o COP18 precisam urgentemente implementar as decisões existentes, que permitirão uma transição mais rápida para um mundo de baixo carbono e resiliente. Isso significa, em particular, renovar o Protocolo de Kyoto, desenvolvendo uma visão clara de como os gases de efeito estufa podem ser controlados
globalmente antes e depois de 2020, e concluir as instituições necessárias para ajudar os
países em desenvolvimento a se adaptar e tornar verdes suas economias".
Confira o relatório The Emissions Gap Report 2012 na íntegra, em inglês.
São Paulo - Ainda há esperança. Essa é, basicamente, a mensagem do novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), divulgado nesta quarta-feira (21), dias antes do início da COP18 das Mudanças Climáticas, que reunirá no Qatar representantes dos 193 países-membros da ONU para discutir medidas e acordos legalmente vinculantes que resultem na diminuição das emissões globais de CO2 equivalente (CO2e).
Intitulado The Emissions Gap Report 2012, o documento - que contou com a participação de 55 cientistas de mais de 20 países e, ainda, teve o apoio da Fundação Europeia para o Clima - aponta que, quando o assunto é a emissão global de CO2e, a situação do planeta está bem crítica, mas ainda é possível manter o aumento da temperatura do planeta abaixo dos 2ºC - limite máximo considerado seguro pelos cientistas para conservar a vida na Terra, da maneira como a conhecemos hoje.
De acordo com o relatório, as emissões de CO2e já estão 14% acima do nível que deveriam estar em 2020 e, se o ritmo atual for mantido, nos próximos oito anos poderemos chegar à marca de 58 gigatoneladas (Gt) de emissões - sendo que o ideal apontado pela ONU seria reduzir a liberação de CO2e para, no mínimo, 44 Gt até a próxima década.
Então, como não ultrapassar os 2ºC? A solução apontada pelo Pnuma é a ação imediata dos governos de todos os países, que devem cumprir os compromissos que já existem, no que diz respeito à redução de emissões, e ainda ir além deles. O relatório estima que há grandes possibilidades de diminuir a liberação de CO2e em cerca de 17 Gt até 2020, a partir do corte significativo de emissões em setores como construção, transporte e energia.
Passando a tesoura nas emissões
Investir na eficiência energética da indústria, por exemplo, pode render cortes de 1,5 a 4,6 Gt de CO2e até a próxima década. Já o setor de construção civil pode diminuir as emissões de 1,4 a 2,9 Gt, a partir de medidas como a instituição de novos padrões obrigatórios na hora de construir prédios e residências.
Para a área de transporte, o Pnuma prevê a possibilidade de redução de emissões entre 1,7 e 2,5 Gt de CO2e, até 2020, desde que sejam adotadas ações como: melhoria das normas de combustíveis para veículos; planejamento urbano que facilite o uso de transportes alternativos, como ônibus e bicicleta; maior eficiência no uso do transporte ferroviário e fluvial e programas de sucateamento de veículos antigos.
Cuidar das florestas também pode ajudar
Ainda segundo o relatório, apesar de pouco valorizado a nível mundial, o combate ao desmatamento é outra opção, de baixo custo, para reduzir as emissões de CO2e. As medidas citadas pelo Pnuma para proteger as florestas vão desde a criação de áreas protegidas, como parques nacionais, até a adoção de instrumentos econômicos que incentivem a conservação das matas, como tributos, subsídios e pagamentos por serviços ecossistêmicos.
No capítulo dedicado ao combate ao desmatamento, inclusive, o Brasil aparece como exemplo a ser seguido. De acordo com a publicação da ONU, políticas de preservação adotadas pelo nosso país, aliadas à queda nos preços das commodities agrícolas, fizeram com que diminuíssemos em três quartos o desmatamento desde 2004, evitando a emissão de 2,8 Gt de CO2e entre 2006 e 2011.
"Os meios técnicos e as ferramentas necessárias para permitir que o mundo mantenha a temperatura global abaixo de 2°C estão disponíveis para os governos e sociedades. Essa é a mensagem principal do relatório, que, no entanto, sinaliza que o tempo está se esgotando", diz Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).
Ela completa: "Os governos reunidos em Doha para o COP18 precisam urgentemente implementar as decisões existentes, que permitirão uma transição mais rápida para um mundo de baixo carbono e resiliente. Isso significa, em particular, renovar o Protocolo de Kyoto, desenvolvendo uma visão clara de como os gases de efeito estufa podem ser controlados
globalmente antes e depois de 2020, e concluir as instituições necessárias para ajudar os
países em desenvolvimento a se adaptar e tornar verdes suas economias".
Confira o relatório The Emissions Gap Report 2012 na íntegra, em inglês.