Exame Logo

Manifestação no Egito recorda mortos em protesto

Críticos do governo dizem que o Egito está retornando à repressão dos tempos de Mubarak, o que as autoridades negam

Apoiadores do presidente deposto do Egito Mohamed Mursi: Partidários do comandante do Exército, que prometeu estabilidade e eleições livres quando depôs o presidente eleito, também apareceram na praça (Amr Abdallah Dalsh/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2013 às 14h06.

Cairo - Centenas de egípcios se concentraram nesta terça-feira na Praça Tahrir, no Cairo, para lembrar as mortes de manifestantes dois anos atrás e pedir que o governo respaldado pelos militares adote reformas.

Partidários do comandante do Exército, general Abdel Fatah al-Sisi, que prometeu estabilidade e eleições livres quando depôs o presidente eleito, o islamista Mohamed Mursi, em julho, também apareceram na praça, mas foram perseguidos por ativistas.

O Exército e a polícia vêm sendo celebrados na imprensa e por parte da população desde a queda de Mursi e seus seguidores da Irmandade Muçulmana. Sisi se tornou a figura mais popular do país.

Mas os manifestantes que se reuniram na praça Tahrir disseram que a meta do levante popular que derrubou o presidente autocrata Hosni Mubarak em 2011 não foi alcançada e acusaram as forças de segurança de agirem com a mesma impunidade nos últimos dois anos.

Eles criticaram a ação do Exército ao esmagar um acampamento de protesto pró-Mursi em Rabaa al-Adawiya, no Cairo, em agosto.

"Não sou a favor da Irmandade. Mas me solidarizo com eles pelo que aconteceu em Rabaa. Foi um massacre horrível. Havia mais liberdade com Mursi", disse Salma, uma estudante do segundo grau que participava da manifestação.

"O Ministério do Interior está mais forte do que era antes", disse ela, referindo-se à pasta que supervisiona a polícia.

A derrubada de Mubarak trouxe para os egípcios a esperança de que iriam ter mais liberdade política, após três décadas de regime linha-dura.


Mas o país tropeçou na transição. Durante seu conturbado ano no governo, Mursi desagradou boa parte dos egípcios, que o acusavam de tentar obter mais poderes e administrar mal a economia.

A tomada de poder pelo Exército levantou dúvidas sobre o comprometimento do país com a democracia.

As forças de segurança mataram centenas de integrantes da Irmandade Muçulmana desde a derrubada de Mursi, atraindo críticas de entidades de defesa dos direitos humanos. Milhares de pessoas foram presas, incluindo os principais líderes da Irmandade.

De volta ao passado?

Críticos do governo dizem que o Egito está retornando à repressão dos tempos de Mubarak, o que as autoridades negam.

A incerteza vem prejudicando investimentos e o turismo no Egito, que é um importante aliado dos Estados Unidos e primeiro país do mundo árabe a assinar um acordo de paz com Israel. Além disso, o Egito controla o canal de Suez, a via marítima mais rápida entre a Ásia e a Europa.

As manifestações desta terça-feira recordavam os eventos de novembro de 2011, quando protestos contra o conselho militar que governava o país na época se transformaram em batalhas de rua nas quais a polícia usou munição real, matando 42 pessoas.

"Nós estamos aqui para reafirmar os objetivos da revolução e para dizer que as reivindicações da revolução ─ pão, justiça social, liberdade ─ não foram cumpridas" disse o manifestante Mohamed Moustafa, de 30 anos.

Veja também

Cairo - Centenas de egípcios se concentraram nesta terça-feira na Praça Tahrir, no Cairo, para lembrar as mortes de manifestantes dois anos atrás e pedir que o governo respaldado pelos militares adote reformas.

Partidários do comandante do Exército, general Abdel Fatah al-Sisi, que prometeu estabilidade e eleições livres quando depôs o presidente eleito, o islamista Mohamed Mursi, em julho, também apareceram na praça, mas foram perseguidos por ativistas.

O Exército e a polícia vêm sendo celebrados na imprensa e por parte da população desde a queda de Mursi e seus seguidores da Irmandade Muçulmana. Sisi se tornou a figura mais popular do país.

Mas os manifestantes que se reuniram na praça Tahrir disseram que a meta do levante popular que derrubou o presidente autocrata Hosni Mubarak em 2011 não foi alcançada e acusaram as forças de segurança de agirem com a mesma impunidade nos últimos dois anos.

Eles criticaram a ação do Exército ao esmagar um acampamento de protesto pró-Mursi em Rabaa al-Adawiya, no Cairo, em agosto.

"Não sou a favor da Irmandade. Mas me solidarizo com eles pelo que aconteceu em Rabaa. Foi um massacre horrível. Havia mais liberdade com Mursi", disse Salma, uma estudante do segundo grau que participava da manifestação.

"O Ministério do Interior está mais forte do que era antes", disse ela, referindo-se à pasta que supervisiona a polícia.

A derrubada de Mubarak trouxe para os egípcios a esperança de que iriam ter mais liberdade política, após três décadas de regime linha-dura.


Mas o país tropeçou na transição. Durante seu conturbado ano no governo, Mursi desagradou boa parte dos egípcios, que o acusavam de tentar obter mais poderes e administrar mal a economia.

A tomada de poder pelo Exército levantou dúvidas sobre o comprometimento do país com a democracia.

As forças de segurança mataram centenas de integrantes da Irmandade Muçulmana desde a derrubada de Mursi, atraindo críticas de entidades de defesa dos direitos humanos. Milhares de pessoas foram presas, incluindo os principais líderes da Irmandade.

De volta ao passado?

Críticos do governo dizem que o Egito está retornando à repressão dos tempos de Mubarak, o que as autoridades negam.

A incerteza vem prejudicando investimentos e o turismo no Egito, que é um importante aliado dos Estados Unidos e primeiro país do mundo árabe a assinar um acordo de paz com Israel. Além disso, o Egito controla o canal de Suez, a via marítima mais rápida entre a Ásia e a Europa.

As manifestações desta terça-feira recordavam os eventos de novembro de 2011, quando protestos contra o conselho militar que governava o país na época se transformaram em batalhas de rua nas quais a polícia usou munição real, matando 42 pessoas.

"Nós estamos aqui para reafirmar os objetivos da revolução e para dizer que as reivindicações da revolução ─ pão, justiça social, liberdade ─ não foram cumpridas" disse o manifestante Mohamed Moustafa, de 30 anos.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaEgitoMohamed MursiPolíticosProtestosProtestos no mundo

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame