Mais um líder da oposição é detido em Belarus: o advogado Maxim Znak (Sergei GAPON/AFP)
AFP
Publicado em 9 de setembro de 2020 às 06h46.
Última atualização em 9 de setembro de 2020 às 09h52.
O advogado Maxim Znak, um dos últimos líderes do conselho de coordenação da oposição ainda em liberdade em Belarus, foi detido nesta quarta-feira por "homens de máscara", anunciaram fontes próximas ao ativista.
Uma foto divulgada pelo conselho de coordenação no aplicativo de mensagens Telegram mostra Znak conduzido por homens de máscara com trajes civis.
"Maxim Znak seguia para o escritório para participar em uma videoconferência, mas acabou não participando. Só conseguiu enviar uma palavra, 'máscaras'", afirmou o serviço de imprensa do grupo de oposição.
O jurista de 39 anos é um dos sete membros da direção do conselho de coordenação, um organismo formado para obter a saída do ditador Alexander Lukashenko e organizar a transição de poder.
Znak e a Prêmio Nobel de Literatura Svetlana Alexievich eram os últimos dirigentes deste grupo ainda em liberdade em Belarus. Os outros estão detidos ou no exílio.
A detenção de Znak acontece exatamente um mês após a eleição presidencial que desencadeou uma onda de manifestações sem precedentes contra a reeleição do presidente Lukashenko, acusado de fraude.
A oposição afirma que a opositora Svetlana Tikhanovskaya venceu as eleições.
A polícia e o serviço secreto (KGB) não confirmaram a detenção de Znak, mas o roteiro citado conselho do coordenação corresponde ao que ocorreu com outros opositores, que foram detidos por homens não identificados e dois dias depois apareceram como exilados ou presos.
O governo de Belarus anunciou na terça-feira detenção de Maria Kolesnikova, uma das líderes dos protestos contra Lukashenko, quando ela supostamente tentava fugir para a Ucrânia.
Mas o governo ucraniano e fontes da oposição afirmaram que a operação foi na realidade uma tentativa frustrada de exílio forçado de Kolesnikova.
Também nesta quarta-feira, Svetlana Tikhanovskaya pediu aos russos que apoiem a "luta pela liberdade" dos bielorrussos.
"A propaganda russa tenta distorcer ao máximo o que acontece em Belarus", declarou Tikhanovskaya, refugiada na Lituânia, em seu primeiro vídeo divulgado diretamente aos russos, publicado no aplicativo Telegram.
"Em nenhuma etapa foi uma luta contra a Rússia e estou convencida de que não será", completou a opositora, antes de fazer um apelo para que as pessoas "não acreditem nos meios de comunicação de propaganda e nos políticos que afirmam o contrário".
Lukashenko, de 66 anos e no poder desde 1994, enfrenta o maior movimento de protesto em quase três décadas de governo.