Mundo

Mais de 15 mil de colombianos sofreram abuso sexual em conflito

O estudo evidência que a violência sexual foi usada como instrumento de poder e como mecanismo de dominação

Colômbia: crianças e adolescentes foram as vítimas mais vulneráveis, segundo o estudo (Thinkstock/Thinkstock)

Colômbia: crianças e adolescentes foram as vítimas mais vulneráveis, segundo o estudo (Thinkstock/Thinkstock)

E

EFE

Publicado em 23 de novembro de 2017 às 18h01.

Madri - Mais de 15 mil meninas, mulheres e homens sofreram violência sexual durante o conflito armado na Colômbia, segundo um relatório realizado pelo Centro Nacional de Memória Histórica (CNMH) do país.

Sob o título "A Guerra Inscrita no Corpo", o estudo evidência que a violência sexual foi usada como instrumento de poder e como mecanismo de dominação. "O seu uso foi premeditado e sistemático", afirmou Gonzalo Sánchez Gómez, diretor do CNMH da Colômbia.

Sánchez Gómez garantiu que os abusos sexuais sofridos por milhares de pessoas durante o conflito armado, além de ser "um crime de guerra" é "um tabu" no país latino-americano, mas "a sua realização não o foi".

"Estabelecemos, após registrar 15.076 casos desde 1959, que não se pode considerar a violência sexual como um caso isolado nem que a sua ocorrência fosse resultado de motivos circunstanciais e de caraterísticas dos indivíduos que cometeram esses atos", ressaltou o diretor do CNMH colombiano.

Segundo o relatório, dos 227 depoimentos recolhidos, 36% das vítimas de violência sexual tinham menos de 14 anos e 17% menos de 18, o que significa que 53% do total era composto por menores de idade.

Crianças e adolescentes foram as vítimas mais vulneráveis, segundo o estudo, que destaca que 91,6% corresponde a meninas e mulheres com ênfase em diferentes etnias e níveis de exclusão social.

Quanto aos principais responsáveis pela violência, 32,2% correspondem aos paramilitares, 31,5% às guerrilhas, e um percentual muito grande, 26,5%, no qual o agressor não foi identificado.

Além disso, o relatório identifica três cenários nos quais ocorre a violência sexual: o da disputa armada, o do território sob o controle de um grupo armado e o das fileiras dos combatentes, e, em cada um deles, os motivos pelos quais essa violência é exercida têm a ver com o medo, a vingança, a ameaça e as demonstrações de poder, fundamentalmente.

O estudo também documenta a existência de "aberrações em pleno século XXI", como a escravidão sexual.

"A tolerância, a indiferença, a estigmatização que manifestamos como sociedade frente a este crime desumano se expressa através do isolamento da vítima", disse Sánchez Gómez, que, no entanto, destacou que muitas organizações de mulheres trabalham para apagar as marcas físicas e psicológicas que ficaram nas vítimas.

Acompanhe tudo sobre:abuso-sexualColômbia

Mais de Mundo

'A defesa da democracia é mais importante do que qualquer título', diz Biden em discurso

Governo Lula se diz irritado com falas de Maduro, mas evita responder declarações

Netanyahu discursa no Congresso americano sob protestos de rua e boicote de dezenas de democratas

Em discurso a irmandade negra, Kamala pede ajuda para registrar eleitores e mobilizar base a votar

Mais na Exame