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Maduro ordena que servidores públicos votem em Constituinte

Presidente da Venezuela vem tentando fortalecer sua base de apoio, composta sobretudo por funcionários de estatais e venezuelanos mais pobres

Nicolás Maduro, sobre votação da Constituinte: "se há 15 mil trabalhadores, todos os 15 mil trabalhadores devem votar sem desculpas" (Marco Bello/Reuters)
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Reuters

Publicado em 7 de julho de 2017 às 12h41.

Caracas - O impopular presidente da Venezuela , Nicolás Maduro, tem dito que todos os servidores do Estado precisam votar em 30 de julho e escolher entre os candidatos de uma polêmica Assembleia Constituinte na tentativa de evitar um comparecimento baixo que seria constrangedor em um país tomado pelo descontentamento.

Maduro convocou a assembleia, que terá poderes para reformar a Constituição e suplantar outras instituições, descrevendo-a como um esforço para trazer paz depois de três meses de protestos antigoverno durante os quais ao menos 90 pessoas morreram.

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Opositores dizem que o presidente de esquerda pretende formalizar uma ditadura no país, que é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), por meio do que veem como uma eleição fraudulenta. Eles planejam um referendo rival e extraoficial no dia 16 de julho para que os venezuelanos se pronunciem sobre o plano de Maduro.

O presidente vem tentando fortalecer sua base de apoio, composta sobretudo por funcionários de estatais e venezuelanos mais pobres.

"Se há 15 mil trabalhadores, todos os 15 mil trabalhadores devem votar sem desculpas", disse ele a apoiadores de camisa vermelha no Estado de Bolívar na noite de quinta-feira.

"Empresa por empresa, ministério por ministério, governo estadual por governo estadual, prefeitura por prefeitura, iremos todos votar para a Assembleia Constituinte. Vocês entendem? Vocês concordam?", disse ele a um coro de "Sim!".

Os cerca de 2,8 milhões de servidores públicos da Venezuela, uma parte considerável da população de aproximadamente 30 milhões de habitantes, muitas vezes são obrigados a comparecer a eventos do governo, e alguns dizem já estarem sendo pressionados a votar em 30 de julho.

"Isto é uma loucura. (Eles estão dizendo que) os trabalhadores que não votarem serão demitidos", disse um funcionário da petroleira estatal PDVSA, pedindo para se manter anônimo por não ter autorização para falar com a mídia.

"Vou votar, mas nulo. Não vou votar em nenhum destes malucos para a assembleia", acrescentou.

Muitos rostos familiares do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) estão buscando uma vaga, entre eles a ex-ministra das Relações Exteriores Delcy Rodríguez e o poderoso número 2 do partido, Diosdado Cabello. A esposa e o filho de Maduro também estão concorrendo.

A oposição diz que a pressão de Maduro sobre os trabalhadores é mais um sinal de que ele está violando a democracia, e querem que ele concorde com eleições para substituí-lo devido a uma recessão econômica brutal que está impedindo muitos venezuelanos de terem acesso a alimentos e remédios básicos.

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