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Maduro ignora protestos e prossegue com campanha por Constituinte

Prevendo enfrentamentos, o governo anunciou que, a partir desta sexta-feira, ficam proibidas as manifestações que possam afetar as votações de domingo

Venezuela: em todo o país, centenas de manifestantes foram detidos pela polícia e por membros da Guarda Nacional (Ueslei Marcelino/Reuters)

Venezuela: em todo o país, centenas de manifestantes foram detidos pela polícia e por membros da Guarda Nacional (Ueslei Marcelino/Reuters)

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AFP

Publicado em 27 de julho de 2017 às 16h28.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se prepara para levar o país às urnas no domingo (30) na votação da Assembleia Constituinte, algo vital para sua permanência no poder, apesar da greve da oposição e dos 106 mortos registrados em protestos de rua.

Prevendo enfrentamentos, o governo anunciou que, a partir desta sexta-feira, ficam proibidas as manifestações que possam afetar as votações de domingo, e alertou que os "delitos eleitorais" serão punidos com penas de cinco a dez anos de prisão.

"Fica proibido em todo território nacional as reuniões e manifestações públicas, concentrações de pessoas e qualquer outro ato similar, que possam perturbar ou afetar o normal desenvolvimento do processo eleitoral", afirmou o ministro de Interior, general Néstor Reverol, um dia antes de uma grande marcha opositora marcada para Caracas.

Várias áreas de Caracas e de outras cidades amanheceram desoladas, com escombros e barricadas em algumas ruas, no segundo dia de uma greve de 48 horas, após um primeiro dia com três mortos em confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes.

Em todo o país, centenas de manifestantes foram detidos pela polícia e por membros da Guarda Nacional.

A oposição avaliou em 92% a adesão na quarta-feira da greve, apesar de o governo afirmar que o movimento fracassou, uma vez que a indústria do petróleo funcionou normalmente.

Sem ceder, Maduro convocou seus partidários nesta quinta-feira para o encerramento de campanha daConstituinte, defendida com vigor pelo governo após o anúncio das sanções dos Estados Unidos contra 13 funcionários venezuelanos por "minar a democracia", em meio a violentos confrontos.

Os sancionados pelo governo americano - o ministro da Educação, Elías Jaua; a presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena; o defensor público, Tarek William Saab; e Iris Varela, integrante da comissão preparatória da Constituinte - foram condecorados na quarta-feira à noite por Madrudo, que entregou a cada um uma réplica da espada de Simón Bolívar.

"Garantimos em 30 de julho a voz a todos os venezuelanos e venezuelanas. Se me sancionarem por isso, bem-vindas essa e todas as sanções que possam surgir", expressou Tibisay Lucena ao ser condecorada.

"O que pensam os imperialistas dos Estados Unidos? Que são o governo mundial?! (...) Não aceitamos!" - declarou o presidente.

Maduro pediu que os venezuelanos votem em massa na eleição dos 545 assembleístas que serão responsáveis por reformar a Carta Magna e que vão liderar o país por tempo indefinido com poderes absolutos.

O governo Maduro descarta a possibilidade de suspender as eleições, que ele afirma serem "o único caminho para a paz" em meio à grave crise política e econômica.

A coalização opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) convocou uma grande marcha em Caracas para sexta-feira e um boicote contra a votação de domingo.

"Que o povo venezuelano continue expressando sua voz nestas horas decisivas. O que vai acontecer se a Constituinte for imposta? Vai agravar a crise. Para onde Maduro quer levar o país? A uma explosão social?", lançou o líder opositor Henrique Capriles.

A oposição assegura que Maduro, cuja administração é desaprovada por 80% dos venezuelanos segundo pesquisa Datanálisis, busca com a Constituinte perpetuar o chavismo no poder.

Maduro, ex-motorista de ônibus de 54 anos que substituiu o falecido presidente socialista Hugo Chávez (1999-2013), acusa seus adversários de promover a violência para aplicar um golpe de Estado com o apoio dos Estados Unidos.

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