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Maduro envia homens armados para cidade opositora de Chacao

"Vou tomar medidas drásticas contra todos esses setores que estão atacando e matando o povo", anunciou presidente venezuelano

Guarda Nacional da Venezuela é vista na praça Altamira: Ministros garantiram que entregavam "a praça como território de paz" (Presidência da República/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de março de 2014 às 18h34.

Tropas com armas pesadas foram enviadas nesta segunda-feira para o município de opositor de Chacao, em Caracas , um dos últimos focos dos protestos que já deixaram 29 mortos e que se tornaram um grande desafio para o presidente venezuelano, Nicolás Maduro .

A mobilização desse efetivo de cerca de mil homens foi justificada pelo governo como uma "liberação" da área, onde, há um mês, grupos radicais mascarados enfrentam os policiais do Batalhão de Choque diariamente nas ruas.

"Vou tomar medidas drásticas contra todos esses setores que estão atacando e matando o povo", anunciou Maduro.

Desde que assumiu o poder em abril, após a morte de seu mentor político Hugo Chávez, Maduro viu a situação socioeconômica se deteriorar no país, detentor das maiores reservas de petróleo do mundo.

Nesta segunda, os ministros do Interior, Miguel Rodríguez Torres, e da Informação, Delcy Rodríguez, tiveram um breve encontro com o prefeito opositor Ramón Muchacho na Praça Altamira. Os dois ministros garantiram que entregavam "a praça como território de paz".

"A Praça Altamira e seus arredores foram liberados pelo Governo Nacional para a alegria de todos!", escreveu a ministra da Informação em sua conta no Twitter.

No momento de maior tensão no país, as manifestações tomavam 18 dos 335 municípios. Na semana passada, quando, segundo o governo, teriam caído reduzido para cinco, Maduro ordenou uma ofensiva iniciada em Valencia (terceira maior cidade da Venezuela, 150 km ao oeste de Caracas), onde algumas pessoas foram detidas e "material terrorista", apreendido.

Tropas fortemente armadas

Em torno da Praça Altamira, pelo menos 200 membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) patrulhavam o setor nesta segunda-feira, enquanto "garis" limpavam o que havia sobrado das barricadas.

Na parte histórica de Chacao, a 800 metros dali, cerca de 150 membros da Guarda do Povo percorriam a região de moto, e tropas da Guarda Nacional, distribuídas em patrulhas de quatro a oito homens com uniformes de combate e armas pesadas, faziam revistas aleatórias de identidade.


"Acho bom que a Guarda venha para que a gente possa circular (...) Eu trabalho por aqui e inalei gás. Ainda estou sem voz. Está certo", comentou o corretor de seguros Osvaldo Reyes.

Esta mobilização "é para amedrontar, para que as pessoas não saiam para protestar", rebateu a fisioterapeuta Cynthia Valcazar, que também trabalha nessa região.

"Eu continuo protestando. O que vocês acham, escravos dos cubanos?", disse a um Guarda Nacional um jovem de moto, enquanto esperava o sinal abrir. Desafiador, o jovem mostrou sua identidade para o militar, que não esboçou qualquer reação até que o sinal ficou verde.

Garantias constitucionais

"Estamos restabelecendo os direitos de milhares de cidadãos de Chacao que estavam presos em suas casas por causa das ações violentas de grupos que vinham acontecendo aqui", explicou o ministro Rodríguez Torres à imprensa.

Mais tarde, o prefeito Muchacho informou que participaram da mobilização mais de mil homens da Guarda Nacional, da Guarda do Povo, da polícia e da Polícia Investigativa, descartando a presença de militares.

"O governo nos informa que não há restrição de garantias constitucionais, nem à livre circulação, nem ao direito de protesto", reforçou o prefeito em seu Twitter.

Chacao, um município com setores de classe média e alta, é um dos redutos da oposição no leste de Caracas e foi epicentro dos protestos iniciados há mais de um mês denunciando a insegurança no país, a inflação e a escassez de produtos básicos.

Para o analista Manuel Felipe Sierra, a estratégia do governo diante das manifestações tem sido "inconveniente, pois estimula o quadro de violência".

"O discurso de Maduro estimula a violência e parece que não entende o que está em jogo", comentou Sierra, ressaltando também que a oposição perdeu o rumo, com um protesto sem "reivindicações políticas de fundo".

Mais uma morte confirmada

Nesta segunda-feira, as autoridades anunciaram a morte de um capitão da Guarda Nacional, em Maracay (80 km ao oeste de Caracas). Ele tinha sido ferido a tiros no domingo, quando tentava dispersar uma manifestação que bloqueava uma avenida.

"Faleceu nesta madrugada, em Aragua, o capitão da nossa GNB José Guillén. Foi atingido com um tiro na cabeça", escreveu em sua conta no Twitter o chefe do Comando Estratégico Operacional da Força Armada (Ceonfab), general Vladimir Padrino López.

Maduro tem classificado os recentes protestos como um "golpe de Estado" apoiado pelos Estados Unidos e por setores da Colômbia. Até o momento, as manifestações deixaram 29 mortos e quase 400 feridos. Além disso, foram abertas 41 investigações por violação dos direitos humanos por parte da polícia.

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A mobilização desse efetivo de cerca de mil homens foi justificada pelo governo como uma "liberação" da área, onde, há um mês, grupos radicais mascarados enfrentam os policiais do Batalhão de Choque diariamente nas ruas.

"Vou tomar medidas drásticas contra todos esses setores que estão atacando e matando o povo", anunciou Maduro.

Desde que assumiu o poder em abril, após a morte de seu mentor político Hugo Chávez, Maduro viu a situação socioeconômica se deteriorar no país, detentor das maiores reservas de petróleo do mundo.

Nesta segunda, os ministros do Interior, Miguel Rodríguez Torres, e da Informação, Delcy Rodríguez, tiveram um breve encontro com o prefeito opositor Ramón Muchacho na Praça Altamira. Os dois ministros garantiram que entregavam "a praça como território de paz".

"A Praça Altamira e seus arredores foram liberados pelo Governo Nacional para a alegria de todos!", escreveu a ministra da Informação em sua conta no Twitter.

No momento de maior tensão no país, as manifestações tomavam 18 dos 335 municípios. Na semana passada, quando, segundo o governo, teriam caído reduzido para cinco, Maduro ordenou uma ofensiva iniciada em Valencia (terceira maior cidade da Venezuela, 150 km ao oeste de Caracas), onde algumas pessoas foram detidas e "material terrorista", apreendido.

Tropas fortemente armadas

Em torno da Praça Altamira, pelo menos 200 membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) patrulhavam o setor nesta segunda-feira, enquanto "garis" limpavam o que havia sobrado das barricadas.

Na parte histórica de Chacao, a 800 metros dali, cerca de 150 membros da Guarda do Povo percorriam a região de moto, e tropas da Guarda Nacional, distribuídas em patrulhas de quatro a oito homens com uniformes de combate e armas pesadas, faziam revistas aleatórias de identidade.


"Acho bom que a Guarda venha para que a gente possa circular (...) Eu trabalho por aqui e inalei gás. Ainda estou sem voz. Está certo", comentou o corretor de seguros Osvaldo Reyes.

Esta mobilização "é para amedrontar, para que as pessoas não saiam para protestar", rebateu a fisioterapeuta Cynthia Valcazar, que também trabalha nessa região.

"Eu continuo protestando. O que vocês acham, escravos dos cubanos?", disse a um Guarda Nacional um jovem de moto, enquanto esperava o sinal abrir. Desafiador, o jovem mostrou sua identidade para o militar, que não esboçou qualquer reação até que o sinal ficou verde.

Garantias constitucionais

"Estamos restabelecendo os direitos de milhares de cidadãos de Chacao que estavam presos em suas casas por causa das ações violentas de grupos que vinham acontecendo aqui", explicou o ministro Rodríguez Torres à imprensa.

Mais tarde, o prefeito Muchacho informou que participaram da mobilização mais de mil homens da Guarda Nacional, da Guarda do Povo, da polícia e da Polícia Investigativa, descartando a presença de militares.

"O governo nos informa que não há restrição de garantias constitucionais, nem à livre circulação, nem ao direito de protesto", reforçou o prefeito em seu Twitter.

Chacao, um município com setores de classe média e alta, é um dos redutos da oposição no leste de Caracas e foi epicentro dos protestos iniciados há mais de um mês denunciando a insegurança no país, a inflação e a escassez de produtos básicos.

Para o analista Manuel Felipe Sierra, a estratégia do governo diante das manifestações tem sido "inconveniente, pois estimula o quadro de violência".

"O discurso de Maduro estimula a violência e parece que não entende o que está em jogo", comentou Sierra, ressaltando também que a oposição perdeu o rumo, com um protesto sem "reivindicações políticas de fundo".

Mais uma morte confirmada

Nesta segunda-feira, as autoridades anunciaram a morte de um capitão da Guarda Nacional, em Maracay (80 km ao oeste de Caracas). Ele tinha sido ferido a tiros no domingo, quando tentava dispersar uma manifestação que bloqueava uma avenida.

"Faleceu nesta madrugada, em Aragua, o capitão da nossa GNB José Guillén. Foi atingido com um tiro na cabeça", escreveu em sua conta no Twitter o chefe do Comando Estratégico Operacional da Força Armada (Ceonfab), general Vladimir Padrino López.

Maduro tem classificado os recentes protestos como um "golpe de Estado" apoiado pelos Estados Unidos e por setores da Colômbia. Até o momento, as manifestações deixaram 29 mortos e quase 400 feridos. Além disso, foram abertas 41 investigações por violação dos direitos humanos por parte da polícia.

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