Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro: "mais cedo ou mais tarde, todos" aceitarão o caminho do diálogo, disse Maduro (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2014 às 11h21.
Caracas - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta terça-feira que existem condições para o diálogo e o debate com os líderes da oposição no país, mas esclareceu que o mesmo deve ser feito respeitando à Constituição, sua condição de presidente legítimo, sem violência e sem a interferência "imperial" estrangeira.
"Vejo condições para o debate, vejo condições para o diálogo, mas é preciso cumprir com o mínimo: um, renunciar à violência e condená-la. Segundo, respeito à Constituição, respeito de todos e, terceiro, sem interferência estrangeira imperial na Venezuela", disse Maduro em programa de rádio semanal.
O presidente respondeu dessa forma uma pergunta feita pelos jornalistas presentes no programa e insistiu que "a Venezuela tem futuro" e que "mais cedo ou mais tarde, todos" aceitarão o caminho do diálogo.
Maduro disse que está convocando os opositores para "trabalharmos juntos" há três meses, mas "sem revolta" e que no meio de um golpe de Estado, que garantiu estar sendo orquestrado pela oposição desde o início dos protestos, instalou "a conferência nacional para a paz".
"As portas estão abertas para que venham tanto o governador (de Miranda, Henrique) Capriles (líder da oposição), que é muito desrespeitoso e muito grosseiro com o povo venezuelano, com a memória de nosso comandante (Hugo) Chávez, com o cargo que eu tenho como presidente", declarou.
No entanto, afirmou que mesmo com a suposta falta de respeito de Capriles, o continua chamando para conversar.
"O que eu quero? Que nos respeitemos", comentou Maduro.
Capriles afirmou há dois dias que estava disposto a debater com o governo, que, assegurou, depende do presidente e esclareceu que não tem contatos diretos com o Executivo.
Capriles disse que "sobre a base de um debate e do que for dito nele" abriria a possibilidade para "um diálogo no país", algo para o qual a oposição pediu várias condições como a libertação dos detidos nos protestos e o desarmamento dos grupos chavistas.
"Eu quero um debate, estou disposto a debater com o governo, eu quero debater em rede de rádio e televisão", declarou.
A ideia do debate entre governo e oposição vem crescendo nos últimos dias na Venezuela, sobretudo há pouco mais de um mês quando começou uma onda de protestos contra Maduro que deixaram 29 mortos, mais de 350 feridos e pelo menos 1,5 mil presos.