Maduro busca apoio de países islâmicos contra crise na Venezuela
O presidente viajou ao Cazaquistão para romper o isolamento diplomático, reforçar a independência financeira e evitar um colapso econômico de eu país
EFE
Publicado em 11 de setembro de 2017 às 06h33.
Astana - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro , buscou apoios no mundo islâmico em sua queda de braço com os Estados Unidos, tanto no plano politico como petroleiro, ao participar da cúpula da Organização para a Cooperação Islâmica (OIC).
"O povo venezuelano, especialmente nos últimos seis meses, foi testemunha de invasões e intervenções dos Estados Unidos, mas resistiremos a essas pressões mantendo a nossa unidade", disse Maduro ao se reunir com o presidente do Irã, Hassan Rohani.
Maduro chegou na noite de sábado a Astana, capital do Cazaquistão, para participar da cúpula islâmica com o objetivo de romper o isolamento diplomático, reforçar a independência financeira e evitar um possível colapso econômico de eu país devido à nova leva de sanções dos EUA.
Além de debater os temas "petróleo, geopolítica e cooperação" com Rohani, Maduro se reuniu também com outro líder regional, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e foi recebido pelo presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev.
Em sua chegada à capital do país centro-asiático, Maduro ratificou que a missão da "visita relâmpago" era diversificar as relações econômicas com os países árabes e consolidar os laços com os países que não são membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
Na viagem ao Cazaquistão para "abrir portas", Maduro fez uma breve escala na Argélia, um dos maiores produtores mundiais de gás e petróleo.
O presidente venezuelano foi convidado a participar da cúpula da OIC, que é integrada por 57 países, como presidente do Movimento de Países Não Alinhados (MNOAL), cargo que ocupará até 2019.
"É tempo de lutar por outro mundo. É tempo de lutar por um mundo sem guerras, sem terrorismos, sem impérios hegemônicos", disse, em clara alusão aos Estados Unidos, país ao qual acusa de pressões para provocar sua derrubada.
Maduro destacou que que só com união as duas organizações poderão "avançar nestes objetivos de justiça e paz".
"Na Venezuela revolucionária e bolivariana, acreditamos profundamente que é tempo para o diálogo, para um diálogo profundo de culturas, civilizações e de religiões", insistiu.
O presidente venezuelano apontou que as duas organizações compartilham princípios como o "multilateralismo inclusivo", que ele classificou como "ferramenta mais efetiva" para encarar os desafios globais.
"E a rejeição da ameaça ou uso da força contra a integridade territorial ou independência política dos países e a rejeição da imposiçâo de sanções unilaterais em conformidade com as disposições da carta das Nações Unidas e as normas do direito internacional", acrescentou.
Maduro também destacou a postura comum de "defesa da resolução pacífica de controvérsias, da democracia, do desenvolvimento e do respeito a todos os direitos humanos e às liberdades fundamentais".
Quanto ao conflito palestino-israelense, ele disse que a organização que presidirá até 2019 pede com urgência "uma solução justa, duradoura, integral e pacífica para o conflito" e "condena as práticas ilegais da potência ocupante".
Maduro tinha em Astana encontros com representantes dos países membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) e com outros produtores que não fazem parte do bloco.
A seus interlocutores, ele pretendia apresentar o congelamento do preço do petróleo em relação com a cúpula da Opep que será realizada em 22 de setembro em Viena, na qual a organização pode prorrogar a decisão tomada em dezembro do ano passado de cortar a produção para aumentar os preços da matéria-prima.
Maduro reconheceu que planejava apresentar em Astana uma fórmula para estabilizar e levar os preços dos barriis de petróleo e de gás a níveis sustentados.
O ministro de Petróleo venezuelano, Eulogio del Pino, participou no sábado em Astana de reuniões com países produtores e explicou que o objetivo da proposta é estabilizar não só os preços do petróleo, mas também os do gás e de outras fontes de energia.
Antes de viajar ao Cazaquistão, Maduro anunciou que, com o objetivo de reduzir a dependência da Venezuela do dólar e das pressões dos Estados Unidos, Caracas se propõe vender gás e petróleo em iuanes, ienes, rublos e rúpias, entre outras moedas.
Essas medidas visam fortalecer o "modelo socialista" implantado nas últimas duas décadas pelo movimento chavista no país caribenho.
Maduro viaja acompanhado de uma delegação de parlamentares constituintes liderada pelo presidente da comissão internacional, Adán Chávez, irmão mais velho do falecido líder venezuelano e antecessor de Maduro, Hugo Chávez.
Os venezuelanos votaram neste domingo nas primárias convocadas pela coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática para escolher seus candidatos unitários para o pleito para governadores que acontecerá em outubro.