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Maduro acumula crises após 100 dias sem Chávez

A dura eleição contra o líder opositor Henrique Capriles, a alta da inflação decorrente da desvalorização do bolívar e da escassez de produtos básicos fizeram Maduro adotar uma linha mais pragmática

O presidente venezuelano Nicolás Maduro: clima de tensão política desde que foi eleito na Venezuela (Juan Mabromata/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2013 às 09h08.

Os primeiros 100 dias da morte do líder venezuelano Hugo Chávez foram marcados pela instabilidade econômica e política e pela tentativa do herdeiro político do bolivariano, Nicolás Maduro, de contorná-la. A dura eleição contra o líder opositor Henrique Capriles, a alta da inflação decorrente da desvalorização do bolívar e da escassez de produtos básicos fizeram Maduro adotar uma linha mais pragmática, segundo analistas.

Com menos de um mês da morte de Chávez, Maduro enfrentou uma disputa acirrada nas urnas contra Capriles. A vitória chavista pela estreita margem de 1,5 ponto porcentual abriu espaço para a Mesa de Unidade Democrática (MUD) - coalizão de partidos opositores venezuelanos - protestar contra o resultado e exigir uma recontagem. Houve denúncias de fraude. Os protestos dos dias que se seguiram à eleição foram controlados pelo governo e a recontagem foi refeita parcialmente pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), que referendou a vitória de Maduro.

Nas semanas seguintes à eleição, a oposição contra-atacou com uma denúncia que tentou expor uma longa divisão entre as bases chavistas. Foi vazada para a imprensa uma gravação do jornalista chavista Mario Silva, então apresentador do programa La Hojilla, na TV estatal, com Aramis Palacios, do serviço secreto cubano, na qual o comunicador alerta para uma suposta ruptura no interior do chavismo em razão da insatisfação com Maduro.

Entre os conspiradores de um plano para derrubar o herdeiro político de Chávez estariam o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, e o ministro da Defesa, Diego Molero.

Silva acusou a CIA de ter feito uma montagem, mas nem mesmo os chavistas aceitaram sua versão. Ele saiu do ar depois de jurar lealdade ao presidente. Maduro tentou contornar a crise aparecendo em público ao lado de Cabello durante exercícios militares. "O chavismo tem graves tensões internas com as quais tem dificuldade de lidar. Isso não é aberto publicamente, mas transparece em episódios como o de Mario Silva ou em trocas de ministros e diretores de estatais", diz o analista Omar Noria, da Universidade Simón Bolívar. "No começo, Maduro tentou emular Chávez e apelou para sua imagem, mas não tem o mesmo carisma dele. A política econômica, lentamente, começa a se transformar."

Na economia, os dois maiores desafios são a alta da inflação e a crise de desabastecimento. Chegou a faltar papel higiênico nos mercados e produtos como azeite, farinha de trigo e produtos de higiene são escassos. Em Zulia, o governo impôs uma restrição de consumo, para "controlar o contrabando de produtos básicos" na fronteira com a Colômbia.

A escassez, derivada, em parte, da falta de dólares à disposição de importadores para compras no exterior, diminuiu depois que Maduro acenou aos empresários com uma aproximação e facilitou a compra da moeda americana. A substituição de Jorge Giordani por Nelson Merentes no Ministério da Economia teria imprimido uma administração mais objetiva da economia.

"O governo tem sido mais pragmático, tentando estabilizar a economia, além de tentar sanar a crise de infraestrutura e a violência urbana", diz Oscar Reyes, consultor do canal chavista TVES. "Certamente, o governo recorda o discurso de Chávez, mas as medidas são mais pragmáticas. Nicolás sabe que, além da ideologia, precisa de resultados." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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Os primeiros 100 dias da morte do líder venezuelano Hugo Chávez foram marcados pela instabilidade econômica e política e pela tentativa do herdeiro político do bolivariano, Nicolás Maduro, de contorná-la. A dura eleição contra o líder opositor Henrique Capriles, a alta da inflação decorrente da desvalorização do bolívar e da escassez de produtos básicos fizeram Maduro adotar uma linha mais pragmática, segundo analistas.

Com menos de um mês da morte de Chávez, Maduro enfrentou uma disputa acirrada nas urnas contra Capriles. A vitória chavista pela estreita margem de 1,5 ponto porcentual abriu espaço para a Mesa de Unidade Democrática (MUD) - coalizão de partidos opositores venezuelanos - protestar contra o resultado e exigir uma recontagem. Houve denúncias de fraude. Os protestos dos dias que se seguiram à eleição foram controlados pelo governo e a recontagem foi refeita parcialmente pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), que referendou a vitória de Maduro.

Nas semanas seguintes à eleição, a oposição contra-atacou com uma denúncia que tentou expor uma longa divisão entre as bases chavistas. Foi vazada para a imprensa uma gravação do jornalista chavista Mario Silva, então apresentador do programa La Hojilla, na TV estatal, com Aramis Palacios, do serviço secreto cubano, na qual o comunicador alerta para uma suposta ruptura no interior do chavismo em razão da insatisfação com Maduro.

Entre os conspiradores de um plano para derrubar o herdeiro político de Chávez estariam o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, e o ministro da Defesa, Diego Molero.

Silva acusou a CIA de ter feito uma montagem, mas nem mesmo os chavistas aceitaram sua versão. Ele saiu do ar depois de jurar lealdade ao presidente. Maduro tentou contornar a crise aparecendo em público ao lado de Cabello durante exercícios militares. "O chavismo tem graves tensões internas com as quais tem dificuldade de lidar. Isso não é aberto publicamente, mas transparece em episódios como o de Mario Silva ou em trocas de ministros e diretores de estatais", diz o analista Omar Noria, da Universidade Simón Bolívar. "No começo, Maduro tentou emular Chávez e apelou para sua imagem, mas não tem o mesmo carisma dele. A política econômica, lentamente, começa a se transformar."

Na economia, os dois maiores desafios são a alta da inflação e a crise de desabastecimento. Chegou a faltar papel higiênico nos mercados e produtos como azeite, farinha de trigo e produtos de higiene são escassos. Em Zulia, o governo impôs uma restrição de consumo, para "controlar o contrabando de produtos básicos" na fronteira com a Colômbia.

A escassez, derivada, em parte, da falta de dólares à disposição de importadores para compras no exterior, diminuiu depois que Maduro acenou aos empresários com uma aproximação e facilitou a compra da moeda americana. A substituição de Jorge Giordani por Nelson Merentes no Ministério da Economia teria imprimido uma administração mais objetiva da economia.

"O governo tem sido mais pragmático, tentando estabilizar a economia, além de tentar sanar a crise de infraestrutura e a violência urbana", diz Oscar Reyes, consultor do canal chavista TVES. "Certamente, o governo recorda o discurso de Chávez, mas as medidas são mais pragmáticas. Nicolás sabe que, além da ideologia, precisa de resultados." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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