Repórter
Publicado em 19 de dezembro de 2025 às 06h56.
O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou nesta sexta-feira, 17, que não sabe se a França apoiará a assinatura do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, prevista para janeiro.
A declaração ocorreu após os países da UE decidirem adiar o ato que aconteceria inicialmente neste sábado, no Brasil, devido à oposição de alguns membros, incluindo a França e a Itália. A informação foi confirmada com exclusividade à EXAME.
"Não sei qual será a posição da França, é muito cedo para dizer", declarou Macron, após uma cúpula de líderes europeus em Bruxelas. O apoio francês ao acordo, no entanto, estará condicionado a garantias específicas, como uma dotação suficiente da política agrícola comum (PAC), que visa oferecer um “marco” à agricultura francesa, especialmente diante de desafios como as mudanças climáticas, a guerra na Ucrânia e a gripe aviária.
De acordo com Macron, os agricultores franceses "não querem nem ouvir falar" do Mercosul sem essas condições.
Embora tenha enfatizado a importância de proteger os interesses dos agricultores, o presidente francês também reconheceu que a França não tem poder para bloquear o acordo por si só. O pacto poderá ser levado adiante pela maioria qualificada dos países da UE.
Em resposta ao adiamento, a presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, afirmou que os países da UE precisam de mais algumas semanas para resolver questões internas, mas que o adiamento é apenas um pequeno passo e que o acordo com o Mercosul será assinado em janeiro.
“Alcançamos um avanço decisivo que abre caminho para a conclusão satisfatória do acordo em janeiro”, disse Von der Leyen.
Embora o acordo não estivesse oficialmente na pauta da cúpula europeia, o tema foi amplamente discutido. Durante o encontro, ficou claro que os países da UE ainda não haviam dado o mandato necessário à Comissão para assinar o acordo.
Von der Leyen enfatizou que o acordo, após 26 anos de negociações, é de vital importância para a Europa, tanto do ponto de vista econômico quanto geopolítico. Ela afirmou que os controles e salvaguardas adicionais no texto garantem a proteção dos agricultores e consumidores europeus, mesmo em um ano dominado por discussões sobre tarifas e restrições comerciais.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, comentou sobre o adiamento de três semanas, destacando que, após tantas negociações, "não se perde muito com este atraso". Ele também celebrou a unidade da UE e os esforços da Comissão para apresentar propostas que obtiveram apoio considerável no Parlamento Europeu.
*Com informações da EFE