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Macron e Scholz visitam Ucrânia pela 1ª vez e apoiam entrada na UE

Os líderes das duas maiores economias da Europa, Alemanha e França, além do premiê italiano Mario Draghi chegaram a Kiev pela primeira vez desde o início da guerra

Macron e Draghi: em visita a Kiev, líderes europeus prometeram apoiar entrada da Ucrânia na UE (AFP/AFP)

Macron e Draghi: em visita a Kiev, líderes europeus prometeram apoiar entrada da Ucrânia na UE (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 16 de junho de 2022 às 15h23.

Última atualização em 16 de junho de 2022 às 15h23.

Os líderes das principais potências da União Europeia (UE) endossaram a candidatura da Ucrânia ao bloco nesta quinta-feira, 16, em Kiev.

O presidente francês Emmanuel Macron e os chefes de governo da Alemanha Olaf Scholz e da Itália Mario Draghi chegaram a Kiev de trem, em sua primeira visita à Ucrânia desde o início da guerra em 24 de fevereiro.

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Eles imediatamente foram para Irpin, uma das cidades nos arredores da capital devastada pelos bombardeios russos no início do conflito. A eles se juntou em suas atividades o presidente da Romênia, Klaus Iohannis, outro país membro da UE.

"Nós quatro apoiamos o status de candidato imediato" da Ucrânia à adesão ao bloco, declarou Macron em entrevista coletiva com seus três colegas.

"A mensagem mais importante da nossa visita é que a Itália quer que a Ucrânia faça parte da UE", disse Draghi.

A Ucrânia "pertence à família europeia", destacou Scholz. A Alemanha "apoia a Ucrânia com a entrega de armas" e continuará a fazê-lo "pelo tempo que for necessário", acrescentou.

O presidente ucraniano Volodimir Zelensky indicou pouco depois que seu país estava "determinado a trabalhar" para se tornar um membro pleno da UE.

Os Vinte e Sete decidirão em uma cúpula em 23 e 24 de junho se aceitam a Ucrânia como candidata oficial à adesão, iniciando um processo que pode levar anos. A Comissão Europeia (executivo da UE) deve anunciar sua posição na sexta-feira.

"Armas pesadas"

A Ucrânia também quer aderir à Otan, cujos membros se reunirão em Madri no final do mês, em uma cúpula da qual Zelensky participará por videoconferência.

Os países da aliança militar liderada pelos Estados Unidos vão falar não só sobre a entrega de armas à Ucrânia, mas também sobre o treinamento dado às tropas em Kiev e o reforço do flanco oriental da organização face à crescente ameaça russa.

Para parar a ofensiva de Moscou, a Ucrânia exige mais armas dos países ocidentais. "Indiquei nossas necessidades essenciais de defesa", disse Zelensky após se reunir com líderes europeus.

"Esperamos novas entregas, especialmente de armas pesadas, artilharia moderna, sistemas de defesa antiaérea", insistiu. A Alemanha tem sido frequentemente criticada por sua lentidão na entrega de armas.

"Cada entrega salva ucranianos. Cada dia que as decisões são atradas ou adiadas é uma oportunidade para o exército russo matar ucranianos ou arruinar nossas cidades", disse Zelensky.

Macron anunciou a entrega à Ucrânia de seis armas César adicionais. Kiev já tem 12 dessas armas. "A Ucrânia tem que ser capaz de resistir e vencer", sublinhou o líder francês durante a visita a Irpin.

Os Estados Unidos anunciaram na quarta-feira um novo pacote de ajuda militar de US$ 1 bilhão que incluirá artilharia, sistemas de defesa antinavio, munição e sistemas avançados de mísseis.

Mas o Kremlin não mostra sinais de recuar com esses anúncios. Fornecer armas para a Ucrânia "é totalmente inútil e só causará mais danos ao país", disse o porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov.

"Reconstruiremos tudo"

Líderes europeus visitaram a cidade devastada de Irpin, caminhando entre prédios destruídos e carros carbonizados.

"Vamos reconstruir tudo", declarou Draghi. "Destruíram jardins de infância, playgrounds. Tudo será reconstruído", prometeu.

Centenas de civis foram mortos em Irpin, Bucha e Borodianka, nos arredores de Kiev, durante a ocupação russa em março. Organizações internacionais tentam determinar quem é o culpado desses crimes de guerra, que Kiev atribui às forças russas.

A visita dos líderes europeus ocorre em um momento em que as tropas russas apertam o cerco na bacia de mineração de Donbass, formada pelas regiões de Luhansk e Donetsk e parcialmente controlada por separatistas pró-russos desde 2014.

Após desistir da captura de Kiev em março, Moscou pretende conquistar toda essa área e concentra suas tropas em Severodonetsk e Lysychansk, duas cidades vizinhas que são fundamentais nessa ofensiva.

"Cada dia é mais difícil"

"A cada dia é mais difícil, os russos trazem mais e mais armas para a cidade e tentam atacar de várias direções", disse Oleksander Striuk, prefeito de Severodonetsk.

Parte das tropas ucranianas na cidade se barricaram na fábrica de produtos químicos Azot, junto com cerca de 500 refugiados civis, segundo Striuk. No total, cerca de 10.000 civis permanecem na cidade, que tinha cerca de 100.000 habitantes antes da guerra, disse Sergei Gaidai, governador da região de Luhansk.

Segundo Gaidai, "o exército russo perde centenas de combatentes, mas encontra reservas e continua a destruir Severodonetsk". Mas "nossos militares mantêm a defesa", disse ele.

A Rússia também atacou a região nordeste de Sumy com mísseis nesta quinta-feira, deixando quatro mortos e seis feridos, informou o governador Dmytro Zhyvytsky no Telegram.

Na esfera econômica, a gigante russa Gazprom continua reduzindo o volume de suas entregas para a Europa, em resposta às sanções internacionais contra Moscou.

"É nosso produto, são nossas regras", disse o chefe da Gazprom, Alexei Miller.

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