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Macron chega ao Líbano no centenário do país, em clima de velório

Criado em 1920, após a 1ª Guerra, país enfrenta uma das piores crises de sua história; presidente francês tenta convencer o governo a realizar reformas

Crianças palestinas acendem velas em solidariedade ao povo libanês após explosão na região portuária de Beirute 05/08/2020 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa (Ibraheem Abu Mustafa/Reuters)
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Carla Aranha

Publicado em 31 de agosto de 2020 às 18h39.

Última atualização em 31 de agosto de 2020 às 21h24.

O presidente Emmanuel Macron chegou nesta segunda-feira, dia 31, ao Líbano , pouco antes da celebração do centenário do país — o momento também não poderia ser mais soturno, com milhares de desabrigados pela explosão no Porto de Beirute e uma economia à beira do colapso. A visita do mandatário francês também revela um caráter simbólico. Logo depois do fim da Primeira Guerra Mundial, a França e o Reino Unido, os grandes vencedores do conflito, dividiram entre si o Oriente Médio, que pertencia ao Império Otamano.

Os países atuais da região, como o Líbano, foram desenhados no mapa por diplomatas europeus. Assim nasceu o Líbano, 100 anos atrás. Hoje, talvez não haja muito o que comemorar.

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A inflação chegou a 112% por ano em julho, 55% da população vive abaixo da linha da pobreza, 30% da força de trabalho está desempregada e a dívida pública chega a mais de 150% do PIB. Desde a explosão no Porto de Beirute no dia 4 de agosto, milhares de famílias não conseguiram recuperar suas casas, destruídas pelos destroços.

Macron chega ao Líbano com o objetivo de tentar convencer, mais uma vez, o governo libanês a promover reformas estruturantes para tirar o país da lama. Pelo menos desde o ano passado, a França e outros países têm feito o mesmo apelo. O Fundo Monetário Internacional (FMI) vinculou um empréstimo milionário à realização de reformas.

O novo primeiro-ministro do Líbano,Mustapha Adib, de 48 anos, que assumiu sua nova função nesta segunda, disse que pretende conduzir reformas "imediatamente". A desconfiança com a classe política, no entanto, é generalizada — dentro e fora do país. Também é preciso um plano (e recursos) para arcar com os prejuízos provocados pela explosão que desalojou 300.000 pessoas.

As perdas são estimadas em até 8,1 bilhões de dólares, segundo o Banco Mundial. O volume de recursos necessários para o país superar a tragédia humanitária e econômica é da ordem de pelo menos 605 bilhões de dólares — e esse dinheiro não está disponível. Décadas de descontrole fiscal e uma economia mal planejada depauperaram o país e fizeram que as reservas em moeda americana chegassem a um nível crítico.

Durante sua visita ao país no dia 6 de agosto, dois dias depois da explosão que deixou 6.000 feridos e quase 200 mortos, o presidente francês defendeu um novo "pacto politico" e reformas urgentes.

Nesta segunda, em sua segunda viagem ao Líbano desde agosto, Macron visita o país junto com o ministro de Negócios Estrangeiros da França, Jean-Yves Le Drian, e o ministro da Saúde, Olivier Véran. Ele foi recebido no aeroporto pelo presidente Michel Aoun e deve se encontrar com o novo primeiro-ministro, Mustapha Adib, até pouco tempo atrás praticamente desconhecido da população libanesa.

Adib foi escolhido para substituir Hassan Diab, que renunciou no dia 10 de agosto. O presidente francês deve permanecer no Líbano até nessa terça, quando viaja para o Iraque.

 

 

 

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