Lula critica falta de reação da UE diante da crise
Em discurso na cúpula da União Europeia e América Latina, o presidente pediu a criação de um sistema de governança econômica global
Da Redação
Publicado em 19 de maio de 2010 às 11h18.
Madri - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira, em Madri, a falta de reação da União Europeia (UE) diante da crise econômica, e pediu a criação de um sistema de governança econômica mundial.
"Alugém pode me responder por que a Alemanha demorou tanto tempo para ajudar a Grécia? Como pode a toda-poderosa Europa demorar três meses para ajudar a Grécia?", questionou Lula, durante uma conferência sobre a economia brasileira em Madri.
"Por que os países perderam o poder de fazer política monetária e dependem de uma decisão coletiva, que não é uma decisão coletiva e sim individual, porque quem tem dinheiro é quem acaba tomando a decisão?", completou o presidente brasileiro, no último ato de sua visita à Espanha.
"Em um momento de crise econômica, temos que ter uma instância multilateral que chame à discussão, porque o G-20 funcionou em um primeiro momento, mas sua influência é muito pequena; não sabemos como o mundo pode continuar sem uma governança global", lamentou.
A situação da Grécia provocou na zona euro "um pânico que pode se estender para outros países", segundo ele. Na Espanha, o presidente do governo, José Luis Rodríguez Zapatero, "está pagando por uma crise com a qual não tem nada a ver, enquanto os responsáveis pela crise fazem como se não tivesse nada a ver com eles", afirmou Lula.
Espanha e seu vizinho Portugal "sofrem mais porque são menores, em uma Europa com outros poderosos, mas debilitada pela falta de controle do sistema financeiro", disse ainda, advertindo que "a crise não acabou e não conhecemos seus efeitos".
O presidente Lula conclui nesta quarta-feira uma visita a Madri, onde participou na VI Cúpula entre a União Europeia (UE), a América Latina e o Caribe na terça-feira e na cúpula UE-Mercosul na segunda-feira, na qual as duas partes anunciaram que continuarão a negociacão de um acordo de liberalização do comércio.