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Lubitz temia perder licença de voo por problemas de saúde

Há a hipótese de que o copiloto tenha jogado o avião desesperado perante a possibilidade de perder sua licença para pilotar

Andreas Lubitz: ele tinha que renovar sua licença de voo no próximo mês de junho (Reuters)
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Da Redação

Publicado em 31 de março de 2015 às 06h36.

Berlim - A investigação alemã da tragédia aérea dos Alpes, na qual morreram 150 pessoas há uma semana, trabalha com a hipótese de que Andreas Lubitz jogou o avião contra as montanhas desesperado perante a possibilidade de perder sua licença de piloto devido a seus problemas médicos.

O popular jornal alemão "Bild" publica nesta terça-feira as declarações de um investigador do caso nas quais reconhece que as investigações apontam que este é o "principal motivo" que levou Lubitz a fazer cair propositalmente o Airbus 320 da companhia alemã de baixo custo Germanwings, filial da Lufthansa , que viajava entre Barcelona (Espanha) e Düsseldorf (Alemanha).

"O principal motivo para nós neste momento é que Lubitz provavelmente tinha medo de perder sua licença de voo por seus problemas de saúde", comentou o investigador, que não é identificado.

Segundo essa fonte, por esse motivo, faria sentido que o copiloto ocultasse da empresa as licenças médicas que recebia e que visitasse diferentes médicos na busca de uma segunda opinião.

Segundo distintas informações, Lubitz tinha que renovar sua licença de voo no próximo mês de junho.

O "Bild" informa ainda que o copiloto do voo 4U 9525, um alemão de 27 anos, esteve em "pelo menos em três ocasiões" na clínica universitária de Düsseldorf entre fevereiro e março deste ano.

A procuradoria federal alemã indicou ontem que o copiloto recebeu há anos, e durante um longo período, tratamento psicoterapêutico por "tendências suicidas".

Isto se unia à paralisação brusca que o jovem realizou em 2009 durante sua formação como piloto devido a uma depressão.

Além disso, o "Bild" publicou no último domingo que Lubitz estava sendo tratado por um possível descolamento de retina.

São Paulo – Autoridades da França revelaram nesta manhã que o acidente com o Airbus A320 da Germanwings pode ter sido causado por ações de seu copiloto, o alemão Andreas Lubitz. Ele teria trancado o piloto do lado de fora da cabine e acionado o mecanismo de descida do avião, fazendo com que se chocasse contra o solo nos Alpes franceses e matando 150 pessoas. Este episódio, contudo, não é o primeiro da história da aviação no qual um membro da tripulação age de maneira deliberada a causar a queda de uma aeronave. A Aviation Safety Network, site que mantém registros destes incidentes, conta com uma relação de acidentes aéreos cujas investigações revelaram terem sido causados pelos próprios pilotos ou copilotos. Confira nas imagens.
  • 2. Voo 470 da Linhas Aéreas de Moçambique

    2 /7(Christian Volpati/WikimediaCommons)

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    Em 29 de novembro de 2013, uma aeronave da Linhas Aéreas de Moçambique percorria o trajeto entre Maputo, em Moçambique, e Luanda, em Angola, quando caiu em um parque nacional na Namíbia matando 33 pessoas. De acordo com análises feitas nas caixas-pretas, o piloto Hermínio dos Santos Fernandes teve a intenção de causar acidente ao trancar o copiloto do lado de fora da cabine e acionar o piloto automático, ignorando os alertas emitidos pela aeronave. Até hoje, as razões que levaram o piloto a derrubar o avião são desconhecidas. Segundo a ASN, Fernandes havia perdido um filho cerca de um ano antes da tragédia e enfrentava problemas em seu casamento. Na imagem, um avião similar ao que se envolveu no acidente.
  • 3. Voo 990 da EgyptAir

    3 /7(Konstantin von Wedelstaedt/WikimediaCommons)

  • Em 31 de outubro de 1999, um Boeing 767 da EgyptAir caiu no oceano cerca de duas horas depois de ter decolado do aeroporto JFK em Nova York matando 217 pessoas. De acordo com a ASN, o copiloto Gameel Al-Batouti desligou o piloto automático e mergulhou o avião no mar. Análises da caixa-preta mostraram que, momentos antes, o piloto havia deixado a cabine e, ao retornar, não entendeu o que estava acontecendo. Teria então gritado com o copiloto perguntando o que ele estava fazendo. A resposta, contudo, foi apenas “eu confio em Deus”.  Não se sabe ao certo o que levou Al-Batouti a realizar esta ação, mas as investigações mostraram que foi ela a causa inicial do acidente.
  • 4. O voo 630 da Royal Air Maroc

    4 /7(Reprodução/Facebook)

    A aeronave decolou em 21 de agosto de 1994 de Agadir, no Marrocos, com destino a Casablanca. Cerca de dez minutos depois, se chocou contra uma cadeia montanhosa matando 44 pessoas. De acordo com a ASN, o piloto Younes Khayati teria deliberadamente desligado o piloto automático e direcionado a aeronave para o solo. A tese defendida por investigadores é contestada pela companhia aérea, que diz que ele não apresentava sinais de insatisfação ou frustração em sua vida.  Nesta imagem de divulgação, uma aeronave da Royal Air Maroc é vista em um aeroporto.
  • 5. O acidente com o ATR-42 da Air Botswana

    5 /7(Louisdefune/WikimediaCommons)

    O episódio aconteceu em 11 de outubro de 1999 em Gaborone, Botswana. Naquela manhã, o piloto embarcou só e decolou. Aos controladores aéreos, disse que desejava falar com várias pessoas, entre as quais o presidente do país e sua própria namorada. Depois de voar por duas horas, direcionou o avião ao solo, se chocando contra outros dois aviões que estavam na pista. Na época, ele estava afastado de suas funções por razões médicas e havia sido reprovado em testes psicológicos. Na imagem, um avião similar ao que se envolveu no acidente.
  • 6. O suicídio de um piloto russo

    6 /7(FlightG N Falcon/WikimediaCommons)

    Em 26 de setembro de 1976, um piloto russo decolou sem permissão do aeroporto de Novosibirsk-Severny, na Rússia, e jogou a aeronave contra o prédio no qual vivia sua ex-mulher. Ao todo, 12 pessoas morreram, com exceção da mulher. Na imagem, o aeroporto de onde decolou o piloto.
  • 7. Agora veja cenas da tragédia da Germanwings

    7 /7(Getty Images)

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