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Livro de filho de Kim Jong-il revela segredos da dinastia

Kim Jong-nam, filho mais velho do falecido ditador norte-coreano, revelou alguns segredos do regime comunista em um livro que já está batendo recordes de venda no Japão

No livro, Kim Jong-nam critica o sistema de sucessão hereditária da Coreia do Norte, onde a dinastia Kim sempre governou (Toshifumi Kitamura/AFP)

No livro, Kim Jong-nam critica o sistema de sucessão hereditária da Coreia do Norte, onde a dinastia Kim sempre governou (Toshifumi Kitamura/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2012 às 09h44.

Tóquio - Afastado de sua fama de bon vivant, Kim Jong-nam, filho mais velho do falecido ditador norte-coreano Kim Jong-il, revelou alguns segredos do regime comunista em um livro que já está batendo recordes de venda no Japão.

Em 250 páginas, o livro 'Meu pai Kim Jong-il e eu' (em tradução livre), do jornalista japonês Yoji Gomi, relata algumas intrigas que envolvem a dinastia Kim, uma das famílias mais misteriosas do mundo, por meio do olhar de um Kim Jong-nam distante da imagem de crápula como era visto pela imprensa.

A obra contém o material de três entrevistas pessoais e 150 e-mails nos quase sete anos de relação entre o jornalista e Kim Jong-nam e já vendeu cerca de 100 mil cópias no Japão desde que foi lançado na sexta-feira passada.

Em uma grande conferência no Centro de Imprensa Estrangeira de Tóquio, Gomi afirmou na quarta-feira passada que o filho mais velho de Kim Jong-il é uma pessoa sensata, inteligente e preocupada com o futuro e a precária situação dos norte-coreanos.

Fruto do casamento entre o ditador e a atriz Song Hye-rim, Kim Jong-nam emigrou à China em 1995 e vive entre Pequim e Macau, onde se sente feliz, não por gostar de cassinos, como se especulava, mas porque 'adora viver em liberdade', frisou Gomi.

Em seu exílio, amparado pelo Governo chinês, vive permanentemente cercado de gente que controla ou garante sua segurança, uma situação que se intensificou após a morte de seu pai e diante dos rumores de sua possível candidatura ao poder, afirmou o jornalista.


Após a morte de Kim Jong-il no último dia 17 de dezembro, seu filho mais novo, Kim Jong-un, de apenas 30 anos, foi nomeado novo 'líder supremo', embora para seu meio-irmão mais velho não seja mais que uma 'figura simbólica' controlada pelas elites do regime comunista.

No livro, Kim Jong-nam critica o sistema de sucessão hereditária da Coreia do Norte, onde a dinastia Kim sempre governou, algo com o qual nem sequer seu pai concordava.

Kim Jong-nam revelou a Gomi que embora Pyongyang 'venda' a imagem de uma sociedade que venera o comunismo, os jovens norte-coreanos estão mais interessados em moda e na música da vizinha Coreia do Sul, inimiga 'capitalista' do Norte.

Apesar de viver longe de Pyongyang, onde não retornou nem sequer para o funeral de seu pai, o filho do ditador mantém o contato com o regime e falava com Kim Jong-il por telefone em algumas ocasiões, disse o jornalista japonês.

Kim Jong-nam lembrou também quando seu pai o enviou à Suíça para estudar e ambos choraram na despedida, apesar de sua viagem à Europa ter provocado uma mudança na relação dos dois.

De acordo com o livro, na Suíça o jovem cultivou uma mentalidade capitalista e quando voltou à Coreia do Norte seu pai se mostrou preocupado com sua atitude. 'Certamente não correspondi suas expectativas', destacou.

Kim Jong-nam, que deve ter cerca de 40 anos, perdeu definitivamente a ajuda de seu pai quando em 2001 foi detido em um aeroporto de Tóquio com um passaporte dominicano falso que pretendia usar para entrar no Japão e supostamente visitar o parque da Disney.

Para o filho do ditador, ser interceptado no Japão foi uma experiência 'nada agradável', embora, em sua opinião, nesse momento fosse muito comum que os norte-coreanos tentassem viajar ao exterior com passaporte falso. 

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