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Lista negra dos EUA irrita Irã e provoca críticas da Rússia

Rússia alertou que a ampliação da lista dos Estados Unidos de pessoas e empresas sob sanção poderia complicar acordo nuclear


	Chanceler do Irã, Javad Zarif, e a chefe de política externa da União Europeia, Catherine Ashton, durante coletiva de imprensa em Genebra
 (Jason Reed/Reuters)

Chanceler do Irã, Javad Zarif, e a chefe de política externa da União Europeia, Catherine Ashton, durante coletiva de imprensa em Genebra (Jason Reed/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2013 às 17h12.

Viena/Moscou - O avanço no acordo para pôr fim ao impasse sobre o programa nuclear do Irã parece enfrentar sua primeira grande dificuldade nesta sexta-feira, quando a Rússia alertou que a ampliação da lista dos Estados Unidos de pessoas e empresas sob sanção poderia "complicar seriamente sua implementação".

A Rússia, que ao lado dos EUA, é uma das seis potências mundiais que negociaram com o Irã o acordo interino de 24 de novembro, endossou as críticas do Irã, ao dizer que a decisão do governo norte-americano viola o espírito do acordo e pode "bloquear as coisas".

Os Estados Unidos ampliaram na quinta-feira a lista negra de pessoas e empresas na mira das sanções já existentes para impedir que o Irã obtenha a capacidade de fabricar armas nucleares. O Irã nega ter o objetivo de produzir esse tipo de armamento.

Diplomatas disseram que o Irã, no que pareceu ser uma resposta, interrompeu conversações técnicas com as seis nações em Viena sobre a forma de implementar o acordo, pelo qual o governo iraniano deverá restringir suas atividades atômicas em troca de um alívio limitado nas sanções.

Os desdobramentos evidenciaram os potenciais obstáculos que os negociadores enfrentam para levar adiante os esforços com a finalidade de resolver uma década de disputas entre a República Islâmica e países ocidentais, as quais provocaram o temor de uma nova guerra no Oriente Médio.

Diplomatas ocidentais disseram que o encerramento inconclusivo das conversações de especialistas de ambas as partes, de 9 a 12 de novembro, não deveria ser visto como um sinal de que o acordo firmado há cerca de três semanas está com problemas.


Mas a Rússia deixou clara a sua preocupação.

"A decisão do governo dos EUA vai contra o espírito deste documento", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, referindo-se ao acordo de Genebra entre o Irã e os Estados Unidos, Rússia, China, França Grã-Bretanha e Alemanha.

"A ampliação das ‘listas negras' norte-americanas poderia complicar seriamente o cumprimento do acordo de Genebra, que propôs o relaxamento da pressão das sanções." A Rússia construiu a primeira usina de energia nuclear do Irã e tem relações muito melhores com o governo iraniano do que os países ocidentais. O governo russo apoiou quatro rodadas de sanções do Conselho de Segurança da ONU, cujo objetivo era controlar o programa nuclear do Irã, mas criticou os Estados Unidos e a Europa por imporem novas sanções.

Autoridades dos EUA disseram que a iniciativa da lista negra mostrava que o acordo de Genebra "não interfere e não vai interferir nos nossos esforços permanentes de expor e afetar aqueles que apoiam o programa nuclear iraniano ou que procuram contornar nossas sanções".

A nova medida, a primeira do gênero desde Genebra, teve como alvo entidades suspeitas de envolvimento na proliferação de materiais para armas de destruição em massa e de tentar descumprir as atuais sanções.

Alguns parlamentares dos EUA querem novas sanções contra o Irã, mas o governo do presidente Barack Obama vem se opondo a essas medidas, por ora, para que seja criado um espaço para uma ação diplomática que resolva o impasse nuclear.

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