Lira turca é a nova arma contra o regime de Bashar al Assad
O Tribunal Islâmico da cidade de Aleppo e sua periferia no mês passado pagou pela primeira vez os salários de seus 70 funcionários em liras turcas
Da Redação
Publicado em 25 de agosto de 2015 às 08h49.
Beirute - O conflito na Síria não é travado apenas no âmbito militar, mas também na área econômica, onde alguns grupos opositores se mostram decididos a substituir temporariamente a lira síria pela lira turca em áreas sob controle rebelde, com o objetivo de prejudicar o regime de Bashar al Assad .
Uma das instituições pioneiras em aplicar esta iniciativa foi o Tribunal Islâmico da cidade de Aleppo e sua periferia, vinculado aos insurgentes e que no mês passado pagou pela primeira vez os salários de seus 70 funcionários em liras turcas.
Um porta-voz da corte afirmou à Agência Efe pela internet que ela tomou como referência a taxa de câmbio da moeda síria em relação à turca, mas que a intenção é que no futuro os salários sejam calculados de forma independente, sem levar em conta esta taxa.
"Os trabalhadores receberam muito bem essa medida", declarou esse porta-voz, ressaltando que o objetivo é prejudicar o regime e preservar o poder aquisitivo dos cidadãos diante da desvalorização da lira síria.
Embora este tribunal seja uma das instituições opositoras que respaldam o projeto, Rami Sharrack, subdiretor executivo do Fórum Econômico Sírio (FES) - outra das organizações que estão por trás da iniciativa - afirma que esta corte começou a aplicá-lo de forma individual.
Outros envolvidos na proposta são economistas independentes, os conselhos locais de Aleppo e algumas facções rebeldes como Tayamo al Fastaqim (União dos Levantados) e o Exército dos Mujahedins.
Em nenhum caso está envolvida a Coalizão Nacional Síria (CNFROS), principal aliança política opositora com sede em Istambul, ou o governo interino da oposição, destacou Sharrack, que rejeitou, em declarações à Efe pela internet, qualquer tipo de relação com as autoridades turcas.
"Aleppo está muito perto da fronteira com a Turquia, e a maior parte das transações comerciais são com este país, por isso sugerimos a lira turca", esclareceu o analista.
A ideia de substituir a divisa síria por uma estrangeira surgiu diante da impossibilidade de emitir uma nova moeda, já que, segundo Sharrack, "os grupos que a sugeriram não são oficiais nem governamentais, e esta decisão requer um Ministério das Finanças e um Banco Central para cunhar uma nova divisa".
No entanto, os promotores do projeto já estão dando os primeiros passos e criaram o Comitê sírio para substituir temporariamente a moeda em circulação.
Um de seus membros, Mohammed al Bakur, integrante do Conselho de Administração do Sindicato de Economistas Sírios, disse à Efe que este órgão está ativo há três meses, nos quais constituiu vários grupos de trabalho, que incluem representantes de diferentes setores de Aleppo.
Segundo Bakur, os estudos elaborados apontam que a substituição da lira síria de forma generalizada pela turca teria teria repercussões negativas, sobretudo para as áreas em poder do regime.
"Haveria uma queda da capacidade de compra dos funcionários que recebem salários do governo e dos cidadãos que vivem em áreas controladas pelas autoridades", afirmou Bakur.
Segundo ele, o valor atual da moeda nacional não é real, porque depende da situação política e do apoio russo e iraniano ao regime.
De qualquer forma, Bakur advertiu que o projeto está pensado para transações pequenas e não para as grandes, que costumam ser efetuadas em euro ou em dólar.
"Seria preciso conscientizar e informar a população a respeito desta decisão", ponderou Bakur, reforçando que a mudança de moeda seria temporária.
Por tratar-se de uma iniciativa independente do governo turco, como insistiu Bakur, a maneira de conseguir liras turcas com dinheiro é através de trocas comerciais com o país vizinho e por meio de casas de câmbio no território sírio.
"Seria realizada de forma gradual, e não seria obrigatória para os cidadãos", especificou.
O fato é que lhes resta uma árdua tarefa pela frente porque, como lembrou Sharrack, "devido às condições atuais na Síria, nenhum lugar pode aplicá-la ou impô-la por conta própria, e as pessoas comuns em Aleppo a rejeitam".
Isso porque a Síria vive uma disputa com envolvimento regional, na qual vários países estão envolvidos, e muitos veem com receio qualquer ação relacionada com a Turquia neste país, por mais que seus artífices neguem qualquer papel turco nesta proposta.
Beirute - O conflito na Síria não é travado apenas no âmbito militar, mas também na área econômica, onde alguns grupos opositores se mostram decididos a substituir temporariamente a lira síria pela lira turca em áreas sob controle rebelde, com o objetivo de prejudicar o regime de Bashar al Assad .
Uma das instituições pioneiras em aplicar esta iniciativa foi o Tribunal Islâmico da cidade de Aleppo e sua periferia, vinculado aos insurgentes e que no mês passado pagou pela primeira vez os salários de seus 70 funcionários em liras turcas.
Um porta-voz da corte afirmou à Agência Efe pela internet que ela tomou como referência a taxa de câmbio da moeda síria em relação à turca, mas que a intenção é que no futuro os salários sejam calculados de forma independente, sem levar em conta esta taxa.
"Os trabalhadores receberam muito bem essa medida", declarou esse porta-voz, ressaltando que o objetivo é prejudicar o regime e preservar o poder aquisitivo dos cidadãos diante da desvalorização da lira síria.
Embora este tribunal seja uma das instituições opositoras que respaldam o projeto, Rami Sharrack, subdiretor executivo do Fórum Econômico Sírio (FES) - outra das organizações que estão por trás da iniciativa - afirma que esta corte começou a aplicá-lo de forma individual.
Outros envolvidos na proposta são economistas independentes, os conselhos locais de Aleppo e algumas facções rebeldes como Tayamo al Fastaqim (União dos Levantados) e o Exército dos Mujahedins.
Em nenhum caso está envolvida a Coalizão Nacional Síria (CNFROS), principal aliança política opositora com sede em Istambul, ou o governo interino da oposição, destacou Sharrack, que rejeitou, em declarações à Efe pela internet, qualquer tipo de relação com as autoridades turcas.
"Aleppo está muito perto da fronteira com a Turquia, e a maior parte das transações comerciais são com este país, por isso sugerimos a lira turca", esclareceu o analista.
A ideia de substituir a divisa síria por uma estrangeira surgiu diante da impossibilidade de emitir uma nova moeda, já que, segundo Sharrack, "os grupos que a sugeriram não são oficiais nem governamentais, e esta decisão requer um Ministério das Finanças e um Banco Central para cunhar uma nova divisa".
No entanto, os promotores do projeto já estão dando os primeiros passos e criaram o Comitê sírio para substituir temporariamente a moeda em circulação.
Um de seus membros, Mohammed al Bakur, integrante do Conselho de Administração do Sindicato de Economistas Sírios, disse à Efe que este órgão está ativo há três meses, nos quais constituiu vários grupos de trabalho, que incluem representantes de diferentes setores de Aleppo.
Segundo Bakur, os estudos elaborados apontam que a substituição da lira síria de forma generalizada pela turca teria teria repercussões negativas, sobretudo para as áreas em poder do regime.
"Haveria uma queda da capacidade de compra dos funcionários que recebem salários do governo e dos cidadãos que vivem em áreas controladas pelas autoridades", afirmou Bakur.
Segundo ele, o valor atual da moeda nacional não é real, porque depende da situação política e do apoio russo e iraniano ao regime.
De qualquer forma, Bakur advertiu que o projeto está pensado para transações pequenas e não para as grandes, que costumam ser efetuadas em euro ou em dólar.
"Seria preciso conscientizar e informar a população a respeito desta decisão", ponderou Bakur, reforçando que a mudança de moeda seria temporária.
Por tratar-se de uma iniciativa independente do governo turco, como insistiu Bakur, a maneira de conseguir liras turcas com dinheiro é através de trocas comerciais com o país vizinho e por meio de casas de câmbio no território sírio.
"Seria realizada de forma gradual, e não seria obrigatória para os cidadãos", especificou.
O fato é que lhes resta uma árdua tarefa pela frente porque, como lembrou Sharrack, "devido às condições atuais na Síria, nenhum lugar pode aplicá-la ou impô-la por conta própria, e as pessoas comuns em Aleppo a rejeitam".
Isso porque a Síria vive uma disputa com envolvimento regional, na qual vários países estão envolvidos, e muitos veem com receio qualquer ação relacionada com a Turquia neste país, por mais que seus artífices neguem qualquer papel turco nesta proposta.