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Líder rebelde curdo anuncia fim das hostilidades

Abdullah Ocalan ordenou a seus combatentes um cessar-fogo e a retirada do território turco


	Membro do movimento separatista curdo: "Que as armas sejam silenciadas e a política domine", disse Abdullah Ocalan diante de um mar de bandeiras nas cores curdas.
 (©AFP/File / Mustafa Ozer)

Membro do movimento separatista curdo: "Que as armas sejam silenciadas e a política domine", disse Abdullah Ocalan diante de um mar de bandeiras nas cores curdas. (©AFP/File / Mustafa Ozer)

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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2013 às 15h08.

Diyarbakir - O encarcerado líder rebelde curdo, Abdullah Ocalan, ordenou a seus combatentes um cessar-fogo e a retirada do território turco, nesta quinta-feira, como um passo para acabar com um conflito que já matou 40 mil pessoas e atingiu a população e a economia da Turquia.

Centenas de milhares de curdos, reunidos no centro regional Diyarbakir, aplaudiram e acenaram bandeiras com a imagem de Ocalan quando uma carta do líder rebelde, preso desde 1999 em uma ilha no mar de Mármara, foi lida por um político pró-curdos.

"Que as armas sejam silenciadas e a política domine", disse ele diante de um mar de bandeiras nas cores curdas: vermelho, amarelo e verde. "Foi alcançado um estágio onde as nossas forças armadas devem se retirar de além das fronteiras... Não é o final. É o início de uma nova era." O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, assumiu riscos consideráveis ​​desde que foi eleito, em 2002, quebrando tabus enraizados em uma sociedade conservadora, não apenas nas Forças Armadas, ao estender os direitos culturais e de idioma aos curdos. Mas ativistas curdos exigem maior liberdade de Ancara.

Erdogan, falando na Holanda, saudou o anúncio do cessar-fogo, mas disse que o verdadeiro teste será colocá-lo em ação. Operações militares podem parar se as armas rebeldes se calaram, disse ele.

"A partir do momento em que for implementado (o cessar-fogo), a atmosfera na Turquia vai mudar. Acredito nisso", disse ele, ressaltando, no entanto, que sentiu falta da bandeira vermelha da Turquia no comício em Diyarbakir.


Erdogan precisará conduzir uma sociedade cética conservadora da Turquia, assim como Ocalan deverá articular de sua prisão para manter a obediência dos combatentes curdos abrigados nas montanhas remotas do Qandil, norte do Iraque.

Ocalan não estabeleceu nenhuma data. Os rebeldes devem se retirar para bases no Qandil, que eles têm usado como plataforma para ataques na Turquia e que já foram bombardeadas pela Força Aérea turca.

No fundo de um grande vale abaixo das montanhas cobertas de neve em Qandil, mais de mil combatentes, homens e mulheres vestidos com uniforme de combate e fuzis, ouviam música e comiam kebabs ao celebrar o ano novo curdo. Civis usavam trajes coloridos curdos, e crianças brincavam com pipas ao redor.

"Estamos 100 por cento atrás do nosso líder", disse o membro do PKK Roj Welat. Canções foram cantadas glorificando "Apo", como ele é conhecido, e pedindo sua libertação da prisão.

O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado pelos Estados Unidos, União Europeia e Turquia como um grupo terrorista, lançou sua campanha em 1984, exigindo um Estado curdo independente no sudeste da Turquia.

Desde então, moderou suas demandas de autonomia política e mais amplos direitos culturais em um local onde a língua curda foi formalmente proibida por muito tempo.


"Há uma mudança estratégica acontecendo", disse Ertugrul Kurkcu, um parlamentar do partido pró-curdo BDP. "O movimento de libertação curdo está se movendo de uma campanha armada para um cultural. E o PKK aceita isso." Tréguas foram declaradas e negociações secretas realizadas com o PKK no passado, mas desta vez as expectativas têm sido alimentadas pela transparência com que as negociações foram conduzidas.

Na noite de terça-feira, militantes lançaram bombas e mísseis sobre o escritórios do governo turco e do partido governista, na noite de terça-feira, em ataques que Erdogan disse que eram destinados a fazer descarrilar o processo de paz.

Reportagem adicional de Isabel Coles, em Qandil, norte do Iraque, e Cakan Seyhmus, em Diyarbakir)

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