O presidente da Assembleia Nacional (parlamento) da Venezuela, o opositor Julio Borges (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
EFE
Publicado em 8 de fevereiro de 2017 às 10h53.
Brasília - O presidente da Assembleia Nacional (parlamento) da Venezuela, o opositor Julio Borges, se reunirá nesta quarta-feira em Brasília com os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira, e também será recebido pelo ministro das Relações Exteriores José Serra, informaram à Agência Efe fontes ligadas ao deputado venezuelano.
Borges deve apresentar a "difícil situação" vivida em seu país, que está imerso em uma profunda crise econômica, com grave escassez de produtos básicos, em meio ao prolongado conflito político entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição, segundo as fontes.
Ontem, Borges divulgou uma carta que recebeu do presidente Michel Temer, na qual este informava que o governo de Maduro tinha rejeitado uma carga de remédios que o Brasil estava disposto a enviar como ajuda humanitária.
"Oferecemos ajuda humanitária, em particular, inclusive pela doação de remédios. Infelizmente, a oferta não foi aceita", diz a carta datada de 3 de fevereiro e assinada por Temer.
O presidente do Brasil garantiu que seu governo, considerado "de facto" por Caracas, segue disposto "a contribuir na medida do possível" para aliviar a grave crise que atravessa a Venezuela, sempre "no mais absoluto respeito" a sua soberania.
Também ontem, Temer recebeu em Brasília o presidente da Argentina, Mauricio Macri, com quem dedicou à crise venezuelana um parágrafo de um comunicado conjunto.
Segundo essa nota, ambos os líderes expressaram sua "preocupação com a situação política, social e humanitária da Venezuela".
Além disso, os dois "reiteraram seus votos de que o diálogo entre governo e oposição encontre caminhos para superar o difícil contexto em que o país se encontra".
Tanto Macri como Temer já tinham manifestado em diversos fóruns sua preocupação com a crise da Venezuela, que em dezembro foi suspensa do Mercosul.
A suspensão do bloco fundado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai foi decidida, segundo esses países, devido ao fato de que, após quatro anos de sua entrada, a Venezuela ainda não tinha concluído os trâmites necessários para que sua adesão fosse formalizada.
O governo venezuelano, no entanto, afirmou que ratificou a maior parte da legislação do bloco e atribuiu a suspensão a uma suposta "confabulação" de Brasil, Argentina e Paraguai contra a "revolução bolivariana".