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Líder do Hezbollah diz que 'nenhum lugar' de Israel estará a salvo em caso de guerra

Hassan Nasrallah disse que Estado judeu deve esperar por ataques do movimento xiita por 'terra, ar e mar'; chefe do grupo também ameaçou o Chipre e outras partes do Mediterrâneo

Chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, faz discurso televisionado em local não divulgado no Líbano (Al-Manar/AFP)

Chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, faz discurso televisionado em local não divulgado no Líbano (Al-Manar/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 19 de junho de 2024 às 16h21.

Última atualização em 19 de junho de 2024 às 17h00.

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O chefe do movimento xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse nesta quarta-feira que nenhum lugar em Israel estaria seguro caso uma guerra em grande escala tenha início entre os dois. Em discurso durante um memorial para Taleb Abdallah, comandante do grupo que foi morto no início deste mês por um ataque israelense, Nasrallah afirmou que a “invasão da Galileia continua na mesa” caso os combates se acentuem. Ele ainda ameaçou Chipre e outras partes do Mediterrâneo.

O Hezbollah tem trocado tiros com Israel há mais de oito meses, ação realizada como sinal de apoio ao grupo terrorista Hamas na guerra em Gaza.

Nesta terça-feira, o grupo, que é financiado pelo Irã, publicou o que disse ser imagens de drone de áreas sensíveis no território israelense, incluindo portos marítimos e aéreos da importante cidade de Haifa, informou o jornal The Guardian. Caso seja constatada sua veracidade, os registros acendem um alerta quanto ao sistema de segurança israelense ao sugerir uma vulnerabilidade maior à incursão de drones em seu território.

Nasrallah mencionou o material nesta quarta e pontuou que essas eram apenas “parte de muitas horas de filmagem da cidade de Haifa”. Segundo ele, o grupo agiu “de forma precisa para danificar ativos tecnológicos a fim de levar Israel para um estado de cegueira”. As imagens, segundo descrição do Guardian e da AFP, mostram áreas residenciais, militares, de defesa e energia, além de instalações portuárias. Também foram registradas partes de uma fábrica da empresa de defesa Rafael, incluindo baterias do sistema de defesa aéreo israelense Domo de Ferro.

Dado o cenário de hostilidade na fronteira, a lacuna na segurança expõe uma dificuldade de Israel em interceptar os ataques do movimento xiita. Especialistas ouvidos pelo jornal britânico explicam que o Hezbollah tem utilizado uma combinação de táticas para não ter seus drones detectados, incluindo voar baixo e usar múltiplos canais para evitar a interferência da tecnologia. Segundo o Guardian, autoridades do Estado judeu revelaram ter começado a investir milhões de shekels para combater a ameaça.

‘Banco de alvos’

De acordo com o chefe do Hezbollah, o grupo possui um “banco de alvos” que poderia atingir com ataques de precisão. Ele acrescentou que Israel sabe que, “diante de uma batalha dessa magnitude, deve nos esperar em terra, no ar e no mar”. Já sobre o Chipre, uma pequena nação insular da União Europeia localizada a cerca de 300 quilômetros de Israel e 200 do Líbano, Nasrallah disse que represálias ocorreriam caso o governo local autorizasse Israel a usar seus aeroportos e bases para uma ofensiva.

"Abrir aeroportos e bases para o inimigo israelense atacar o Líbano significaria que o governo do Chipre é parte da guerra, e a resistência o considerará como parte da guerra", advertiu Nasrallah.

O Chipre não é conhecido por oferecer instalações terrestres ou bases para o Exército de Israel, mas permitiu no ano passado que as forças do país usassem seu vasto espaço aéreo para ocasionalmente realizar exercícios aéreos – embora nunca durante conflitos. De acordo com a agência Reuters, bases militares soberanas britânicas têm sido usadas pelo Reino Unido para operações na Síria e, mais recentemente, no Iêmen. O governo do Chipre, contudo, não tem influência sobre isso.

O Exército israelense anunciou nesta terça-feira que “os planos operacionais para uma ofensiva no Líbano” haviam sido “validados”, levando a uma escalada na retórica belicosa entre Israel e o Hezbollah. Na ocasião, o chefe da diplomacia israelense, Israel Katz, afirmou que as forças de seu país estão “muito perto do momento” em que decidirão “mudar as regras do jogo” contra o movimento xiita. Numa guerra total, disse, o “Hezbollah será destruído e o Líbano será duramente atingido”.

Um dia depois, nesta quarta, o grupo libanês afirmou ter disparado “dezenas de foguetes Katyusha (armamento construído e usado pela primeira vez pela União Soviética na Segunda Guerra) e projéteis de artilharia” em direção a um quartel no norte de Israel. A ação teria ocorrido em represália a ataques israelenses contra alvos no sul do Líbano que mataram quatro de seus combatentes.

"Recebemos novas armas, desenvolvemos algumas de nossas armas e guardamos outras para os próximos dias", disse o líder libanês.

Ainda conforme publicado pela Reuters, o grupo demonstrou pela primeira vez que poderia atingir um navio no mar ao atacar uma embarcação de guerra israelense no Mediterrâneo durante a guerra de 2006. Agora, relatos de mídia e analistas indicam que o Hezbollah adquiriu mísseis antinavio Yakhont de fabricação russa na Síria.

Funcionários da ONU expressaram preocupação com a escalada, e o enviado dos EUA, Amos Hochstein, viajou para Israel e Líbano para instar ambos os lados a não entrar em um conflito em grande escala. Ele também defendeu o plano de cessar-fogo na Faixa de Gaza, apresentado em 31 de maio pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmando que isso também representava “uma chance para acabar com as ofensivas” entre o Hezbollah e Israel.

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