Áreas desmatadas aparecem em vermelho no mapa do SAD: o Pará sozinho foi responsável por 68% do desmatamento na Amazônia em agosto de 2010.
Vanessa Barbosa
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
São Paulo - O segundo maior estado brasileiro é também o que mais desmata. De acordo com boletim divulgado pela organização não governamental Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), a Amazônia perdeu 210 quilômetros quadrados no mês de agosto. A fatia de responsabilidade atribuída ao Pará é de 68%, ou seja, 142 quilômetros quadrados de floresta.
Em julho passado, segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), o estado paraense também foi o que mais desmatou. No período, a Amazônia perdeu 155 km² de vegetação, sendo o Pará responsável por 51% ( 79 quilômetros quadrados). O resultado da soma das áreas depredadas nos dois meses é preocupante: sozinho, o Estado do Pará desmatou 220 quilômetros quadrados de floresta, o equivalente a 32 mil campos de futebol.
As causas por trás desse título inglório de maior desmatador são velhas conhecidas da sociedade. "No Pará, há uma intensa expansão ilegal de áreas de pastagem para pecuária e de agronegócios, principalmente os ligados à produção de soja", explica Sanae Hayashi, pesquisadora do Imazon. A exploração madeireira é outra vilã. "Em alguns municípios, essas atividades têm forte apelo econômico, sendo, muitas vezes, as que mais geram trabalho para a população", diz.
Segundo a pesquisadora do Imazon, a dois dias das eleições para governador, o debate político local parece ignorar as questões de preservação ambiental e de combate às atividades predatórias, cada vez mais crescentes no estado. Responsável por mais da metade do desmatamento na Amazônia Legal em agosto deste ano, o Pará é seguido de longe por Mato Grosso (11%), Amazonas (10%), Acre (6%) e Rondônia (5%).
Queimadas aumentaram a degradação florestal
No geral, o desmatamento na Amazônia em agosto de 2010 caiu 23% em relação ao mesmo mês em 2009, quando foi registrada perda de 273 quilômetros quadrados. Apesar disso, neste ano, houve um aumento significativo na degradação florestal (241%) que atingiu 1.549 quilômetros quadrados em agosto contra 455 quilômetros quadrados registrados no mesmo período de 2009.
De acordo com o Imazon, o aumento expressivo da área florestal degradada é resultado da alta incidência de focos de incêndio e queimadas registradas em agosto. " O calor e o tempo seco tornaram mais desastrosos os incêndios provocados ilegalmente por agricultores locais, que põem fogo na mata para ganhar área de cultivo", diz a pesquisadora do Imazon.
O monitoramento oficial do desmatamento na Amazônia é feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que ainda não tem previsão de divulgação dos números de agosto.
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