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Libertada, cidade de Tobruk clama 'Viva a Líbia, fora Kadafi!'

Grupo de soldados passou pela cidade, a bordo de uma caminhonete, saudando com o sinal da vitória e recebendo aplausos pelo caminho

Protesto em Tobruk, na Líbia: cidade agora controlada pela oposição tem 10 mil habitantes (Marco Longari/AFP)

Protesto em Tobruk, na Líbia: cidade agora controlada pela oposição tem 10 mil habitantes (Marco Longari/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2011 às 14h58.

Tobruk, Líbia - "Viva a Líbia, fora Kadafi!" foi o grito de guerra que ressoou na tarde desta sexta-feira em Tobruk (leste), cidade "libertada" pela oposição líbia, durante uma manifestação em frente à mesquita onde se reuniram mais de mil pessoas.

Convocada pelos opositores ao regime de Muammar Kadafi que controlam a cidade há uma semana, a mobilização ocorreu após a grande oração muçulmana da sexta-feira e ocorreu em clima de festa, com gente no teto da mesquita, bandeiras, buzinaços e cânticos.

"Líbia, Líbia, vamos, vamos!", cantavam com punho em riste alguns, com crianças levadas das mãos.

Muitos idosos também participaram da manifestação em Tobruk (a 130 km da fronteira com o Egito), organizada sob o olhar condescentente das forças militares e policiais que desertaram e se somaram à revolta.

Pouco antes da grande oração, um grupo de soldados passou, inclusive a bordo de uma caminhonete, saudando com o sinal da vitória e recebendo aplausos pelo caminho.

"A vida em Tobruk é normal", disse à AFP Mohamed Haduth, de 52 anos, explicando que as pessoas "se encarregaram de se organizar" sozinhas, depois de tomar o controle da cidade.

Este clima de fraternidade surrealista e auto-gestão não fez os manifestantes se esquecerem do motivo da mobilização: derrubar o regime atual, como já conseguiram fazer outros protestos similares na Tunísia e no Egito.

"Kadafi tem que deixar o nosso país. Ele nos trata como animais. Vivemos há 42 anos como animais, em más condições", disse o próprio Haduth, um dos manifestantes que mais ergueu a voz na praça.


"Pedimos à comunidade internacional, inclusive às Nações Unidas, que se envolva", acrescentou, denunciando os ataques das forças do regime contra "civis desarmados".

Por sua vez, Omar Sherif, engenheiro químico de 45 anos, repetia que "há sangue pingando do Livro Verde", em alusão à obra na qual Kadafi desenvolve sua teoria de governo e que combinam ideias das repúblicas socialistas com elementos como os vínculos tribais e o nacionalismo árabe.

"Em 42 anos não tivemos nenhum tipo de liberdade. Queremos dizer a Kadafi que este é o nosso país, não sua fazenda, queremos que vá embora", disse à AFP Abdullah Bliheg, de 29 anos,

Em frente à mesquita está uma delegacia onde em 17 de fevereiro ocorreram os enfrentamentos entre opositores e as forças de segurança que deixaram pelo menos 7 mortos, informaram testemunhas à AFP.

No prédio, incendiado e abandonado desde que a polícia e os militares decidiram se somar à revolta, vai tremular no mastro de seu teto, uma bandeira líbia da época da monarquia nas cores vermelha, verde e preto.

O clima de tranquilidade vivido na mobilização de Tobruk contrastou com a violência registrada em protestos realizados na sexta-feira em outras partes do país.

A rebelião mantinha o controle no leste da Líbia e o regime de Kadafi tentava sufocar a extensão do movimento para o oeste, enquanto dezenas de milhares de líbios e estrangeiros fugiam do país por terra, mar e ar.

Tobruk, com 100.000 habitantes, é conhecida por ter sido cenário de uma das batalhas mais importantes da Segunda Guerra Mundial, entre os aliados e os Afrika Korps nazistas, a partir de seu local estratégico.

As tropas aliadas tomaram a cidade em 1941, mas a perderam para o marechal Erwin Rommel em junho de 1942, após sitiá-la durante meses. Os aliados a recuperaram em novembro do mesmo ano.

Atualmente, vários cemitérios militares ao redor da cidade lembram os mortos neste conflito.

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