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Letta, o líder que teve que iludir direita e esquerda

Premiê iludiu dois lados políticos diante da pressão de seu próprio partido e de seu líder, Matteo Renzi


	Enrico Letta: dificuldades encontradas por Letta para formar Governo seguiram durante os primeiros meses de seu mandato em forma de ameaças de Silvio Berlusconi
 (Getty Images)

Enrico Letta: dificuldades encontradas por Letta para formar Governo seguiram durante os primeiros meses de seu mandato em forma de ameaças de Silvio Berlusconi (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2014 às 15h58.

Roma - Enrico Letta, vice-secretário do Partido Democrático (PD) e até hoje primeiro-ministro da Itália, renunciará nesta sexta-feira, depois de dez meses à frente do Governo italiano e de ter iludido tanto a direita como a esquerda política, diante da pressão de seu próprio partido e de seu líder, Matteo Renzi.

Nascido no dia 20 de agosto de 1966 em Pisa (Itália), Letta completou sua licenciatura em Ciências Políticas - focando em Política Internacional - na Universidade dessa cidade e se especializou em Direito Comunitário na Scuola Superiore Sant'Anna da mesma.

Dedicado à política desde muito jovem foi membro da Democracia Cristã italiana e presidiu a União de Jovens Democratas Europeus entre 1991 e 1995, quando contava 25 anos de idade.

Posteriormente militou no Partido Popular Italiano e foi secretário adjunto do Partido Popular Europeu de janeiro de 1997 a novembro de 1998.

Seu grande salto político chegou com sua escolha como ministro de Assuntos Europeus no primeiro Governo de centro-esquerda de Massimo D'Alema entre novembro de 1998 e dezembro de 1999, e se tornou no ministro mais jovem da história da república italiana.

No segundo Governo de D'Alema foi nomeado em abril de 2000 ministro da Indústria, Comércio e Artesanato, cargo que ocupou até maio de 2001.

Ganhou uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo Piemonte nas eleições realizadas em 2001 e em 2004 foi eleito membro do Parlamento Europeu. Em Estrasburgo pertenceu ao Comitê de Assuntos Econômicos e Monetários, e entre 2004 e 2006 foi um dos membros da Delegação para as relações com os países do Magrebe e a União Árabe do Magrebe.

Voltou à política italiana em 2006 após ganhar uma cadeira como deputado nacional na região da Lombardia e aceitar a nomeação de secretário do Conselho de Ministros pelo novo primeiro-ministro, Romano Prodi.


Em 2009 se tornou vice-secretário-geral do Partido Democrático criado esse ano para aglutinar o centro-esquerda italiano em uma só legenda política.

Nas eleições realizadas em fevereiro de 2013 foi reeleito deputado e em 25 de abril desse ano o presidente italiano, Giorgio Napolitano, o encarregou da formação de um novo Governo, depois que o líder da centro-esquerda, Pier Luigi Bersani, fora incapaz de formá-lo.

Sobrinho de Gianni Letta, um dos homens de confiança do líder da centro-direita italiana, Silvio Berlusconi, dois dias depois da incumbência recebida conseguiu formar um Governo de unidade.

Entre os 21 novos ministros se destacaram os nomes da titular das Relações Exteriores, a ex-comissária europeia Emma Bonnino; do Fabrizio Saccomani, diretor-geral do Banco da Itália, à frente da pasta de Economia; e Angelino Alfano, considerado afilhado político de Silvio Berlusconi, como vice-presidente e novo ministro do Interior.

As dificuldades encontradas por Letta para formar Governo seguiram durante os primeiros meses de seu mandato em forma de ameaças de Silvio Berlusconi, convertido agora em senador, e com graves problemas com a Justiça.

O ex-primeiro-ministro, que tinha sido condenado a sete anos de prisão pelo caso Ruby e sobre o qual pesava a possibilidade de ser inabilitado como membro do Senado, ameaçou fazer o Governo de Letta cair se não o apoiasse.


A ameaça se tornou realidade no dia 28 de setembro quando Berlusconi forçou os cinco ministros de seu partido a apresentar a renúncia em uma tentativa de fazer Letta cair e obrigá-lo a convocar novas eleições.

A rebelião no partido de Berlusconi, o Povo da Liberdade (PDL) liderado por seu afilhado político, Angelino Alfano, tornou possível que Letta salvasse sua aposta em forma de moção de confiança que o mesmo tinha levado ao Senado, onde não contava com uma maioria suficiente.

A Câmara Baixa italiana finalmente lhe deu seu voto de confiança com 235 votos a favor e 70 contra, depois que Berlusconi voltou atrás e apoiou Letta.

O político de Pisa teve que enfrentar depois um oponente mais perigoso e instalado em sua própria casa, o secretário-geral de seu partido desde o mês de dezembro, Matteo Renzi, prefeito de Florença.

O ambicioso Renzi, como se definiu a si mesmo, não teve problemas em pactuar uma lei eleitoral com Silvio Berlusconi e pediu a formação de um novo Governo apenas um dia depois de Letta apresentar seu plano 'Compromisso Itália 2014'.

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