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Legado de Obama pode estar em nova relação com AL

Para analistas, derrota sofrida nas eleições não devem alterar de forma substancial as relações dos EUA com a América Latina

Barack Obama discursa sobre as relações entre os EUA e a América do Sul, em 21 de março de 2011 (Saul Loeb/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2014 às 21h41.

Washington - A dura derrota sofrida por Barack Obama e seu Partido Democrata nas eleições de meio de mandato não devem alterar de forma substancial as relações dos EUA com a América Latina , mas podem permitir ao presidente deixar um legado relacionado à região - dizem analistas.

Na terça-feira, o Partido Republicano passou a controlar o Congresso, com maioria nas duas Câmaras. Com isso, Obama terá de governar sem apoio legislativo nos últimos dois anos de seu governo, contando, em grande parte, com o poder da caneta para sancionar decretos.

Com essa "arma", Obama têm dois anos pela frente para consolidar o legado que deixará ao país, após sua passagem pela Casa Branca. Para os analistas consultados pela AFP nesta quarta-feira, essa possibilidade está na Política Externa, em especial com a América Latina.

"Obama está em busca de um legado. Os presidentes recentes deixaram o seu na região - seja o plano Colômbia, seja a Iniciativa Mérida (no México), sejam os tratados de livre-comércio", afirmou o diretor do Programa das Américas no think tank americano Center for Strategic and International Studies (CSIS), Carl Meacham.

Uma dessas possibilidades, completou, é a transformação da política americana para Cuba, marcada por um implacável bloqueio que dura mais de meio século. Em Washington, já é unânime o reconhecimento de que a medida não trouxe qualquer resultado.

Cuba, ou reforma migratória

"Em relação a Cuba, acho que (o novo controle republicano do Congresso) não mudará muito o quadro agora. Mas também continua em aberto a reforma migratória, que é, ao mesmo tempo, um tema doméstico e de impacto regional", acrescentou Meacham.

A próxima Cúpula das Américas, prevista para acontecer em abril de 2015 no Panamá, pode oferecer uma janela de oportunidade para Obama estabelecer as bases de uma nova relação com Havana. Tanto Estados Unidos quanto Cuba estão convidados para o encontro.

Para a analista Muni Jensen, é evidente que "a região não é uma prioridade do governo neste momento". Segundo ela, essa situação não mudará subitamente, já que a oposição republicana conseguiu o controle das duas Câmaras do Congresso.

"Há um tema disfarçado de política externa, que é a questão migratória", disse Jensen, acrescentando que o tópico pode se transformar em uma área de apoio para Obama conseguir deixar um legado palpável.

No restante dos temas fundamentais para a região, os dois analistas concordam em que será difícil verificar, de imediato, uma mudança de orientação provocada pelo vendaval conservador surgido das urnas na terça-feira.

Meacham lembrou que "o orçamento para a ajuda ao desenvolvimento na América Latina caiu de cerca de US$ 2 bilhões, há quatro anos, para US$ 1,5 bilhão, com prioridades na Colômbia, no Haiti e no México".

"Foi assim por muito tempo e isso, agora, não vai mudar", afirmou.

A ênfase de Washington com a região "não esteve no desenvolvimento, mas no combate ao narcotráfico. Não creio que vamos ver uma mudança agora", insistiu.

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Washington - A dura derrota sofrida por Barack Obama e seu Partido Democrata nas eleições de meio de mandato não devem alterar de forma substancial as relações dos EUA com a América Latina , mas podem permitir ao presidente deixar um legado relacionado à região - dizem analistas.

Na terça-feira, o Partido Republicano passou a controlar o Congresso, com maioria nas duas Câmaras. Com isso, Obama terá de governar sem apoio legislativo nos últimos dois anos de seu governo, contando, em grande parte, com o poder da caneta para sancionar decretos.

Com essa "arma", Obama têm dois anos pela frente para consolidar o legado que deixará ao país, após sua passagem pela Casa Branca. Para os analistas consultados pela AFP nesta quarta-feira, essa possibilidade está na Política Externa, em especial com a América Latina.

"Obama está em busca de um legado. Os presidentes recentes deixaram o seu na região - seja o plano Colômbia, seja a Iniciativa Mérida (no México), sejam os tratados de livre-comércio", afirmou o diretor do Programa das Américas no think tank americano Center for Strategic and International Studies (CSIS), Carl Meacham.

Uma dessas possibilidades, completou, é a transformação da política americana para Cuba, marcada por um implacável bloqueio que dura mais de meio século. Em Washington, já é unânime o reconhecimento de que a medida não trouxe qualquer resultado.

Cuba, ou reforma migratória

"Em relação a Cuba, acho que (o novo controle republicano do Congresso) não mudará muito o quadro agora. Mas também continua em aberto a reforma migratória, que é, ao mesmo tempo, um tema doméstico e de impacto regional", acrescentou Meacham.

A próxima Cúpula das Américas, prevista para acontecer em abril de 2015 no Panamá, pode oferecer uma janela de oportunidade para Obama estabelecer as bases de uma nova relação com Havana. Tanto Estados Unidos quanto Cuba estão convidados para o encontro.

Para a analista Muni Jensen, é evidente que "a região não é uma prioridade do governo neste momento". Segundo ela, essa situação não mudará subitamente, já que a oposição republicana conseguiu o controle das duas Câmaras do Congresso.

"Há um tema disfarçado de política externa, que é a questão migratória", disse Jensen, acrescentando que o tópico pode se transformar em uma área de apoio para Obama conseguir deixar um legado palpável.

No restante dos temas fundamentais para a região, os dois analistas concordam em que será difícil verificar, de imediato, uma mudança de orientação provocada pelo vendaval conservador surgido das urnas na terça-feira.

Meacham lembrou que "o orçamento para a ajuda ao desenvolvimento na América Latina caiu de cerca de US$ 2 bilhões, há quatro anos, para US$ 1,5 bilhão, com prioridades na Colômbia, no Haiti e no México".

"Foi assim por muito tempo e isso, agora, não vai mudar", afirmou.

A ênfase de Washington com a região "não esteve no desenvolvimento, mas no combate ao narcotráfico. Não creio que vamos ver uma mudança agora", insistiu.

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