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Le Pen é alvo em debate entre candidatos à presidência na França

Candidata da Frente Nacional, partido de extrema-direita, Marine Le Pen criticou a União Europeia e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel

Candidatos à presidência: "A União Europeia nos proíbe e nos pune por tudo. Ela nos censura. E o resultado disso é o desemprego e a pobreza", disse Le Pen (Patrick Kovarik/Reuters)

Candidatos à presidência: "A União Europeia nos proíbe e nos pune por tudo. Ela nos censura. E o resultado disso é o desemprego e a pobreza", disse Le Pen (Patrick Kovarik/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de março de 2017 às 21h32.

São Paulo - Os principais candidatos às eleições presidenciais da França - François Fillon, Benoît Hamon, Marine Le Pen, Emmanuel Macron e Jean-Luc Mélenchon - participaram do primeiro debate televisivo dessas eleições nesta segunda-feira.

Candidata da Frente Nacional, partido de extrema-direita, Marine Le Pen criticou a União Europeia e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel.

"Eu realmente quero ser a presidente da França, não a vice-chanceler de Merkel. Quero garantir a independência nacional, em conformidade com a Constituição e defender os nosso valores, identidade nacional e tradições".

Segundo Le Pen, a UE implementa uma concorrência desleal, com a ajuda dos que apoiaram o bloco no Tratado de Lisboa.

"A União Europeia nos proíbe e nos pune por tudo. Ela nos censura. E o resultado disso é o desemprego e a pobreza."

A candidata apresentou, ainda, um gráfico que, segundo ela, prova que a queda na produção industrial na Alemanha, na Itália e na França "obviamente tem a ver com o euro".

Em questões relativas à segurança nacional, o discurso de Le Pen se assemelha ao do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"Os setores jihadistas representam uma grande ameaça para os franceses. Eu quero parar a imigração. Legal e ilegal. E assumo totalmente o meu ponto de vista. Temos que recuperar as nossas fronteiras e encerrar a imigração de uma vez", afirmou.

Ela também criticou o modelo econômico da zona do euro e disse que o governo deve defender os interesses do povo francês, "não os dos bancos ou os das multinacionais".

Segundo ela, a França deve adotar o patriotismo econômico, onde empresas francesas sejam favorecidas nos contratos públicos.

Nas pesquisas de intenção de voto, Le Pen aparece liderando no primeiro turno, mas fica em segundo lugar no segundo turno, em uma disputa hipotética contra Emmanuel Macron, de centrou, ou contra Fraçois Fillon, da centro-direita.

Fillon, por sua vez, adotou um tom menos anti-imigração que o de Le Pen, mas afirmou que "a situação social e econômica dos nossos países deve nos levar a impor limites às entradas em nosso território".

O candidato da centro-direita afirmou que a esmagadora maioria dos muçulmanos deseja a integração do islã na República, mas que a ascensão do fundamentalismo ameaça o secularismo.

Fillon também criticou outros candidatos, ao dizer que Macron não tem legitimidade para governar o país depois do governo Hollande. Macron foi ministro da Economia e François Hollande até o ano passado.

Sobre Le Pen, Fillon afirmou que o programa econômico da candidata de retorno ao franco seria um "assassinato" para o poder de compra dos franceses e que a agenda de Le Pen sobre pensões é comum à esquerda do início dos anos 1980.

O candidato socialista Benoît Hamon e o líder da extrema-esquerda, Jean-Luc Melenchon, tentaram aumentar seus índices de intenção de voto, ao falarem contra Le Pen, que foi alvo de ataques no início do debate.

Hamon disse que a atitude da candidata era "doentia" após ela ter descrito as escolas francesas como "um pesadelo diário". Já Melenchon debochou do sotaque de Le Pen.

O centrista independente Mácron reagiu quando Le Pen o acusou de ser a favor das vestes muçulmanas. Ele a acusou de usar a religião para dividir os franceses.

Ele propôs a criação de uma polícia de manutenção diária, que "não é uma intervenção, mas uma manutenção da paz".

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