Lançamento do corpo de Bin Laden no mar gera polêmica
Segundo líder da mais alta autoridade do islã sunita, a instituição Al-Azhar do Cairo, ressaltou que "o Islã não aceita a imersão do corpo no mar, apenas o enterro"
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2014 às 13h39.
Cairo - Autoridades muçulmanas consideraram que a decisão de sepultar no mar os restos mortais de Osama Bin Laden não tem base no Islã, contradizendo os Estados Unidos, que garantem que o ritual foi respeitado e que, se fosse erguido, um túmulo poderia tornar-se um local de peregrinação.
Autoridades americanas indicaram que o corpo do líder da Al-Qaeda, morto na madrugada desta segunda-feira durante uma operação no Paquistão, foi submerso no mar a partir de um porta-aviões após uma cerimônia realizada conforme a tradição muçulmana.
A informação entrou em confronto com uma dura explicação de um líder da mais alta autoridade do islã sunita, a instituição Al-Azhar do Cairo, que ressaltou que "o islã não aceita a imersão do corpo no mar, apenas o enterro".
Esta regra vale "seja para uma pessoa assassinada ou falecida por morte natural", declarou à AFP Mahmud Azab, conselheiro do grande imã Ahmad Al Tayeb para o diálogo inter-religioso.
A escolha do mar limita-se a casos de força maior, como para as pessoas mortas a bordo de um barco, cujo corpo apresente riscos de decomposição, ressaltou.
A Grande Mesquita de Paris afirmou que a imersão dos restos é "totalmente contrária às regras sagradas do islã".
Uma fonte próxima à Grande Mesquita parisiense, Dalil Boubakeur, informou que, segundo a tradição muçulmana, "primeiro é preciso lavar o corpo do falecido com água com sabão, depois apenas com água e por último com água misturada com cânfora, para posteriormente envolvê-lo em três panos".
"O enterro é feito sob a terra, sem caixão. Os restos mortais devem ser colocados paralelamente à Meca, com a cabeça do morto levemente virada para a direita para que seu rosto esteja orientado em direção à Kaaba, o santuário sagrado de Meca", acrescentou a fonte.
Nos Estados Unidos, uma importante autoridade muçulmana, Muzammil H. Siddiqi, ficou chocado com a escolha da imersão.
"Não é um procedimento normal, não sei por quê fizeram isso", disse o presidente do Fiqh Council of North America, associação que interpreta a lei islâmica.
Siddiqi ressaltou, no entanto, que estas divergências em torno do ritual não devem ocultar o fato, detacado pelo presidente Barack Obama, de "que Osama bin Laden não é o líder dos muçulmanos, e sim da Al-Qaeda, que fez muitos muçulmanos sofrerem".
O responsável por uma das principais associações muçulmanas americanas disse, por sua vez, que o tema do local reservado aos restos mortais de Osama Bin Laden é um "detalhe anedótico".
Nihad Awad, diretor do Conselho para as Relações Americano-Islâmicas (CAIR), ressaltou que "o mais importante é que este terrorista tenha sido eliminado".
A administração americana garantiu, por sua vez, que não violou o ritual funerário.
O Pentágono informou que ocorreu uma cerimônia a bordo do porta-aviões americano Carl-Vinson, no mar de Omã, respeitando as tradições muçulmanas, antes que o corpo fosse lançado ao mar.
Os restos foram lavados e colocados em um pano branco, que posteriormente foi introduzido em uma bolsa com lastro. Um oficial leu um texto religioso que um intérprete traduziu ao árabe, informou a Defesa americana.
Mas os Estados Unidos destacaram seu temor de que uma sepultura terrestre se tornasse um local de memória para seus partidários.
"Queríamos evitar que (seu túmulo) se tornasse um local de peregrinação", afirmou à AFP um funcionário nos Estados Unidos.
Cairo - Autoridades muçulmanas consideraram que a decisão de sepultar no mar os restos mortais de Osama Bin Laden não tem base no Islã, contradizendo os Estados Unidos, que garantem que o ritual foi respeitado e que, se fosse erguido, um túmulo poderia tornar-se um local de peregrinação.
Autoridades americanas indicaram que o corpo do líder da Al-Qaeda, morto na madrugada desta segunda-feira durante uma operação no Paquistão, foi submerso no mar a partir de um porta-aviões após uma cerimônia realizada conforme a tradição muçulmana.
A informação entrou em confronto com uma dura explicação de um líder da mais alta autoridade do islã sunita, a instituição Al-Azhar do Cairo, que ressaltou que "o islã não aceita a imersão do corpo no mar, apenas o enterro".
Esta regra vale "seja para uma pessoa assassinada ou falecida por morte natural", declarou à AFP Mahmud Azab, conselheiro do grande imã Ahmad Al Tayeb para o diálogo inter-religioso.
A escolha do mar limita-se a casos de força maior, como para as pessoas mortas a bordo de um barco, cujo corpo apresente riscos de decomposição, ressaltou.
A Grande Mesquita de Paris afirmou que a imersão dos restos é "totalmente contrária às regras sagradas do islã".
Uma fonte próxima à Grande Mesquita parisiense, Dalil Boubakeur, informou que, segundo a tradição muçulmana, "primeiro é preciso lavar o corpo do falecido com água com sabão, depois apenas com água e por último com água misturada com cânfora, para posteriormente envolvê-lo em três panos".
"O enterro é feito sob a terra, sem caixão. Os restos mortais devem ser colocados paralelamente à Meca, com a cabeça do morto levemente virada para a direita para que seu rosto esteja orientado em direção à Kaaba, o santuário sagrado de Meca", acrescentou a fonte.
Nos Estados Unidos, uma importante autoridade muçulmana, Muzammil H. Siddiqi, ficou chocado com a escolha da imersão.
"Não é um procedimento normal, não sei por quê fizeram isso", disse o presidente do Fiqh Council of North America, associação que interpreta a lei islâmica.
Siddiqi ressaltou, no entanto, que estas divergências em torno do ritual não devem ocultar o fato, detacado pelo presidente Barack Obama, de "que Osama bin Laden não é o líder dos muçulmanos, e sim da Al-Qaeda, que fez muitos muçulmanos sofrerem".
O responsável por uma das principais associações muçulmanas americanas disse, por sua vez, que o tema do local reservado aos restos mortais de Osama Bin Laden é um "detalhe anedótico".
Nihad Awad, diretor do Conselho para as Relações Americano-Islâmicas (CAIR), ressaltou que "o mais importante é que este terrorista tenha sido eliminado".
A administração americana garantiu, por sua vez, que não violou o ritual funerário.
O Pentágono informou que ocorreu uma cerimônia a bordo do porta-aviões americano Carl-Vinson, no mar de Omã, respeitando as tradições muçulmanas, antes que o corpo fosse lançado ao mar.
Os restos foram lavados e colocados em um pano branco, que posteriormente foi introduzido em uma bolsa com lastro. Um oficial leu um texto religioso que um intérprete traduziu ao árabe, informou a Defesa americana.
Mas os Estados Unidos destacaram seu temor de que uma sepultura terrestre se tornasse um local de memória para seus partidários.
"Queríamos evitar que (seu túmulo) se tornasse um local de peregrinação", afirmou à AFP um funcionário nos Estados Unidos.