Princesa Diana e o choque de gerações do Brexit
Enquanto as conversas em Bruxelas seguem tensas, o britânico médio dá cada vez menos importância para tanto imbróglio
EXAME Hoje
Publicado em 31 de agosto de 2017 às 06h21.
Última atualização em 31 de agosto de 2017 às 14h20.
Representantes de Reino Unido e União Europeia encerram nesta quinta-feira a terceira rodada de negociações sobre o Brexit, o referendo que em junho do ano passado aprovou a saída dos britânicos do bloco europeu. As conversas, que começaram em junho com o partido Conservador, da primeira-ministra britânica Teresa May, enfraquecido por eleições que depuseram parte de seus representantes no Parlamento, estão tensas.
Às Sete – um guia rápido para começar seu dia
Leia também estas outras notícias da seçãoÀs Setee comece o dia bem informado:
- Venezuela e Colômbia se enfrentam dentro e fora de campo
- Doria vai de novo ao Nordeste de olho em 2018
- Um ano depois do impeachment, Dilma está de volta
- Agosto será o melhor mês da bolsa em 2017?
- Curtas – uma seleção do mais importante no Brasil e no mundo
- O novo CEO do Uber custa quase um Neymar. Como?
Na terça-feira, o negociador-chefe da Europa, Michael Barnier, disse que leu com “muito cuidado” a posição do governo britânico — enviada na reunião de julho —, mas que está preocupado com o progresso nas discussões. Em uma coletiva de imprensa ao lado do representante do Reino Unido, David Davis, ele disse que é hora de os países começarem a “negociar de maneira séria” e que espera que os britânicos sejam claros nos termos de quão preparados estão para arcar com uma multa por deixar o bloco econômico. Segundo uma estimativa do jornal Financial Times, o valor deve ficar entre 55 e 75 bilhões de euros.
O assunto da vez é a delicada posição da Irlanda na equação. O país será o único membro da Europa que fará fronteira física com o Reino Unido e os negociadores europeus querem saber se os tratados de viagem para a Irlanda serão mantidos. Com a Irlanda do Norte ainda parte do Reino Unido, a União Europeia advertiu os britânicos a não usar a paz na região como uma barganha para sanções e multas mais moderadas. A situação se complica ainda mais na medida que Escócia e Irlanda do Norte clamam por uma saída que traga a possibilidade de comércio com a Europa, uma pauta também encampada pela oposição do partido Trabalhista.
Enquanto as conversas em Bruxelas seguem tensas, o britânico médio dá cada vez menos importância para tanto imbróglio. Nesta quinta-feira, por exemplo, o grande tema na ilha é outro: os20 anos da morte da Princesa Diana. A memória da princesa ressoa de maneira diferente na população: segundo uma pesquisa feita pelo instituto YouGov, as pessoas acima de 50 anos lembram de Lady Di como a “Princesa do Povo”. Entre aqueles com 18 e 24 anos, ela é lembrada como alguém famosa que morreu em um acidente trágico.
Há de fato um descompasso geracional no Reino Unido que, ultimamente, ficou explícito no Brexit: entre os mais jovens, 75% votou pela permanência no bloco europeu; entre os mais velhos, apenas 39% quis ficar. De maneira estranha e não correlata, é a mesma população que lembra de maneira distinta da princesa. Em 20 anos, o Reino Unido mudou muito. A memória de Lady Di vem para relembrar isso.