Kosovo: dez anos de independência marcados pela instabilidade
Neste sábado, o país comemora os primeiros dez anos da sua autoproclamada independência da Sérvia, reconhecida até agora por 111 dos 193 países da ONU
EFE
Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 10h38.
Belgrado/Pristina - O Kosovo comemora neste sábado os primeiros dez anos da sua autoproclamada independência da Sérvia, reconhecida até agora por 111 dos 193 países da ONU , incluindo os Estados Unidos e a maioria dos membros da União Europeia (UE), mas não por Rússia, China ou a própria Sérvia.
Em seguida, se detalha uma cronologia do processo pelo qual a antiga província sérvia passou a ser um Estado soberano que deseja integrar-se à UE.
1989-1998: O presidente sérvio, Slobodan Milosevic, suprime a autonomia do Kosovo estipulada na Constituição de 1974. A província, povoada majoritariamente por albaneses étnicos, proclama sua independência como uma entidade federada da Iugoslávia, mas Belgrado dissolve o poder regional e reprime os protestos.
1998-1999: Conflito entre a guerrilha separatista do Exército de Liberdade do Kosovo (UCK) e as forças sérvias.
1999: A OTAN inicia em março bombardeios aéreos contra a Iugoslávia que, após 78 dias de ataques, retira seu exército do Kosovo. A ONU adota a resolução 1.244 para o Kosovo e a OTAN inicia a missão de segurança KFOR. O Kosovo se transforma em um protetorado internacional administrado pela ONU.
2001-2002: A realização das eleições parlamentares termina com a vitória da Liga Democrática do Kosovo (LDK) do pacifista Ibrahim Rugova, que é eleito presidente. Como primeiro-ministro é nomeado Bajram Rexhepi, um dos líderes do Partido Democrático do Kosovo (PDK) do ex-comandante guerrilheiro Hashim Thaçi.
2003: Representantes sérvios e kosovares se reúnem em Viena pela primeira vez desde a guerra.
2006-2007: Rugova morre de câncer em 2006 e é substituído por Fatmir Sejdiu, secretário-geral da LDK. Thaçi é escolhido como primeiro-ministro.
A ONU lança negociações entre Belgrado e Pristina sobre o estatuto definitivo de Kosovo e encarrega a mediação ao ex-presidente finlandês Martti Ahtisaari, que em março de 2007 recomenda a independência, sob supervisão internacional, como "única opção viável" para o Kosovo.
Devido à oposição da Rússia, o Conselho de Segurança da ONU não consegue um acordo e começam novas negociações que fracassam em novembro de 2007.
2008: O parlamento kosovar declara unilateralmente sua independência da Sérvia em 17 de fevereiro de 2008. No dia seguinte, o parlamento da Sérvia anula a independência kosovar.
As embaixadas de Turquia, Croácia e EUA em Belgrado são atacadas durante os protestos contra a independência kosovar, enquanto que os confrontos entre albaneses e sérvios na dividida cidade kosovar de Mitrovica deixam vários feridos e detidos.
A Constituição kosovar entra em vigor em 15 de junho. Pouco depois, os servo-kosovares formam em Mitrovica uma Assembleia própria, com caráter representativo. Por sua vez, a UE lança sua missão civil, a Eulex.
2010: A Corte Internacional de Justiça opina que o Kosovo não violou o direito internacional ao se autoproclamar independente.
O Conselho da Europa publica um relatório que acusa membros do UCK de tráfico de órgãos e outros crimes. Thaçi rejeita as acusações e é reeleito premiê em 12 de dezembro, nas primeiras eleições gerais desde a declaração da independência.
2011: Sérvia e Kosovo começam um diálogo técnico para normalizar suas relações e fecham um acordo sobre a gestão comum de passagens fronteiriças.
O parlamento elege a primeira mulher presidente do Kosovo, Atifete Jahjaga.
2013: Belgrado e Pristina chegam a um pacto para normalizar suas relações e um acordo que concede certa autonomia às áreas de maioria sérvias. A UE decide abrir negociações com o Kosovo sobre um acordo de associação.
2014: Em dezembro é formado um novo Executivo, após seis meses de uma inércia política após as eleições legislativas de junho. Isa Mustafa é eleito premiê e Thaçi como ministro de Relações Exteriores.
2015-2016: A oposição ultranacionalista organiza protestos massivos contra a aproximação com a Sérvia e contra um acordo de demarcação territorial com Montenegro, exigido pela UE para suspender o regime de vistos para cidadãos do Kosovo.
2017: Uma moção de censura derruba o governo em maio. As eleições antecipadas de junho geram um Parlamento muito fragmentado e uma nova paralisação, até que em setembro se chega à formação de uma coalizão de 12 partidos. O ex-comandante guerrilheiro Ramush Haradinaj é eleito primeiro-ministro.
2018: A UE delineia uma nova estratégia para os Balcãs Ocidentais com a perspectiva de "ampliação crível" em troca de diversos requisitos, entre eles o da boa vizinhança, que no caso da Sérvia poderia representar o ingresso no bloco a partir de 2025.