Kiev e líderes europeus discutem ajuda dos EUA à Ucrânia
O futuro da ajuda dos EUA a Kiev foi colocado em suspenso, em meio à atual crise política em Washington
Agência de notícias
Publicado em 5 de outubro de 2023 às 12h07.
Quase 50 líderes do continente europeu, reunidos na cidade espanhola de Granada com o presidente da Ucrânia , Volodimir Zelensky , expressaram seus receios sobre o impacto que a crise política em Washington pode ter na ajuda dos Estados Unidos a Kiev.
Apesar do apoio unânime ao presidente ucraniano, esta terceira cúpula da Comunidade Política Europeia (CPE) fracassou quando uma esperada reunião sobre Nagorno-Karabakh não aconteceu, devido às ausências do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, e de seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, principal apoiador de Baku.
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"A Europa aumenta sua ajuda" à Ucrânia, mas "pode a Europa substituir os Estados Unidos? Obviamente, a Europa não pode substituir os Estados Unidos", afirmou o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, ao chegar a esta terceira cúpula da Comunidade Política Europeia (CPE).
Enfrentamos um "período eleitoral difícil nos Estados Unidos", a um ano da eleição presidencial, e "há vozes discordantes" em relação à ajuda à Ucrânia, disse Zelensky, que se mostrou preocupado, embora tenha dito que "confia nos Estados Unidos".
Pouco depois, o próprio Zelensky denunciou um "ataque terrorista totalmente deliberado" por parte da Rússia, no qual um bombardeio deixou pelo menos 49 mortos ao atingir uma mercearia e um café em Groza, uma cidade no leste do país.
O futuro da ajuda dos EUA a Kiev foi colocado em suspenso, em meio à atual crise política em Washington. Na terça-feira, essa crise levou à destituição do líder republicano da Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, devido a uma revolta da ala de extrema direita de seu partido, contrária à entrega de fundos à Ucrânia.
Agora, o Congresso americano tem um mês e meio para aprovar um orçamento anual que inclua uma nova ajuda a Kiev, sem a qual Washington, de longe o principal fornecedor de armas da Ucrânia, poderá apoiá-la somente durante "alguns meses", segundo a Casa Branca.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, admitiu na quarta-feira, pela primeira vez, que está "preocupado" com o futuro desta ajuda. Nesse contexto, prometeu fazer um "grande discurso", com o qual buscará demonstrar que é "extremamente importante" continuar apoiando a Ucrânia, militar e financeiramente.
Erdogan, de novo ausente
Duas semanas depois da ofensiva das forças do Azerbaijão que obrigou quase toda a população armênia a fugir da autoproclamada república de Nagorno-Karabakh, um encontro entre Aliyev e o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinian, presente em Granada, teria sido um dos pontos altos desta cúpula. Irritado com os sinais europeus de apoio à Armênia, Aliyev cancelou a viagem.
Um assessor do presidente azerbaijano afirmou, nesta quinta, que o Azerbaijão está disposto a negociar com a Armênia sob a mediação da UE em Bruxelas.
As ausências de Aliyev e Erdogan foram um revés para a CPE, que cancelou a coletiva de imprensa de encerramento marcada antes de um jantar de chefes de Estado e de governo em Alhambra.
Borrel lamentou que não tenha sido possível lidar, nesta quinta-feira, com "algo tão grave como o fato de mais de 100 mil pessoas terem deixado suas casas às pressas, fugindo de um ato de força militar".
Idealizada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, a CPE tem como objetivo reunir muito mais países do que apenas os da União Europeia. Além dos 27 membros do bloco, outros 20 países participaram dessa terceira cúpula.
Os representantes dos países têm diferentes posições em relação à UE: desde candidatos à adesão, outros que sabem que a porta está fechada, ou o Reino Unido, que optou por sair da UE há sete anos.
"A ausência de Erdogan pela segunda vez consecutiva enfraquece a CPE, concebida para lidar com Ancara em um formato diferente da UE, bloco em que candidatura turca está congelada", disse Sébastien Maillard, do Instituto Jacques Delors.
Outra questão da cúpula de Granada é a imigração, tema que o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e sua homóloga italiana, Giorgia Meloni, estão interessados em colocar no centro dos debates.