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Justiça dos EUA revela detalhes da logística do 11 de setembro

Divulgação coincide com o julgamento do "cérebro" dos atentados, Khalid Sheikh Mohammed, na base de Guantánamo

World Trade Center após ataques: elaboração do plano começou no início de 1999 (Michael Foran / Wikimedia Commons)
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Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2011 às 08h16.

Washington - Promotores americanos compilaram centenas de evidências contra os cinco homens acusados de terem planejado os atentados de 11 de setembro de 2001, mas somente agora detalhes da complexa logística dos ataques começam a ser divulgados.

A revelação do conteúdo de uma longa ata de acusação, adotada por um júri nova-iorquino em dezembro passado, acontece dias depois que os Estados Unidos decidiram levar o cérebro do 11/9, Khalid Sheikh Mohammed, e seus cúmplices Walid bin Attash, Ramzi Binalshibh, Ali Abd al-Aziz Ali e Mustapha Ahmed al-Hawsawi a julgamento em um tribunal militar na base naval de Guantánamo, em Cuba, e não em um tribunal federal.

Transferências bancárias, voos domésticos, pedidos de vistos, dezenas de ligações telefônicas: quase dez anos depois dos atentados, os Estados Unidos reconstruíram por dez anos, peça por peça, sua gênese logística neste documento, o mais completo realizado até agora a respeito dos fatos que abalaram o país.

A elaboração do plano começou no início de 1999, quando Khaled Sheikh Mohamed (ou KSM) propôs a Osama Bin Laden utilizar aviões comerciais como mísseis contra objetivos americanos. Segundo a ata de acusação, ele dirigiu toda a operação até o último minuto.

Em 31 de dezembro de 1999, Wallid ben Attach, um saudita nascido em 1979, viaja de primeira classe entre Bangcoc e Hong Kong com uma navalha no bolso e "se aproxima da cabine para colocar em teste as medidas de segurança". Vários dias mais tarde, realiza outros voos internacionais, sempre com uma navalha no bolso.

Paralelamente, em Hamburgo (Alemanha), onde mantém uma amizade com Mohammed Atta (futuro chefe do comando), Ramzi ben-al-Shaiba, um iemenita de 38 anos, quer se tornar um dos pilotos suicidas. Os Estados Unidos negam seu visto quatro vezes, entre 15 de maio e 15 de outubro de 2000. A pedido de KSM, passa, então, a ser o intermediário entre ele e os futuros pilotos camicases.


Na mesma época, em Dubai, Ali Abd al-Aziz Ali, um paquistanês sobrinho de KSM e nascido em 1977, fornece programas de simulação de voo aos futuros pilotos e começa a realizar transferências bancárias a contas nos Estados Unidos. As autoridades americanas detectam, entre janeiro e junho de 2000, 35 ligações telefônicas entre ele e os futuros pilotos.

Aparece então aquele que é considerado o principal financiador dos atentados, Mustafah al-Hussaui, um saudita de 42 anos. A pedido do cérebro da trama, as transferências são feitas em pequenas quantias para não levantar suspeitas. Dessa forma, milhares de dólares chegam a contas espalhadas nos Estados Unidos, inclusive a do francês Zacarias Moussaoui, que tinha previsto participar nos atentados, mas que foi preso um mês antes.

A partir de abril de 2001, dos Emirados Árabes Unidos, al-Hussaui segue com a operação e se reúne com KSM e al-Shaiba.

Entre 9 e 16 de julho de 2001, al-Shaiba se reúne com Atta na Espanha e ambos discutem, entre outras coisas, os alvos contra os quais serão jogados os aviões sequestrados.

Em 23 de julho de 2001, KSM pede um visto para os Estados Unidos, que é rejeitado. No final de agosto, anuncia a Bin Laden a data escolhida para os atentados.

Entre 4 e 10 de setembro, os futuros pilotos transferem o dinheiro que lhes sobrara para as contas de al-Hussaui nos Emirados Árabes. Este último recupera seu dinheiro e viaja para o Paquistão no dia 11 desse mês. Al-Aziz Ali e Ben al-Shaiba também deixam os Estados Unidos e viajam para o Paquistão.

Wallid ben Attach está, em 11 de setembro, junto a Bin Laden, que ordena que ele vá para Tora Bora, no Afeganistão, para se preparar para uma ofensiva.

A partir desse dia, os cinco homens começam a se esconder. Segundo a ata de acusação, "Ramzi ben al-Shaiba e Mustafah al-Hussaui se reúnem com Bin Laden no Afeganistão, e o encontro é filmado".


Os detalhes das prisões dos terroristas também são revelados.

Exatatamente um ano depois dos atentados, em 11 de setembro de 2002, Ramzi ben al-Shaiba é surpreendido pela polícia paquistanesa dormindo em um apartamento do bairro elegante de Karachi, e se entrega sem resistir.

Em 1º de março de 2003, Kaled Sheikh Mohamed é detido em uma incursão das forças especiais paquistanesas em uma casa de Rawalpindi, onde se escondia junto a Mustafah al-Hussaui.

Em 29 de abril de 2003, em Karachi, também no Paquistão, Ali Abd al-Aziz Ali e Wallid ben Attash são surpreendidos numa operação da polícia deste país.

No início, os cinco detidos desapareceram nas prisões secretas da CIA, onde foram torturados. Em setembro de 2006, reapareceram em Guantánamo com outros nove detidos considerados de "alta importância", e foram detidos em celas de alta segurança, às quais a imprensa nunca teve acesso.

Os cinco podem agora ser condenados à morte.

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Washington - Promotores americanos compilaram centenas de evidências contra os cinco homens acusados de terem planejado os atentados de 11 de setembro de 2001, mas somente agora detalhes da complexa logística dos ataques começam a ser divulgados.

A revelação do conteúdo de uma longa ata de acusação, adotada por um júri nova-iorquino em dezembro passado, acontece dias depois que os Estados Unidos decidiram levar o cérebro do 11/9, Khalid Sheikh Mohammed, e seus cúmplices Walid bin Attash, Ramzi Binalshibh, Ali Abd al-Aziz Ali e Mustapha Ahmed al-Hawsawi a julgamento em um tribunal militar na base naval de Guantánamo, em Cuba, e não em um tribunal federal.

Transferências bancárias, voos domésticos, pedidos de vistos, dezenas de ligações telefônicas: quase dez anos depois dos atentados, os Estados Unidos reconstruíram por dez anos, peça por peça, sua gênese logística neste documento, o mais completo realizado até agora a respeito dos fatos que abalaram o país.

A elaboração do plano começou no início de 1999, quando Khaled Sheikh Mohamed (ou KSM) propôs a Osama Bin Laden utilizar aviões comerciais como mísseis contra objetivos americanos. Segundo a ata de acusação, ele dirigiu toda a operação até o último minuto.

Em 31 de dezembro de 1999, Wallid ben Attach, um saudita nascido em 1979, viaja de primeira classe entre Bangcoc e Hong Kong com uma navalha no bolso e "se aproxima da cabine para colocar em teste as medidas de segurança". Vários dias mais tarde, realiza outros voos internacionais, sempre com uma navalha no bolso.

Paralelamente, em Hamburgo (Alemanha), onde mantém uma amizade com Mohammed Atta (futuro chefe do comando), Ramzi ben-al-Shaiba, um iemenita de 38 anos, quer se tornar um dos pilotos suicidas. Os Estados Unidos negam seu visto quatro vezes, entre 15 de maio e 15 de outubro de 2000. A pedido de KSM, passa, então, a ser o intermediário entre ele e os futuros pilotos camicases.


Na mesma época, em Dubai, Ali Abd al-Aziz Ali, um paquistanês sobrinho de KSM e nascido em 1977, fornece programas de simulação de voo aos futuros pilotos e começa a realizar transferências bancárias a contas nos Estados Unidos. As autoridades americanas detectam, entre janeiro e junho de 2000, 35 ligações telefônicas entre ele e os futuros pilotos.

Aparece então aquele que é considerado o principal financiador dos atentados, Mustafah al-Hussaui, um saudita de 42 anos. A pedido do cérebro da trama, as transferências são feitas em pequenas quantias para não levantar suspeitas. Dessa forma, milhares de dólares chegam a contas espalhadas nos Estados Unidos, inclusive a do francês Zacarias Moussaoui, que tinha previsto participar nos atentados, mas que foi preso um mês antes.

A partir de abril de 2001, dos Emirados Árabes Unidos, al-Hussaui segue com a operação e se reúne com KSM e al-Shaiba.

Entre 9 e 16 de julho de 2001, al-Shaiba se reúne com Atta na Espanha e ambos discutem, entre outras coisas, os alvos contra os quais serão jogados os aviões sequestrados.

Em 23 de julho de 2001, KSM pede um visto para os Estados Unidos, que é rejeitado. No final de agosto, anuncia a Bin Laden a data escolhida para os atentados.

Entre 4 e 10 de setembro, os futuros pilotos transferem o dinheiro que lhes sobrara para as contas de al-Hussaui nos Emirados Árabes. Este último recupera seu dinheiro e viaja para o Paquistão no dia 11 desse mês. Al-Aziz Ali e Ben al-Shaiba também deixam os Estados Unidos e viajam para o Paquistão.

Wallid ben Attach está, em 11 de setembro, junto a Bin Laden, que ordena que ele vá para Tora Bora, no Afeganistão, para se preparar para uma ofensiva.

A partir desse dia, os cinco homens começam a se esconder. Segundo a ata de acusação, "Ramzi ben al-Shaiba e Mustafah al-Hussaui se reúnem com Bin Laden no Afeganistão, e o encontro é filmado".


Os detalhes das prisões dos terroristas também são revelados.

Exatatamente um ano depois dos atentados, em 11 de setembro de 2002, Ramzi ben al-Shaiba é surpreendido pela polícia paquistanesa dormindo em um apartamento do bairro elegante de Karachi, e se entrega sem resistir.

Em 1º de março de 2003, Kaled Sheikh Mohamed é detido em uma incursão das forças especiais paquistanesas em uma casa de Rawalpindi, onde se escondia junto a Mustafah al-Hussaui.

Em 29 de abril de 2003, em Karachi, também no Paquistão, Ali Abd al-Aziz Ali e Wallid ben Attash são surpreendidos numa operação da polícia deste país.

No início, os cinco detidos desapareceram nas prisões secretas da CIA, onde foram torturados. Em setembro de 2006, reapareceram em Guantánamo com outros nove detidos considerados de "alta importância", e foram detidos em celas de alta segurança, às quais a imprensa nunca teve acesso.

Os cinco podem agora ser condenados à morte.

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