Mundo

Júri dos EUA inocenta adolescente que matou 2 pessoas a tiros em protesto

Julgamento reforçou divisões sobre direitos de armas e provocou um debate feroz sobre os limites da autodefesa no país

Kyle Rittenhouse (Sean Krajacic/Reuters)

Kyle Rittenhouse (Sean Krajacic/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 19 de novembro de 2021 às 17h41.

Última atualização em 19 de novembro de 2021 às 18h05.

Um júri dos Estados Unidos absolveu o adolescente americano Kyle Rittenhouse, nesta sexta-feira, da acusação de homicídio pela morte a tiros de dois homens, em um julgamento que destacou divisões sobre direitos de armas e provocou um debate feroz sobre os limites da autodefesa no país.

O júri considerou Rittenhouse, de 18 anos, inocente de todas as acusações: duas acusações de homicídio, uma de tentativa de homicídio de um terceiro homem e duas de colocar em risco a segurança durante protestos por justiça racial que foram marcados por atos de vandalismo em 25 de agosto de 2020, em Kenosha, no Wisconsin.

Rittenhouse chorou após o veredicto e desabou no chão antes de ser ajudado a voltar para sua cadeira.

Em meio a uma pesada presença de forças da segurança, várias dezenas de manifestantes ocuparam as escadas do lado de fora do tribunal após a leitura do veredicto, alguns carregando cartazes em apoio ao Rittenhouse e outros expressando desapontamento.

"Estamos todos tão felizes que Kyle pode viver sua vida como um homem livre e inocente, mas em toda esta situação não há vencedores, há duas pessoas que perderam sua vida e isso não será esquecido", disse David Hancock, porta-voz da família Rittenhouse, à Reuters.

Rittenhouse atirou e matou Joseph Rosenbaum, de 36 anos, e Anthony Huber, de 26 anos, e disparou uma outra bala que arrancou um pedaço do braço de Gaige Grosskreutz, de 28 anos. Rittenhouse alegou autodefesa.

O veredicto foi celebrado pelos defensores dos direitos a armas, mas criticado por muitos do campo político de esquerda.

"É sem sentido que nosso sistema de Justiça permita que um vigilante armado... saia livre", disse a bancada negra do Congresso em um comunicado.

Para chegar ao veredicto após mais de três dias de deliberações, o júri ouviu narrativas conflitantes da defesa e da acusação, que ofereceram retratos muito diferentes das ações do adolescente na noite das mortes.

A defesa argumentou que Rittenhouse tinha sido repetidamente atacado e atirou com medo de perder sua própria vida. Advogados disseram que ele é um adolescente de espírito cívico que estava em Kenosha para proteger a propriedade privada, após várias noites de agitação na cidade depois que a polícia atirou em um homem negro chamado Jacob Blake, que ficou paralisado da cintura para baixo.

A acusação retratou Rittenhouse como um jovem imprudente que provocou os encontros violentos e não mostrou remorso pelos homens que ele matou com seu fuzil estilo AR-15.

Transmitido ao vivo pela TV a cabo diariamente, o julgamento se desenrolou durante um período de polarização social e política nos Estados Unidos. Os direitos sobre as armas são valorizados por muitos norte-americanos e estão consagrados na Constituição, apesar de o país enfrentar um alto índice de violência armada.

Rittenhouse, que disse em depoimento que não tinha escolha a não ser abrir fogo para se proteger, é visto como herói por alguns conservadores que defendem amplos direitos sobre armas e consideram os disparos dele justificados. Muitos na esquerda veem Rittenhouse como a personificação de uma cultura de armas fora de controle no país.

Quer saber tudo sobre a política internacional? Assine a EXAME e fique por dentro.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)

Mais de Mundo

China e Brasil fortalecem parceria estratégica e destacam compromisso com futuro compartilhado

Matt Gaetz desiste de indicação para ser secretário de Justiça de Donald Trump

Putin confirma ataque à Ucrânia com míssil hipersônico

Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Pudong: expansão estratégica em Xangai