Membros da União Europeia aprovam acordo do Brexit
Após dias de negociações entre Reino Unido e União Europeia, o acordo fechado nesta quinta agora será colocado em votação no Parlamento britânico
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de outubro de 2019 às 06h55.
Última atualização em 17 de outubro de 2019 às 14h48.
São Paulo — Os 27 países que irão permanecer na União Europeia apoiaram o acordo firmado entre os negociadores do bloco e o Reino Unido, anunciado na manhã desta quinta-feira (17). Agora, a discussão sobre o Brexit retornará ao Parlamento do país, que precisa aprovar o documento firmado entre o governo do primeiro-ministro e Boris Johnson e a UE para que o Brexit se consolide.
De acordo com Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, o acordo só foi possível depois de os britânicos aceitarem uma alfândega entre a Irlanda e a Grã-Bretanha. "Estamos próximos do tiro final", disse ele em coletiva de imprensa, sobre a chegada aos últimos momentos do conturbado processo de divórcio, iniciado em 2016.
O acordo entre o Reino Unido e a UE foi anunciado pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker em seu perfil no Twitter. "É um acordo justo e equilibrado para a UE e o Reino Unido e é um testamento de nosso compromisso em encontrar soluções", afirmou Juncker na rede social.
Em uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta, Michel Barnier, principal negociador da União Europeia, afirmou que o texto do acordo deve prover uma "certeza legal", especialmente para os cidadãos.
Segundo Barnier, a transição para a saída do bloco econômico deve acontecer até 2020, mas o prazo pode ser estendido em até dois anos, se outro acordo for feito. Ele também afirmou acreditar que o Brexit vai acontecer até dia 31 de outubro, "sem mais surpresas".
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A novela do Brexit
Desde o último final de semana, negociadores do Reino Unido e da UE estavam reunidos para tentar destravar o Brexit e finalmente apresentar um acordo para tanto na cúpula europeia.
Um dos principais entraves das negociações é como ficará a fronteira da Irlanda do Norte, que ligará o Reino Unido, agora com suas próprias leis alfandegárias, ao resto da Europa.
Sobre essa questão, Barnier afirma que "é preciso confiar no sistema". "A nova abordagem não tem nada a ver com o antigo mecanismo que ficou conhecido como "b ackstop". De acordo com o negociador, agora foi criado um sistema sustentável para a Irlanda do Norte, um que está ligado à verificação regular e democrática.
O Partido Unionista Democrático (DUP), da Irlanda do Norte, rejeitou o acordo apenas alguns minutos depois de ele ser anunciado.
"O nosso comunicado anterior segue de pé, em resposta às notícias de que chegaram a um acordo", comentaram as fontes do DUP, cujos dez deputados no Parlamento do Reino Unido permitem que o premiê, Boris Johnson, governe em minoria e cujos votos são fundamentais para a ratificação do novo acordo.
Os unionistas norte-irlandeses emitiram nesta manhã uma nota na qual disseram que rejeitavam o pacto elaborado em Bruxelas, quando ainda não tinha sido apresentado na capital europeia.
"Participamos de contínuas conversas com o governo. Da forma como estão as coisas, não poderíamos aceitar o que está sendo sugerindo sobre as alfândegas e outros assuntos sobre consentimento, e há uma falta de clareza sobre o IVA", ressaltou o comunicado assinado pela líder do DUP, Arlene Foster, e o seu número 2, Nigel Doods.
Nesta quinta-feira, também em seu perfil no Twitter, Johnson comemorou o acordo. De acordo com ele, agora o Reino Unido “poderá ir na direção das suas prioridades”. Falta a aprovação do conselho europeu e do Parlamento britânico.
Para Barnier, Johnson se mostra "confiante" com a aprovação no Parlamento. "Fiz o necessário para que eles estivessem bem informados sobre o assunto", diz o negociador.
Na começo da semana, a rainha Elizabeth II colocou o Brexit como uma prioridade até o dia 31 outubro. O divórcio mais esperado dos últimos três anos nunca esteve tão perto de acontecer.
Confira o documento oficial do acordo do Brexit
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