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Julian Assange, um ciberguerreiro com um futuro incerto

O fundador do WikiLeaks teve o pedido de asilo político concedido pelo Equador, mas está impedido de deixar a embaixada do país em Londres

Julian Assange: o ativista entrou na embaixada do Equador em Londres no dia 19 de junho (Miguel Medina/AFP)
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Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2012 às 12h19.

Londres - Com asilo político concedido pelo Equador, mas sem poder deixar a embaixada do país em Londres, o futuro de Julian Assange é incerto, e os temores de uma deportação para a Suécia crescem, diante do impasse em que ele se encontra.

O fundador do site WikiLeaks entrou na embaixada do Equador em Londres no dia 19 de junho, depois de esgotar todas as opções legais contra um pedido de extradição à Suécia, onde é acusado de crimes sexuais, o que ele nega.

A decisão do Equador foi divulgada nesta quarta-feira pelo chanceler do país Ricardo Patiño, que informou que o país "decidiu conceder asilo diplomático a Julian Assange".

No entanto, a Grã-Bretanha se disse decepcionada com a decisão equatoriana e ressaltou que a aprovação da deportação "não muda nada". "De acordo com nossa legislação, já que Assange esgotou todas as possibilidades de recurso, as autoridades britânicas estão obrigadas a extraditá-lo para a Suécia", informou o governo de Londres.

Além disso, a diplomacia britânica destacou que ainda busca uma solução negociada que permita cumprir com as obrigações dentro do tratado de extradição.

Desde que se entregou à Scotland Yard, em dezembro de 2010, o fundador do WikiLeaks, um site especializado em vazamento de documentos, sempre se apresentou como vítima de "perseguições" em seu combate para "libertar a imprensa" e "desmascarar os segredos e abusos de Estado".

Declarou-se "ameaçado de morte", denunciou um "boicote econômico", falou de um complô produzido pelas autoridades americanas para deportá-lo a Guantánamo, via Estocolmo.

A razão? O WikiLeaks é o pesadelo de Washington desde a divulgação de milhares de documentos americanos, de mensagens militares secretas sobre as guerras de Iraque e Afeganistão e de telegramas diplomáticos confidenciais.


Assange, de 40 anos, diz estar "abandonado" por seu país de origem, a Austrália. Critica a regularidade dos tribunais britânicos em querer enviá-lo à Suécia para responder às acusações - infundadas, segundo ele - de estupro e agressão sexual denunciadas por duas mulheres.

A primeira pessoa que aplaudiu sua solicitação de asilo foi sua mãe, Christine. "Bom trabalho, garoto", disse da Austrália, chamando-o de "prisioneiro político".

Assange também contou, desde o início, com o apoio do presidente equatoriano. Quando o entrevistou, em abril, Rafael Correa disse estar diante de um homem "perseguido, caluniado, linchado midiatiamente" depois de ter colocado os Estados Unidos "em xeque".

A entrevista fazia parte de uma série de programas políticos polêmicos na rede de televisão internacional russa pró-Putin RT. O primeiro convidado, o líder do movimento xiita libanês Hassan Nasrallah, aproveitou este espaço para reafirmar seu apoio ao regime sírio de Bashar al-Assad, envolvido em uma sangrenta repressão.

Os críticos de Assange viram nesta iniciativa midiática mais uma prova da desnaturalização de seu "combate pela verdade" em sua cruzada antiamericana. Uma crítica formulada por vários dissidentes do WiliLeaks, entre eles o ex-porta-voz alemão da organização Daniel Domscheit-Berg.

Recluso na embaixada do Equador, o australiano de cabelos brancos e sorriso muitas vezes sarcástico agora vive um impasse. É bem vindo no país sul-americano, mas não tem meios para deixar a embaixada em Londres sem ser detido.

Assange foi "Homem do Ano" para a revista americana Time, e recebeu prêmios de defensores dos direitos humanos. Mas hoje o homem que diz ter inventado "o primeiro serviço de inteligência do povo do mundo" parece estar um pouco sozinho.

A maioria dos meios de comunicação que o apoiaram divulgando suas informações se distanciaram. Mudou várias vezes de advogados, se irritou com seu editor, que terminou por lançar uma autobiografia "não autorizada". "Posso ser uma espécie de porco chauvinista, mas não sou estuprador", afirma Assange no livro.

Em seu combate para existir midiaticamente, chegou a dublar a voz de seu próprio personagem na série de desenhos animados americana Os Simpsons, em um exercício de autocrítica pouco comum a ele.

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Londres - Com asilo político concedido pelo Equador, mas sem poder deixar a embaixada do país em Londres, o futuro de Julian Assange é incerto, e os temores de uma deportação para a Suécia crescem, diante do impasse em que ele se encontra.

O fundador do site WikiLeaks entrou na embaixada do Equador em Londres no dia 19 de junho, depois de esgotar todas as opções legais contra um pedido de extradição à Suécia, onde é acusado de crimes sexuais, o que ele nega.

A decisão do Equador foi divulgada nesta quarta-feira pelo chanceler do país Ricardo Patiño, que informou que o país "decidiu conceder asilo diplomático a Julian Assange".

No entanto, a Grã-Bretanha se disse decepcionada com a decisão equatoriana e ressaltou que a aprovação da deportação "não muda nada". "De acordo com nossa legislação, já que Assange esgotou todas as possibilidades de recurso, as autoridades britânicas estão obrigadas a extraditá-lo para a Suécia", informou o governo de Londres.

Além disso, a diplomacia britânica destacou que ainda busca uma solução negociada que permita cumprir com as obrigações dentro do tratado de extradição.

Desde que se entregou à Scotland Yard, em dezembro de 2010, o fundador do WikiLeaks, um site especializado em vazamento de documentos, sempre se apresentou como vítima de "perseguições" em seu combate para "libertar a imprensa" e "desmascarar os segredos e abusos de Estado".

Declarou-se "ameaçado de morte", denunciou um "boicote econômico", falou de um complô produzido pelas autoridades americanas para deportá-lo a Guantánamo, via Estocolmo.

A razão? O WikiLeaks é o pesadelo de Washington desde a divulgação de milhares de documentos americanos, de mensagens militares secretas sobre as guerras de Iraque e Afeganistão e de telegramas diplomáticos confidenciais.


Assange, de 40 anos, diz estar "abandonado" por seu país de origem, a Austrália. Critica a regularidade dos tribunais britânicos em querer enviá-lo à Suécia para responder às acusações - infundadas, segundo ele - de estupro e agressão sexual denunciadas por duas mulheres.

A primeira pessoa que aplaudiu sua solicitação de asilo foi sua mãe, Christine. "Bom trabalho, garoto", disse da Austrália, chamando-o de "prisioneiro político".

Assange também contou, desde o início, com o apoio do presidente equatoriano. Quando o entrevistou, em abril, Rafael Correa disse estar diante de um homem "perseguido, caluniado, linchado midiatiamente" depois de ter colocado os Estados Unidos "em xeque".

A entrevista fazia parte de uma série de programas políticos polêmicos na rede de televisão internacional russa pró-Putin RT. O primeiro convidado, o líder do movimento xiita libanês Hassan Nasrallah, aproveitou este espaço para reafirmar seu apoio ao regime sírio de Bashar al-Assad, envolvido em uma sangrenta repressão.

Os críticos de Assange viram nesta iniciativa midiática mais uma prova da desnaturalização de seu "combate pela verdade" em sua cruzada antiamericana. Uma crítica formulada por vários dissidentes do WiliLeaks, entre eles o ex-porta-voz alemão da organização Daniel Domscheit-Berg.

Recluso na embaixada do Equador, o australiano de cabelos brancos e sorriso muitas vezes sarcástico agora vive um impasse. É bem vindo no país sul-americano, mas não tem meios para deixar a embaixada em Londres sem ser detido.

Assange foi "Homem do Ano" para a revista americana Time, e recebeu prêmios de defensores dos direitos humanos. Mas hoje o homem que diz ter inventado "o primeiro serviço de inteligência do povo do mundo" parece estar um pouco sozinho.

A maioria dos meios de comunicação que o apoiaram divulgando suas informações se distanciaram. Mudou várias vezes de advogados, se irritou com seu editor, que terminou por lançar uma autobiografia "não autorizada". "Posso ser uma espécie de porco chauvinista, mas não sou estuprador", afirma Assange no livro.

Em seu combate para existir midiaticamente, chegou a dublar a voz de seu próprio personagem na série de desenhos animados americana Os Simpsons, em um exercício de autocrítica pouco comum a ele.

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