Mundo

Jovem afegã que matou talibãs diz estar "pronta para lutar de novo"

Qamar Gul, de 15 anos, matou os insurgentes que invadiram sua casa na semana passada e assassinaram seus pais

Qamar Gul: "Não tenho medo deles e estou pronta para lutar contra eles novamente", disse à AFP por telefone da casa de um parente (AFP/AFP)

Qamar Gul: "Não tenho medo deles e estou pronta para lutar contra eles novamente", disse à AFP por telefone da casa de um parente (AFP/AFP)

CC

Clara Cerioni

Publicado em 22 de julho de 2020 às 18h17.

Última atualização em 22 de julho de 2020 às 19h30.

Uma adolescente afegã que atirou e matou dois combatentes do Talibã que assassinaram seus pais disse nesta quarta-feira, 22, que está pronta para enfrentar qualquer outro insurgente que tentar atacá-la.

Qamar Gul, de 15 anos, matou os insurgentes que invadiram sua casa na semana passada em um vilarejo no distrito de Taywara, na província central de Ghor.

"Não tenho medo deles e estou pronta para lutar contra eles novamente", disse à AFP por telefone da casa de um parente.

Os Talibãs chegaram por volta da meia-noite, disse ela, acrescentando que estava dormindo com o irmão de 12 anos em seu quarto quando ouviu a porta da casa abrir.

"Minha mãe correu para detê-los, mas a essa altura eles já haviam arrombado a porta", relatou a jovem. "Eles atiraram em meu pai e em minha mãe várias vezes. Fiquei aterrorizada."

Momentos depois, "a raiva tomou conta de mim. Peguei a arma que tínhamos em casa, fui até a porta e atirei neles".

Qamar Gul explicou que seu irmão a ajudou quando um dos insurgentes, que parecia ser o líder, tentou se defender. "Meu irmão pegou a arma de mim e atirou nele. O combatente fugiu ferido, mas voltou mais tarde", continuou ela.

Em seguida, vizinhos e milicianos pró-governo chegaram à casa. O Talibã finalmente fugiu após um longo tiroteio.

Orgulhosa

Autoridades disseram que os talibãs mataram o pai, que era o líder da vila, porque ele apoiava o governo. Os insurgentes costumam matar moradores suspeitos de serem informantes do governo ou das forças de segurança.

O distrito de Taywara, onde está localizada a vila, é uma área remota e cenário de confrontos quase diários entre as forças do governo e o Talibã. Qamar Gul comentou que seu pai a ensinou a disparar um fuzil AK-47.

"Tenho orgulho de ter matado os assassinos dos meus pais", disse ela, mas lamentou não ter conseguido se despedir deles. "Depois de matar os dois talibãs, fui ver meus pais, mas eles não estavam respirando. Sinto-me triste, não consegui me despedir."

Afegãos inundaram as mídias sociais para elogiar a jovem, e uma foto dela, usando um lenço na cabeça e segurando um AK-47, foi amplamente compartilhada. Centenas de pessoas pediram ao governo para protegê-la.

"Exijo que o presidente a ajude e a transfira para um lugar seguro, pois sua segurança e a de sua família estão em risco", escreveu Fawzia Koofi, uma importante ativista de direitos das mulheres e ex-parlamentar, no Facebook.

O presidente Ashraf Ghani também elogiou a adolescente por "defender sua família contra um inimigo cruel", disse seu porta-voz Sediq Sediqqi à AFP.

Um porta-voz do Talibã confirmou que uma operação havia sido realizada na área do ataque, mas negou que qualquer um dos combatentes do grupo tenha sido morto por uma mulher.

Acompanhe tudo sobre:AfeganistãoGuerrasTalibã

Mais de Mundo

Trump afirma que declarará cartéis de drogas como organizações terroristas

Polícia da Zâmbia prende 2 “bruxos” por complô para enfeitiçar presidente do país

Rússia lança mais de 100 drones contra Ucrânia e bombardeia Kherson

Putin promete mais 'destruição na Ucrânia após ataque contra a Rússia