Jorge Rafael Videla, um repressor sem remorso
De acordo com o boletim médico oficial, Videla, de 87 anos, faleceu de causas naturais às 8h25 de hoje, em sua cela na cidade de Marcos Paz
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
Buenos Aires - Símbolo da última ditadura militar argentina, Jorge Rafael Videla morreu sem dar um só sinal de arrependimento e até encorajando um novo golpe de Estado para derrubar a democracia mesmo após ter sido condenado à prisão perpétua por crimes de lesa-humanidade.
De acordo com o boletim médico oficial, Videla, de 87 anos, faleceu de causas naturais às 8h25 de hoje, em sua cela na cidade de Marcos Paz, localizada na região metropolitana de Buenos Aires, onde estava preso desde junho de 2012.
"Não está morto nem vivo, está desaparecido", respondeu em plena ditadura o então presidente a um jornalista que o questionou sobre as vítimas do terrorismo de Estado.
Sob seu mandato, de 1976 a 1981, foi assassinada uma freira francesa que cuidara de um de seus filhos, deficiente físico, lembrou hoje a jornalista Miriam Lewin, que esteve sequestrada na Escola de Mecânica da Marinha (Esma), o maior centro de detenção clandestino da Argentina.
Essas lembranças definem a personalidade de um ditador que ouviu sem pestanejar as sucessivas condenações impostas pelos tribunais por conta dos chamados "anos de chumbo": sequestros, torturas, assassinatos e roubos de bebês.
Durante seus cinco anos de gestão, organizou a Copa do Mundo de 1978, com que tentou limpar a imagem internacional da Junta Militar enquanto se multiplicavam as denúncias de violações dos direitos humanos.
Também esteve a ponto de declarar guerra ao Chile por um conflito limítrofe que foi superado graças à mediação do papa João Paulo II.
Com José Alfredo Martínez de Hoz como ministro da Economia, Videla promoveu uma política baseada na abertura do mercado, na liberalização da legislação trabalhista e em uma abertura que destruiu a indústria nacional.
Com a economia em recessão, inflação em alta e a moeda desvalorizada, Videla foi sucedido por Roberto Viola em 29 de março de 1981.
Sentado pela primeira vez no banco dos réus durante o histórico "Julgamento das Juntas Militares", liderado pelo promotor Julio César Strassera, foi condenado pela primeira vez à prisão perpétua em 1985.
Anistiado em 1990 pelo Governo de Carlos Menem, anos depois o juiz espanhol Baltasar Garzón o incluiu em uma relação de militares e civis argentinos com ordem de captura internacional por crimes cometidos durante a ditadura.
Em 1998, voltou a ser julgado por crimes de lesa-humanidade e foi condenado à prisão perpétua em 2010.
Como acusado, já octogenário, Videla defendeu o golpe militar até o último momento e também o papel do Exército no que considerava uma guerra contra a insurreição.
Videla lançou sua última provocação em março, quando chamou os militares ao "combate" para derrubar o Governo de Cristina Kirchner.
Há poucos anos, Videla lembrou em entrevista como foi a véspera do golpe de Estado de 24 de março de 1976, quando a então presidente María Estela Martínez de Perón pediu apoio dos militares.
Segundo Videla, em reunião com a presidente, os comandantes das Forças Armadas se convenceram da "falta de poder" da governante e decidiram agir em um clima de instabilidade política e econômica.
Nomeado por ela comandante-em-chefe do Exército, liderou, junto a Emilio Massera e Orlando Agosti, o golpe de Estado que iniciou o período mais obscuro da história recente argentina e que, segundo organizações de Direitos Humanos, deixou mais de 30 mil desaparecidos.
O primeiro dos quatro presidentes do regime militar compareceu pela última vez aos tribunais no último dia 14 e se negou a dar declarações em um julgamento relacionado ao Plano Condor.
Como em algumas ocasiões anteriores, o ditador se declarou "preso político" e disse ter sofrido uma "crise de memória".
Com seu silêncio perante a Justiça, Videla levou para o túmulo muitas informações que teriam auxiliado a identificação de desaparecidos.
Buenos Aires - Símbolo da última ditadura militar argentina, Jorge Rafael Videla morreu sem dar um só sinal de arrependimento e até encorajando um novo golpe de Estado para derrubar a democracia mesmo após ter sido condenado à prisão perpétua por crimes de lesa-humanidade.
De acordo com o boletim médico oficial, Videla, de 87 anos, faleceu de causas naturais às 8h25 de hoje, em sua cela na cidade de Marcos Paz, localizada na região metropolitana de Buenos Aires, onde estava preso desde junho de 2012.
"Não está morto nem vivo, está desaparecido", respondeu em plena ditadura o então presidente a um jornalista que o questionou sobre as vítimas do terrorismo de Estado.
Sob seu mandato, de 1976 a 1981, foi assassinada uma freira francesa que cuidara de um de seus filhos, deficiente físico, lembrou hoje a jornalista Miriam Lewin, que esteve sequestrada na Escola de Mecânica da Marinha (Esma), o maior centro de detenção clandestino da Argentina.
Essas lembranças definem a personalidade de um ditador que ouviu sem pestanejar as sucessivas condenações impostas pelos tribunais por conta dos chamados "anos de chumbo": sequestros, torturas, assassinatos e roubos de bebês.
Durante seus cinco anos de gestão, organizou a Copa do Mundo de 1978, com que tentou limpar a imagem internacional da Junta Militar enquanto se multiplicavam as denúncias de violações dos direitos humanos.
Também esteve a ponto de declarar guerra ao Chile por um conflito limítrofe que foi superado graças à mediação do papa João Paulo II.
Com José Alfredo Martínez de Hoz como ministro da Economia, Videla promoveu uma política baseada na abertura do mercado, na liberalização da legislação trabalhista e em uma abertura que destruiu a indústria nacional.
Com a economia em recessão, inflação em alta e a moeda desvalorizada, Videla foi sucedido por Roberto Viola em 29 de março de 1981.
Sentado pela primeira vez no banco dos réus durante o histórico "Julgamento das Juntas Militares", liderado pelo promotor Julio César Strassera, foi condenado pela primeira vez à prisão perpétua em 1985.
Anistiado em 1990 pelo Governo de Carlos Menem, anos depois o juiz espanhol Baltasar Garzón o incluiu em uma relação de militares e civis argentinos com ordem de captura internacional por crimes cometidos durante a ditadura.
Em 1998, voltou a ser julgado por crimes de lesa-humanidade e foi condenado à prisão perpétua em 2010.
Como acusado, já octogenário, Videla defendeu o golpe militar até o último momento e também o papel do Exército no que considerava uma guerra contra a insurreição.
Videla lançou sua última provocação em março, quando chamou os militares ao "combate" para derrubar o Governo de Cristina Kirchner.
Há poucos anos, Videla lembrou em entrevista como foi a véspera do golpe de Estado de 24 de março de 1976, quando a então presidente María Estela Martínez de Perón pediu apoio dos militares.
Segundo Videla, em reunião com a presidente, os comandantes das Forças Armadas se convenceram da "falta de poder" da governante e decidiram agir em um clima de instabilidade política e econômica.
Nomeado por ela comandante-em-chefe do Exército, liderou, junto a Emilio Massera e Orlando Agosti, o golpe de Estado que iniciou o período mais obscuro da história recente argentina e que, segundo organizações de Direitos Humanos, deixou mais de 30 mil desaparecidos.
O primeiro dos quatro presidentes do regime militar compareceu pela última vez aos tribunais no último dia 14 e se negou a dar declarações em um julgamento relacionado ao Plano Condor.
Como em algumas ocasiões anteriores, o ditador se declarou "preso político" e disse ter sofrido uma "crise de memória".
Com seu silêncio perante a Justiça, Videla levou para o túmulo muitas informações que teriam auxiliado a identificação de desaparecidos.