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Johnson garante "enormes avanços" em diálogos sobre Brexit

Em uma entrevista, o novo primeiro-ministro britânico comparou o Reino Unido ao incrível Hulk, o musculoso personagem dos quadrinhos

Primeiro-ministro britânico, Boris Johnson diz que não considera possibilidade de renúncia (Danny Lawson - WPA/Getty Images)
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AFP

Publicado em 15 de setembro de 2019 às 10h09.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, assegurou neste sábado (14) que houve "enormes avanços" para se chegar a um acordo com a União Europeia (UE) sobre o Brexit , em uma entrevista na qual comparou o Reino Unido ao incrível Hulk, o musculoso personagem dos quadrinhos.

"Quando cheguei a este cargo, todo mundo dizia que não era possível nenhuma mudança no acordo de saída" do Reino Unido da UE, disse o primeiro-ministro ao jornal "The Mail on Sunday".

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"Mas os dirigentes da UE mudaram de parecer, e há uma conversa muito boa em curso sobre como abordar as questões da fronteira norte-irlandesa", revelou.

A fronteira entre a província britânica da Irlanda do Norte e a República da Irlanda é o principal entrave nos diálogos sobre o Brexit. Pensada para evitar a reinauguração de uma fronteira física entre os dois territórios, a chamada "salvaguarda irlandesa" gera grande polêmica.

Este foi, em grande parte, o motivo pelo qual os deputados britânicos rejeitaram em três ocasiões o tratado de saída negociado por Theresa May, forçando sua renúncia da chefia de governo.

Trata-se de uma solução de último recurso que entraria em vigor apenas se, após um período de transição previsto no acordo, Londres e Bruxelas não acordassem uma solução melhor. O mecanismo criaria um "território alfandegário único", que englobaria a UE e o Reino Unido e limitaria a capacidade de Londres de negociar tratados comerciais com outros países.

- 'Tenho muita confiança'

"Há muito trabalho pela frente e até 17 de outubro", quando os líderes da UE se reunirão para uma cúpula final da saída do Reino Unido do bloco, disse Johnson.

"Mas vou para essa cúpula e vou conseguir um acordo, tenho muita confiança", insistiu.

O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, foi bem menos otimista. Segundo ele, em declaração na última sexta-feira, a distância entre Londres e Bruxelas continua sendo "muito grande".

Também é cético o negociador-chefe da UE para o Brexit, Michel Barnier, que disse "não ter razões para ser otimista" em relação às chances de se chegar a um acordo antes do Conselho Europeu. O encontro começa em 17 de outubro, em Bruxelas.

Antes disso, na segunda-feira, Boris Johnson se reúne em Luxemburgo com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e com o Barnier.

Durante a entrevista, Boris Johnson comparou o Reino Unido ao Hulk.

"Quanto mais o Hulk se irrita, mais forte fica e sempre escapa, embora pareça estar fortemente preso, como é o caso deste país", disse. "Sairemos em 31 de outubro [...] acreditem em mim", completou.

A oposição parlamentar à sua posição aumentou ainda mais no sábado (14), porém, quando Sam Gyimah, um de seus deputados pelo Partido Conservador, desertou e se uniu aos liberal-democratas, pró-europeus.

Na semana passada, 21 deputados conservadores apoiaram a oposição parlamentar para obrigar o Executivo a pedir um adiamento do Brexit até janeiro.

Para o ex-premiê David Cameron (2010-2016), Boris Johnson está longe de ser um "brexiteer" (favorável ao Brexit) convicto. Em trechos de suas memórias publicadas neste domingo (15) pelo "Sunday Times", Cameron o acusa de "populismo" e de defender o Brexit unicamente por oportunismo e para fazer sua carreira política avançar.

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