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Johnson convocará eleições em 14 de outubro se for derrotado, diz fonte

Primeiro-ministro britânico estaria disposto a apresentar moção para um novo pleito caso conservadores se unissem à oposição contra ele

Boris Johnson: premiê britânico ameaça convocar novas eleições (Simon Dawson/Reuters)

Boris Johnson: premiê britânico ameaça convocar novas eleições (Simon Dawson/Reuters)

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AFP

Publicado em 2 de setembro de 2019 às 19h19.

O premiê conservador britânico, Boris Johnson, convocará eleições legislativas antecipadas em 14 de outubro, se o governo sofrer uma derrota no Parlamento em relação ao Brexit - disse uma fonte do governo nesta segunda-feira (2).

A mesma fonte afirmou ainda que se, como se espera, os deputados conservadores rebeldes se unirem à oposição para derrotar Johnson em uma votação, nesta terça, o governo apresentará na quarta-feira ao Parlamento uma moção para pedir eleições antecipadas.

Vários deputados tories (conservadores) garantiram que estão dispostos a votar junto com a oposição, amanhã, para adiar o Brexit. Se Londres não chegar a um acordo com Bruxelas nas próximas semanas, o Brexit será concluído em 31 de outubro.

"O primeiro-ministro não quer uma eleição, mas isso dependerá da decisão dos deputados na votação amanhã", advertiu o funcionário ouvido pela AFP.

Uma derrota para o governo "destruiria sua posição negociadora e tornaria impossível o Reino Unido negociar um acordo com Bruxelas", explicou.

A possível nova eleição seria em 14 de outubro, para "permitir ao novo primeiro-ministro participar da cúpula europeia de 17 e 18 de outubro em Bruxelas", completou a mesma fonte.

De qualquer modo, a realização de uma eleição antecipada deve ser confirmada pelo voto de dois terços da Câmara dos Comuns. Principal força da oposição, o Partido Trabalhista já disse ser favorável à convocação. Neste caso, deveria surgir uma maioria a favor de eleições antecipadas, já que Johnson tem apenas a maioria absoluta de uma votação na Câmara Baixa.

Ameaça de sanções a deputados conservadores

Nesta segunda-feira, em um comunicado divulgado mais cedo após reunião de urgência de seu gabinete, Boris Johnson afirmou que "as chances de chegar a um acordo aumentaram".

"Mas, se há algo que pode nos impedir nessas negociações, é a sensação em Bruxelas de que os deputados podem encontrar uma maneira de cancelar o referendo, ou que amanhã os deputados votem com o (opositor) Jeremy Corbyn em favor de outro adiamento sem significado", explicou.

"Se fizerem isso, toda nova negociação será absolutamente impossível", acrescentou ele, em meio aos gritos de manifestantes pró e anti-Brexit.

Johnson chegou ao poder no final de julho, em substituição a Theresa May, garantindo que vai retirar o país da UE em 31 de outubro, com ou sem acordo.

Na semana passada, ele anunciou a suspensão do Parlamento entre a segunda semana de setembro e 14 de outubro, oficialmente para permitir que o novo Executivo apresente seu programa de política nacional. Seus críticos denunciam a medida como uma manobra para impedir qualquer ação contra um Brexit brutal.

A decisão desencadeou uma onda de indignação e protestos em massa em todo país durante o fim de semana, sob o lema "Parem o golpe de Estado".

A Câmara dos Comuns retorna do recesso de verão na terça-feira. Vários deputados conservadores se declararam dispostos a votar com a oposição para aprovar uma lei urgente, obrigando o Executivo a solicitar um novo adiamento, se não houver acordo no final de outubro. O premiê reagiu.

"Primeiro-ministro adverte os deputados rebeldes: apoiem-me, ou estarão fora": era a manchete do "Daily Telegraph" nesta segunda-feira, enquanto o jornal "The Guardian" afirma que "Johnson está disposto a sacrificar sua maioria", expulsando os rebeldes de seu grupo parlamentar.

O governo tem uma maioria parlamentar de apenas um deputado - contando com os dez do partido unionista norte-irlandês DUP. Isso alimentou especulações sobre a iminência de eleições legislativas antecipadas.

Aliança rebelde

De acordo com uma nova pesquisa do YouGov, realizada após a decisão de suspender o Parlamento, 62% dos eleitores classificaram Johnson como "determinado", 23 pontos a mais do que no mês anterior - bem acima dos 5% de May. Já 40% avaliaram o premiê como "competente", um aumento de 11 pontos.

Quanto às intenções de voto, os conservadores têm 33% contra 22% para os trabalhistas, 21% para os liberais-democratas e 12% para o Partido do Brexit.

Preparando-se para a sessão parlamentar de terça-feira, Corbyn já reuniu seus colaboradores mais próximos nesta segunda-feira em Salford, no noroeste da Inglaterra.

"Vamos nos unir a outros partidos amanhã para tentar impedir uma saída sem acordo da União Europeia", afirmou.

Entre as medidas possíveis, os trabalhistas consideram entrar com uma moção de censura contra o governo Johnson. A ideia parece estagnada, porque os outros partidos da oposição não confiam em Corbyn para liderar um governo interino.

Provavelmente, a já apelidada "aliança rebelde" recorrerá a um procedimento técnico chamado "Standing Order 24" para retirar do governo o controle da agenda parlamentar e tentar votar uma lei que exija um novo adiamento do Brexit.

Não é garantido que a iniciativa vá receber o apoio necessário, mas o ministro Michel Gove já sugeriu que, mesmo que aprovem tal lei, o governo pode descumpri-la. Enquanto isso, Johnson acelerou os contatos com Bruxelas em uma renegociação do acordo assinado por May.

"Não estou otimista sobre a possibilidade de evitar um Brexit sem acordo", escreveu no domingo o negociador-chefe europeu, Michel Barnier, em um artigo publicado no "Sunday Telegraph".

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