John Kerry: desde o início das manifestações, "pela primeira vez o governo e a oposição vão se reunir hoje. É um momento muito delicado, e (há) a possibilidade de uma negociação", destacou secretário (REUTERS/Brendan Smialowski/Pool)
Da Redação
Publicado em 8 de abril de 2014 às 18h26.
O secretário de Estado americano, Jonh Kerry, manifestou nesta terça-feira seu apoio à missão da Unasul que promove o diálogo entre o governo e a oposição na Venezuela, depois de meses de protestos que deixaram 39 mortos.
"Atualmente, apoiamos muito os esforços de mediação destinados a conter a violência e a tentar alcançar um diálogo honesto", afirmou Kerry sobre a situação do país, em depoimento à comissão de Assuntos Exteriores do Senado americano.
Desde o início das manifestações, "pela primeira vez o governo e a oposição vão se reunir hoje (terça). É um momento muito delicado, e (existe) a possibilidade de uma negociação", destacou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e uma delegação da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) participaram de uma reunião organizada pela União de Nações Sul-Americanas para preparar um eventual diálogo.
A audiência no Senado, que durou quase três horas, estava prevista para discutir o orçamento do Departamento de Estado, mas Kerry passou a maior parte do tempo respondendo perguntas sobre países como Ucrânia, Síria e Irã.
A Venezuela foi discutida por iniciativa do senador republicano Marco Rubio, que já denunciou a atuação de grupos armados a mando do governo venezuelano para reprimir protestos.
Incitado por Rubio a condenar a violência, Kerry afirmou que não queria dar ao governo de Caracas "pólvora" que possa ser usada como "desculpa" contra os Estados Unidos.
"Por que não podemos dizer que o fato de eles terem realizado uma eleição não os torna uma democracia, e que este governo na Venezuela não se comporta como em uma democracia?", questionou o senador.
"É isso que está sendo posto à prova", respondeu Kerry, "Vamos ver o que vai acontecer na reunião", acrescentou.
A Venezuela tem convivido há dois meses com protestos que deixaram 39 mortos, cerca de 600 feridos e mais de cem opositores detidos e processados.
Os Estados Unidos denunciaram a violência e a perseguição de dissidentes, levando o presidente Maduro a acusar Washington de instigar e financiar as manifestações, que ele considera um golpe de Estado.
Os países não são representados por embaixadores de lado a lado desde 2010, apesar de os Estados Unidos serem o principal comprador do petróleo venezuelano.