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Jenin, de zona de combate a destino de investimentos

Índice de desemprego superava os 60% da população ativa, mas, em apenas 5 anos, caiu pela metade

Jenin, na Cisjordânia: Fundo Palestino de Investimento destinou US$ 100 mi para infraestrutura da cidade (flickr.com/photos/mk30)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de abril de 2011 às 11h43.

Jenin, Cisjordânia - O distrito palestino de Jenin, no norte da Cisjordânia, deixou para trás anos de estigma e violência para empreender um processo de recuperação econômica destinado a transformá-lo em um dos centros do turismo regional.

Há apenas cinco anos, o índice de desemprego superava os 60% da população ativa, hoje, três anos depois do início das reformas, foi reduzido à metade.

"Estamos fazendo um esforço considerável em todos os níveis para dependermos menos das doações (internacionais) e consolidarmos nosso setor privado", anunciou em entrevista coletiva Mohammed Mustafa, diretor-executivo do Fundo Palestino de Investimento (PIF, na sigla em inglês).

Promotor dos principais projetos de desenvolvimento na Cisjordânia, o PIF destinou US$ 100 milhões para o investimento em infraestrututa em Jenin, que contou com a imensa totalidade dos materiais empregados e mão-de-obra palestina.

"Apenas quando não temos outro jeito recorremos a fornecedores em Israel", afirma Munir Treish, diretor da construtora responsável pelo projeto Al-Nijan, núcleo de uma nova "faixa de desenvolvimento" entre o centro urbano e a sede local da Universidade Americana.

Mustafa, economista formado em instituições financeiras ocidentais de maior prestígio, reconhece que Jenin foi "um subúrbio conturbado durante algum tempo", mas "nos últimos anos a segurança melhorou e a economia vem despertando".

Desta cidade, que até alguns anos atrás era reduto do islamismo mais radical, saíram entre 1994 e 2004 alguns dos terroristas suicidas mais sanguinários que atacaram as ruas israelenses.

Seu campo de refugiados é lembrado até hoje por ter sido palco, em 2002, de duros confrontos armados nos quais morreram 53 palestinos e 23 israelenses.


No processo de recuperação, teve um papel decisivo a abertura da passagem de fronteira de Yalame, que permitiu a entrada de dezenas de milhares de árabes-israelenses, palestinos que vivem em Israel e têm um poder aquisitivo mais alto.

Rodeado pela cerca que separa o território palestino de Israel e circunda quase toda Cisjordânia, o distrito de Jenin havia vivido do mercado israelense até 2000, ano em que explodiu a Intifada de al-Aqsa.

"Antes, 35 mil palestinos do distrito trabalhavam em Israel, agora há apenas entre 1.500 e 3 mil", relata o governador Qadura Moussa.

Israel ocupa a Cisjordânia desde 1967 e controla todas as passagens fronteiriças e estradas, afetando a economia local.

Aproveitando o papel que a cidade desempenhou na história da região por sua estratégica localização entre Nazaré e Jerusalém, dois dos três centros cristãos mais importantes, o turismo é um dos setores que Moussa tenta impulsionar para auxiliar os mais de 6 mil jovens formados desempregados.

"Temos aqui o túnel de Belama e o mosteiro de Burkin, o quarto mais antigo do mundo e que fica sobre a caverna na qual Jesus fez seu segundo milagre (a cura de leprosos)", descreve.

Para amenizar sua reputação como centro islâmico e da luta armada contra Israel, Jenin estendeu a mão a um projeto turístico conjunto com a vizinha comarca israelense de Gilboa.

Nos últimos três anos, seus prefeitos o apresentaram em várias feiras internacionais como um "pacote turístico pela paz", iniciativa que conta com o apoio do governo alemão e da Agência Espanhola para a Cooperação e o Desenvolvimento (AECID).

"Nós palestinos queremos a paz com Israel, uma paz verdadeira, como foram também nossas guerras", declara Moussa sem esquecer que isso não será possível até que "o povo ocupado obtenha sua liberdade".

O turismo estrangeiro não descobriu ainda a existência de Jenin, que também ficava fora das rotas da peregrinação pelo fechamento de Yalame até 2009.

Para eles, e para os visitantes locais, a família de Basam Haddad, que é da cidade árabe-israelense de Nazaré, abriu o único centro turístico de todo o norte da Cisjordânia, com um hotel, um teatro, um pequeno parque de diversões e um museu de tradições palestinas.

Suas instalações e os 150 quartos - em todo o distrito havia apenas 60 -, a "Haddad Tourist Village" é um oásis em meio a um entorno hostil, uma aposta milionária que para os investidores era impensável até apenas três anos atrás.

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Há apenas cinco anos, o índice de desemprego superava os 60% da população ativa, hoje, três anos depois do início das reformas, foi reduzido à metade.

"Estamos fazendo um esforço considerável em todos os níveis para dependermos menos das doações (internacionais) e consolidarmos nosso setor privado", anunciou em entrevista coletiva Mohammed Mustafa, diretor-executivo do Fundo Palestino de Investimento (PIF, na sigla em inglês).

Promotor dos principais projetos de desenvolvimento na Cisjordânia, o PIF destinou US$ 100 milhões para o investimento em infraestrututa em Jenin, que contou com a imensa totalidade dos materiais empregados e mão-de-obra palestina.

"Apenas quando não temos outro jeito recorremos a fornecedores em Israel", afirma Munir Treish, diretor da construtora responsável pelo projeto Al-Nijan, núcleo de uma nova "faixa de desenvolvimento" entre o centro urbano e a sede local da Universidade Americana.

Mustafa, economista formado em instituições financeiras ocidentais de maior prestígio, reconhece que Jenin foi "um subúrbio conturbado durante algum tempo", mas "nos últimos anos a segurança melhorou e a economia vem despertando".

Desta cidade, que até alguns anos atrás era reduto do islamismo mais radical, saíram entre 1994 e 2004 alguns dos terroristas suicidas mais sanguinários que atacaram as ruas israelenses.

Seu campo de refugiados é lembrado até hoje por ter sido palco, em 2002, de duros confrontos armados nos quais morreram 53 palestinos e 23 israelenses.


No processo de recuperação, teve um papel decisivo a abertura da passagem de fronteira de Yalame, que permitiu a entrada de dezenas de milhares de árabes-israelenses, palestinos que vivem em Israel e têm um poder aquisitivo mais alto.

Rodeado pela cerca que separa o território palestino de Israel e circunda quase toda Cisjordânia, o distrito de Jenin havia vivido do mercado israelense até 2000, ano em que explodiu a Intifada de al-Aqsa.

"Antes, 35 mil palestinos do distrito trabalhavam em Israel, agora há apenas entre 1.500 e 3 mil", relata o governador Qadura Moussa.

Israel ocupa a Cisjordânia desde 1967 e controla todas as passagens fronteiriças e estradas, afetando a economia local.

Aproveitando o papel que a cidade desempenhou na história da região por sua estratégica localização entre Nazaré e Jerusalém, dois dos três centros cristãos mais importantes, o turismo é um dos setores que Moussa tenta impulsionar para auxiliar os mais de 6 mil jovens formados desempregados.

"Temos aqui o túnel de Belama e o mosteiro de Burkin, o quarto mais antigo do mundo e que fica sobre a caverna na qual Jesus fez seu segundo milagre (a cura de leprosos)", descreve.

Para amenizar sua reputação como centro islâmico e da luta armada contra Israel, Jenin estendeu a mão a um projeto turístico conjunto com a vizinha comarca israelense de Gilboa.

Nos últimos três anos, seus prefeitos o apresentaram em várias feiras internacionais como um "pacote turístico pela paz", iniciativa que conta com o apoio do governo alemão e da Agência Espanhola para a Cooperação e o Desenvolvimento (AECID).

"Nós palestinos queremos a paz com Israel, uma paz verdadeira, como foram também nossas guerras", declara Moussa sem esquecer que isso não será possível até que "o povo ocupado obtenha sua liberdade".

O turismo estrangeiro não descobriu ainda a existência de Jenin, que também ficava fora das rotas da peregrinação pelo fechamento de Yalame até 2009.

Para eles, e para os visitantes locais, a família de Basam Haddad, que é da cidade árabe-israelense de Nazaré, abriu o único centro turístico de todo o norte da Cisjordânia, com um hotel, um teatro, um pequeno parque de diversões e um museu de tradições palestinas.

Suas instalações e os 150 quartos - em todo o distrito havia apenas 60 -, a "Haddad Tourist Village" é um oásis em meio a um entorno hostil, uma aposta milionária que para os investidores era impensável até apenas três anos atrás.

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