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Japão, um milagre econômico que durou 40 anos

Posto de 2ª maior economia do mundo foi perdido após o aumento da dívida pública, a piora da deflação e o rápido envelhecimento da população

Naoto Kan, premiê japonês: economia do país está desde o final dos anos 1990 em crise (Arquivo/Getty Images)

Naoto Kan, premiê japonês: economia do país está desde o final dos anos 1990 em crise (Arquivo/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2011 às 07h53.

Tóquio - Chegou ao fim o reinado de 40 anos da segunda potência mundial, um milagre econômico que abatido pelo peso da dívida pública, deflação endêmica e o rápido envelhecimento de sua população.

O Produto Interno Bruto (PIB) da China superou em 2010 os US$ 6 trilhões, valor nominal que o Japão não alcançará, pois calcula-se que seu PIB feche abaixo de US$ 5,5 trilhões.

Embora seja preciso esperar até 14 de fevereiro pela divulgação do dado de crescimento japonês no último trimestre do ano, o Governo do Japão admitiu nesta quinta que a vizinha China passou a sua frente como segunda economia mundial.

E, à maneira japonesa, o ministro de Política Econômica, Kaoru Yosano, pediu para aproveitar a oportunidade para reestruturar a economia em busca de maior inovação, e considerou como positivo para o Japão o forte crescimento chinês.

Há cinco anos, o valor nominal da economia da China era metade do japonês, que, com Pequim como primeiro aliado comercial, aproveita o crescente apetite pelo consumo, enquanto luta contra uma dívida pública perto de duplicar seu PIB e a deflação.

Com 23% de seus 127 milhões de habitantes acima dos 65 anos, a derrota do Japão para o vizinho chinês, com uma população de 1,3 bilhão, era há muito tempo uma morte anunciada.

O estranho é que isso não tivesse ocorrido antes. A economia japonesa está desde o fim dos anos 90 em crise, abalada pela constante queda nos preços, o lento ritmo de crescimento, o baixo consumo privado e sua forte dependência de matérias-primas externas.


Esse coquetel negativo, que afundaria qualquer outra nação, foi atenuado em parte no Japão pelo maior nível de economia do mundo, seus constantes avanços na área de inovação tecnológica, suas elevadas reservas de moeda estrangeira e o potente músculo exportador.

Duas décadas após uma guerra que o devastou, o Japão alcançou em 1968 a segunda potência mundial levada pela força da indústria pesada e do investimento em tecnologia.

O país asiático alcançou o apogeu nos 80, quando sua pujança era tal que se falava na possibilidade de superar os Estados Unidos como primeira economia mundial.

Em direção ao fim da década, no entanto, o excesso de capital acabou conduzindo à explosão de uma bolha financeira da qual nunca se recuperou totalmente e que nesta quinta mantém as taxas de juros em zero para estimular a demanda que não cresce.

Nessa época teve origem a gigantesca dívida pública japonesa, a maior do mundo desenvolvido, que é um de seus grandes males ao lado da deflação e da atual força do iene que encarece suas exportações, da qual o Japão é dependente.

Nesta quinta, ao dar por certo sua perda de peso econômico frente à China, os analistas japoneses ressaltavam o elevado nível de vida e o invejável nível de distribuição da riqueza em uma nação sem desequilíbrios sociais.

No Japão, a renda per capita foi em 2010 de US$ 42.431 frente aos US$ 4.412 na China, aproximadamente o que o país tinha nos anos 60, conforme o jornal econômico "Nikkei".

Pelas estimativas, a China poderia superar os Estados Unidos (atualmente com o inalcançável PIB de US$ 14 trilhões) como primeira economia mundial dentro de 20 anos e outra nação emergente, a Índia, se transformaria em 2028 a terceira potência.

Para então, calcula-se que a população ativa será de pouco mais de 55 milhões de trabalhadores no Japão, um país que viu aumentar sua dívida pública até 183% do PIB ao tempo que sua população envelhecia progressivamente.

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