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Japão escolhe novo premiê, mas líder pode não durar muito

Yoshihiko Noda, 54 anos, que derrotou o ministro do Comércio Banri Kaieda em votação no partido governista, precisa lidar com iene ressurgente que ameaça as exportações

Noda precisa criar uma nova política energética enquanto tenta resolver a pior crise nuclear desde Chernobyl (Alex Wong/Getty Images)

Noda precisa criar uma nova política energética enquanto tenta resolver a pior crise nuclear desde Chernobyl (Alex Wong/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2011 às 08h32.

Tóquio - O ministro das Finanças do Japão, Yoshihiko Noda, foi escolhido nesta segunda-feira para se tornar o sexto primeiro-ministro do país em cinco anos, mas precisa superar um Parlamento divido e profundos desacordos no partido governista se quiser deixar uma impressão mais marcante que seus antecessores.

Noda parece ser uma escolha segura para liderar a terceira maior economia do mundo, mas há sérias dúvidas sobre se ele terá apoio suficiente para combater a série de dificuldades econômicas enfrentadas pelo Japão, resgatar o país de décadas de estagnação e lidar com a crise nuclear.

Noda, de 54 anos, que derrotou o ministro do Comércio Banri Kaieda em uma votação no partido governista, precisa lidar com um iene ressurgente que ameaça as exportações, criar uma nova política energética enquanto tenta resolver a pior crise nuclear desde Chernobyl, e encontrar fundos para reconstruir o país depois do tsunami de 11 de março, no momento em que uma enorme dívida pública já desencadeou um rebaixamento no crédito.

"Noda herdou todos os mesmos problemas -- um Parlamento dividido, um partido dividido, um iene forte, a região de Tohoku (no nordeste do Japão) desesperada pelo progresso na reconstrução e por um fim breve à crise nuclear", disse Jeffrey Kingston, diretor de Estudos Asiáticos no campus da Universidade de Temple no Japão.

"Eu acho que a lua de mel durará pouco."

Nenhum primeiro-ministro japonês durou muito mais do que um ano desde 2006 e a maioria das fontes atuantes no mercado entrevistada pela Reuters neste mês acreditava que o próximo líder do governo não seria diferente.

Noda, que receberá a confirmação do Parlamento na terça-feira, será o terceiro premiê desde que seu Partido Democrata do Japão (DPJ) assumiu o poder em 2009 prometendo mudanças.

Ao invés de um profundo debate sobre como tirar o Japão de décadas de estagnação, a votação no partido se tornou uma batalha entre aliados e críticos de Ichiro Ozawa, um influente mediador político de 69 anos que chefia o maior grupo do partido, apesar de estar próximo de ser julgado por acusações de doações ilícitas.

Kaieda, que tem o apoio de Ozawa, ficou com 177 dos votos enquanto Noda, com apoio dos críticos de Ozawa, venceu 215 dos votos dos parlamentares. Isso indica que Ozawa continuará sendo uma força decisiva, apesar de sua influência estar diminuindo.

A agência oficial de noticias da China Xinhua comentou nesta segunda-feira a eleição do novo primeiro-ministro japonês, dizendo que é responsabilidade do governo de Noda consertar a problemática relação entre os dois países. O governo chinês ainda não se manifestou oficialmente sobre a escolha.

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