Eleitor japonês segura panfleto de campanha do candidato Shinzo Abe: a campanha eleitoral, que terminará amanhã, enfocou principalmente questões econômicas (REUTERS)
Da Redação
Publicado em 14 de dezembro de 2012 às 15h23.
Tóquio - A campanha para as eleições de domingo no Japão entrou nesta sexta-feira em sua reta final com mais de 40% dos eleitores ainda indecisos, segundo as pesquisas, que dão como certa a volta ao poder do conservador PLD, que governou o país durante meio século até 2009.
Os dois grandes partidos do Japão, o governante Partido Democrático (PD) e o opositor Partido Liberal-Democrata (PLD), apostaram hoje suas últimas fichas em regiões afastadas da capital, onde, faltando dois dias para a ida às urnas, há um número maior de indecisos.
As pesquisas mais recentes indicam que o PLD, com o antigo chefe de governo Shinzo Abe à frente, e seu aliado histórico, o partido budista minoritário Novo Komeito, obterão uma maioria absoluta na Câmara dos Deputados, com cerca de 300 dos 480 cadeiras.
No entanto, com a vitória a coalizão não alcançaria a grande maioria de dois terços (320 deputados) que lhe permitiria, por exemplo, fazer mudanças na Constituição sem o apoio de outros partidos.
Apesar da vitória do PLD ser tida como certa, a vantagem que seus adversários conseguirão à frente dependerá do voto de última hora dos indecisos, que, segundo uma pesquisa publicada hoje pelo jornal 'Asahi', são ainda entre 40% e 50% dos mais de 104,3 milhões de japoneses convocados às urnas.
O PD, do primeiro-ministro Yoshihika Noda, parece caminhar, por sua vez, para um desastre eleitoral após três difíceis anos de governo.
A legenda, que obteve arrasadora maioria nas gerais de 2009 com uma promessa de mudança, enfrentou um mandato especialmente complicado: à difícil conjuntura de um Japão estagnado no econômico somou-se o triplo desastre do terremoto, tsunami e crise nuclear que atingiu o país em 2011.
A inexperiência dos primeiros-ministros do PD - três, em três anos -, os problemas internos e as divergências no partido minguaram a popularidade do grupo, que necessitou negociar com a oposição apoios para passar leis tão cruciais como a de uma ampla reforma tributária.
Em troca, precisou pagar com a convocação de eleições antecipadas nas quais, segundo boa parte das pesquisas, obterá apenas cerca de 80 cadeiras, frente às 230 atuais e às 308 garantidas nas eleições de 2009.
A campanha eleitoral, que terminará amanhã, enfocou principalmente questões econômicas, com o provável futuro primeiro-ministro Abe exibindo uma política monetária mais agressiva e estímulos para tirar à terceira economia mundial de uma longa estagnação.
A maioria que as pesquisas preveem permitiria a Abe, considerado um 'falcão' em matéria de segurança, espaço suficiente para legislar sem grandes empecilhos para suas políticas, que no âmbito internacional passam por reforçar a defesa do território, incluindo as ilhas que o Japão disputa com a China.
Ontem, Tóquio protestou contra a 'invasão' de um avião militar chinês no espaço aéreo das conflituosas ilhas Senkaku/Diaoyu, o que motivou o enviou imediato de vários caças-bombardeiros japoneses como resposta e um novo impasse diplomático entre os dois vizinhos.
Também o lançamento de um foguete de longo alcance para pôr em órbita um satélite por parte da Coreia do Norte esta semana aconteceu em plena campanha, o que respaldaria, segundo os analistas, o discurso de Abe em favor de maiores competências às Forças de Autodefesa (Exército) para garantir a segurança do país.
Às eleições legislativas de domingo, que elegerão por sua vez o novo governador de Tóquio, se apresentaram cerca quase 1.500 candidatos a 480 cadeiras, dos quais 180 serão escolhidos por representação proporcional em listas de partidos e os 300 restantes a um candidato único.
Embora o PD e o PLD sejam os principais, concorrem ao todo 12 partidos, entre eles o populista e conservador Partido Pela Restauração do Japão, do octogenário ex-governador de Tóquio Shintaro Ishihara, que pode ser o terceiro mais votado, com mais de 40 cadeiras.