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Jacarta se torna obsoleta e autoridades pensam em nova capital

Autoridades pensam em manter Jacarta como um centro de negócios, mas construir sede administrativa em outro local

Jacarta, capital da Indonésia: não há mais espaço para desenvolvimento urbano na cidade (Dimas Ardian/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 25 de março de 2011 às 11h00.

Jacarta - A Indonésia avalia transferir sua capital ao constatar que Jacarta, uma das cidades mais povoadas do mundo, chegou ao limite do colapso por suas constantes inundações, a vulnerabilidade aos terremotos, o trânsito carregado e a falta alarmante de infraestrutura.

A capital ostenta o duvidoso privilégio de ser a maior cidade do mundo sem metrô e sua peculiar geografia física - dois quintos da cidade estão abaixo do nível do mar - dificulta em grande medida a melhoria das redes de transporte.

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A ideia de construir uma nova capital não é recente - já havia sido proposta pelo presidente Sukarno em 1945 - e as autoridades tomam como exemplo a Malásia, que transformou Putrajaya na sede administrativa, mas mantém Kuala Lumpur como centro de negócios, ou o modelo do Brasil e Austrália, com Brasília e Canberra, respectivamente.

"Se formos honestos e objetivos, Jacarta já não é ideal", reconheceu o presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono.

O Governo estuda várias opções para o futuro, sendo a mais radical transferir para um lugar mais adequado a Presidência e todas as instituições nacionais.

"Jacarta alcançou seu limite. Não há mais espaço para o desenvolvimento urbano e esta situação tem um grande custo social, econômico e psicológico", defende Sonny Keraf, ex-ministro do Meio Ambiente e professor da Universidade da Indonésia.

De fato, as autoridades da capital calculam que a cada ano a deficiente malha viária represente uma despesa adicional de US$ 3,1 bilhões.

Já quem se opõe à ideia argumenta que esta decisão significaria abandonar a atual capital à sua sorte, renunciar a melhorá-la, mas inclusive os que apoiam a medida não chegam a um consenso sobre o lugar onde deveria ser localizada.


O destino mais provável é a pequena cidade de Palangkaraya, na ilha de Bornéu, com apenas 200 mil habitantes e com espaço para crescer devido às selvas que a rodeiam.

As principais vantagens desta opção são a possibilidade de planejar uma capital praticamente do zero, sua proximidade com países como a Malásia, Cingapura e Brunei, e o fato de que a região está mais protegida dos desastres naturais.

Os maiores inconvenientes são o perigo que representaria para um dos lugares com maior biodiversidade do mundo, além do custo do projeto, aproximadamente US$ 11 bilhões.

Jacarta, com uma população de 25 milhões de pessoas em sua região metropolitana, precisa de uma solução urgente, advertem os especialistas.

Os habitantes da capital, diante da falta de soluções da Administração, tiveram que recorrer ao engenho nesta selva urbana: desde pagar por uma carona para atravessar zonas da cidade que só admitem o trânsito de automóveis com um mínimo de três ocupantes até se oferecer como mototaxistas capazes de ultrapassar perigosamente os automóveis para levar o cliente a tempo a sua reunião.

Enquanto isso, na orla de Jacarta espreita outra ameaça: os geólogos comprovaram que o terreno afunda muitos centímetros a cada ano.

Nesta área, rodeada de construções precárias e barracos a apenas alguns palmos do nível do mar, as inundações são uma constante inclusive na estação seca.

Casman, um indonésio de 36 anos que mora em uma destas casas, explica que os habitantes têm que enfrentar inundações de mais de 80 centímetros todos os dias que trazem restos de comida, resíduos industriais e excrementos.

Se a mudança ocorresse, Jacarta manteria durante um tempo sua influência econômica graças a seu poder comercial e a importância de seu porto, até que as companhias decidissem se transferir à nova capital para se manterem perto do centro administrativo.

Desta forma, começaria o lento declínio de Jacarta, cujo nome anterior, Jayakarta ("vitória completa", em javanês), não garante que seja a capital invicta na história da Indonésia.

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