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Itália e França seguem em pé de guerra. E agora o foco é Leonardo Da Vinci

Já em tensão pela crise migratória e disputas entre nacionalismo e europeísmo, Itália e França tem nova frente de batalha: a cultura

"Homem Vitruviano", de Leonardo Da Vinci, é uma das obras que irá compor a exposição do artista italiano na França (JanakaMaharageDharmasena/Thinkstock)

Gabriela Ruic

Publicado em 21 de novembro de 2018 às 16h01.

Já em pé de guerra por causa da crise migratória e da disputa entre nacionalismo e europeísmo, Itália e França protagonizam uma nova frente de batalha, desta vez na cultura.

A subsecretária do Ministério dos Bens Culturais italiano, Lucia Borgonzoni, do partido ultranacionalista Liga, quer rever um acordo assinado pelo governo anterior, em 2017, que prevê o empréstimo de obras de Leonardo Da Vinci ao Museu do Louvre, em Paris, para uma exposição em celebração pelos 500 anos da morte do artista.

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A mostra acontecerá em setembro de 2019, e a Itália havia aceitado ceder à França temporariamente todas as pinturas e desenhos de Da Vinci em seu poder, à exceção da Adoração dos Magos, que está nas Gallerie degli Uffizi, em Florença, e é irremovível.

Isso incluiria obras célebres do gênio renascentista, como o "Homem Vitruviano", exposto na Galeria da Academia, em Veneza, e a "Anunciação", propriedade dos Uffizi. Mas, segundo Borgonzoni, o novo governo nacionalista da Itália não quer manter o acordo.

"Leonardo é italiano, ele só morreu na França. Ele não é 'Leonardô', como eles dizem, e dar todos esses quadros ao Louvre significa colocar a Itália à margem de um grande evento cultural. É preciso rediscutir tudo. No respeito da autonomia dos museus, o interesse nacional não pode ficar em segundo plano, os franceses não podem ter tudo", disse a subsecretária ao jornal "Corriere Della Sera".

O acordo foi estipulado na gestão do ministro Dario Franceschini, de centro-esquerda, e prevê que, como contrapartida, o Louvre emprestará à Itália obras de Rafael para uma grande exposição sobre o mestre em 2020, em Roma.

Desde a posse do novo governo italiano, em junho, a França virou um de seus alvos preferidos, a ponto de o presidente Emmanuel Macron se colocar publicamente como principal adversário dos populistas, capitaneados pelo ministro do Interior Matteo Salvini, secretário da Liga.

O também vice-premier italiano, por sua vez, já chamou Macron de "hipócrita falastrão" e de "senhorzinho educado que se excede no champanhe". A França acusa a Itália de violar leis internacionais ao impedir o desembarque de migrantes resgatados no Mediterrâneo, enquanto Roma denuncia Paris pelo suposto bloqueio de solicitantes de refúgio na fronteira entre os dois países.

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